Parque aquático

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POV GISELE

- Já arrumou as suas coisas? Não temos o dia todo. - Meu pai falava irritado enquanto entrava no meu quarto.
- Não. Mas já vou arrumar. - Respondi sem tirar os olhos do celular, vê o meu pai irritado me deixava irritada, era como se fosse contagioso o mau humor dele.
Aquilo ia mudar a minha vida completamente, teria danos irreversíveis na minha adolescência, não sei se saberia lidar com tudo que estava prestes a acontecer.
- Já contou aos seus amigos? - Indagou
- Não, pai. Eu não vou contar a eles. - Falei sentindo cada palavra doer no meu peito, era errado, eu sei... Mas eu não sabia como contar, seria horrível pra mim e pra eles, então seria um segredo, por enquanto.

Papai assentiu saindo do quarto e fechando a porta, automaticamente, levantei deixando o celular de lado e começando a arrumar o que tinha pra arrumar, já imaginava o quão difícil seria, mas não tinha escolha, espero que eles consigam me perdoar por um dia.

Tutu: Ei, você está bem? Tive uma ideia maluca de ir ao parque aquático que inaugurou aqui perto, o pessoal todo vai, vamos? Por favoooor.

Meus olhos encheram de lágrimas ao ler aquela mensagem do Arthur, o que eu devo fazer? Ignorar a mensagem ou ir ao parque com eles? Acho melhor ignorar, desliguei o celular logo em seguida pensando na hipótese de algum deles me ligar, eu não queria ser incomodada, já estava sendo torturante receber mensagens deles, ligações doíam mais.

Terminei de arrumar tudo quando o meu irmão, Fael, entrou no quarto com um caminhão de brinquedo dos bombeiros, ele era o que eu tinha de mais precioso na minha vida. Fael não parecia nada comigo, tinha a pele morena, os cabelos pretos e lisos, usava uma franjinha que quase nunca estava arrumada de tão elétrico que ele era, Rafael sempre estava suado e com algum machucado pelo corpo, todos os dias ele caía mais de 3 vezes na casa ou na escolinha, era impossível manter ele quieto.

Agora ele estava correndo pelo meu quarto arrastando o caminhãozinho no chão, fazendo um puta barulho irritante, como ele era sortudo, pois se eu não o amasse, ia dar um chute naquele traseiro pra ele sair do meu quarto imediatamente.
- Cuidado, vai quebrar o brinquedo. - Falei, mas fui ignorada. - Fael, vai quebrar...
Quanto mais eu falava, mais ele corria com o caminhãozinho.
- GAROTO, VOCÊ NÃO ME TESTA. - Falei em um tom alto, e adivinha? Ignorada novamente. Isso não vai ficar assim.
Corri atrás dele, o peguei no colo e joguei ele na cama ouvindo uma gargalhada gostosa, fiz cócegas na barriga dele só pra vê-lo se batendo todo na cama.
- Da próxima vez, você me escuta ou então te encho de cócegas de novo. - Falei divertida e ele me olhava com a expressão cansada, é, realmente o fiz suar de tantas cócegas.
- Não pode fazer isso. - Rafael falava emburrado enquanto saia da minha cama.
- Eu posso tudo, sou sua irmã mais velha.
- Não pode nada. - Ele pegou o carrinho, abraçou e ficou me encarando com cara de puto.
- O que foi? - Perguntei querendo rir daquela expressão dele. Rafael odiava cócegas e não gostava quando interrompiam as brincadeiras dele, quando isso acontecia ele ficava estressado. Vê se pode, uma criança de 4 anos estressada.
Ele nada respondeu, apenas ficou parado me olhando como se planejasse me matar, eu teria que fazer de tudo pra que ele me desculpasse agora... Deus, me ajude.

POV ARTHUR

Ela não me respondeu de novo, olhei mais uma vez o chat e havia milhares de mensagens minhas sem serem respondidas, resolvi da espaço a ela, parecia que Gisele estava pedindo isso silenciosamente, então vou ela deixar em paz.

- Nada? - Amanda me perguntou enquanto abria a mochila pegando um biquíni e indo em direção ao banheiro, estávamos todos na casa dela esperando a resposta da Gisele pra irmos todos juntos, mas...

- Nada. - Respondi decepcionado.
- O que tá acontecendo com ela? Não é justo nos ignorar desse jeito. - Beatriz estava indignada com toda essa situação, mencionou sobre irmos na casa da Gisele mil vezes, mas ninguém queria ser invasivo desse jeito.
- Ai gente, ela quer um tempo, deixem ela. - Henrique era o único tranquilo.
- Um tempo? Estamos sufocando ela então? - Perguntei questionando-o.
- Não, seu idiota. Todos nós precisamos de um tempo às vezes, tempo pra pensar, pra pôr tudo em ordem na nossa cabeça, pra se curtir um pouco, é normal. - Ele falou.
- Ela sempre foi organizada com os pensamentos dela. - Amanda disse saindo do banheiro de biquíne, foi impossível não olhar aquele corpo cheio de curvas.

Talvez eu nunca tenha falado sobre a Amanda, ela era uma morena linda, tinha o cabelo acima dos ombros, cacheado, ela era um pouco menor do que eu, muito atraente, impossível não olhar aquele corpo e desejar, amém melanina.

- Chega de falar sobre a Gisele! - Beatriz falou esgotada levantando da cama. - Todos os dias entramos nesse assunto deixando o clima pesado, eu quero curtir com os meus amigos hoje, será que isso vai ser possível?
- Concordo com ela, hoje é dia de ir ao parque aquático! Sabe quanto tempo não vamos? - Henrique falou todo animado enquanto se juntava a Beatriz.

- Por favor, Arthur, não se afogue. - Henrique ria fazendo o imenso favor de me lembrar da última vez que fomos e eu me afoguei no tobogã.
- Hahaha, muito engraçado. - Mostrei o dedo do meio pra ele e fui me trocar no banheiro. Preciso me divertir e tirar a Gisele da minha cabeça.

Tonight, we are youngOnde histórias criam vida. Descubra agora