Você me quer?

402 32 1
                                    

POV ARTHUR

- E então? O que quer conversar? - Perguntei direto e ansioso. Gisele desviou o olhar do meu encarou o chão, como se tivesse com medo de olhar nos meus olhos, eu não entendia o que estava havendo, mas comecei a ficar com paranóias na cabeça.
- Fala, Gisele! - Falei em um tom alto e ela deu um pulinho assustado, senti vontade de rir daquilo, mas estava muito ansioso pra isso.
- Ai... Eu tô pensando em como te contar isso. - Ela fez um gesto como se fosse falar, mas parou e pensou, parecia que estava tentando encontrar as palavras exatas.
- Se você demorar mais um segundo sequer, eu juro que...
- EufiqueicomaAmanda. - Ela falou rápido demais me interrompendo.
Nesse momento eu sentir o meu coração doer, parecia que meu peito estava sendo esmagado, porque eu tava sentindo aquilo? Ela só ficou com a Amanda, isso é normal, todo mundo pega todo mundo, não é mesmo? Então, Arthur, relaxa.
- Ah... - Soltei sem empolgação alguma e meio fora de órbita - Quando?
- Na hora que você e a Beatriz foram pegar mais bebidas, o Henrique foi ficar um carinha, eu e Amanda ficamos sozinhas, acabou rolando um clima... Eu estava começando a ficar bêbada, ela também, então acabou acontecendo. - Ela falou sem me olhar como se estivesse sentindo uma parcela de culpa nisso. - Vim te contar porque você é o meu melhor amigo, não queria que ficasse sabendo pelos outros. - Agora ela me olhou, parecia sincera. Eu sempre tive um ciúmes obsessivo por Gisele, todas as vezes que eu sabia que tinha algum garoto gostando dela na escola, eu ia atrás dele ameaçando pedindo pra ficar longe da minha amiga. Sempre estudamos juntos e em todas as vezes eu fazia isso. Até essa social Gisele era bv, e saber que ela perdeu o bv com a Amanda me deixou muito puto, mas eu resolvi não demonstrar isso.
- Não sabia que gostava de meninas. - Falei friamente.
- E não gosto, mas aconteceu, só foi um beijo. - Ela falou e eu sentir que ela estava mentindo, então decidir mudar de assunto.
- Henrique ficou com um cara? - Perguntei nada surpreso.
- Sim. Todo mundo sabe que ele é meio gayzinho. - Ela riu
- Meio? Gisele, Henrique é o menino mais gay que já conheci. - Disse em tom de brincadeira e ela riu mais ainda. - Fui ao banheiro, ele me acompanhou e ficou me olhando esquisito. - Ela parou de rir e ficou com uma expressão séria, o cenho franzido.
- Olhando esquisito? - Perguntou respirando fundo.
- É, tinha ido mijar e quando sair da cabine ele olhou pro meu zíper. - Falei e fiz uma careta esquisita, isso fez ela sorrir.
- Henrique é um pervertido, fique longe dele. - Pareceu ter me dado uma ordem.
- Não vou, agora que vou me aproximar mesmo. - Menti, só queria ver ela brava e conseguir, ela arqueou uma das sobrancelhas em desdém.
- Ok. Melhor eu ir. - Disse levantando e pegando a mochila, visivelmente puta. Será que ela também sentia ciúmes de mim? - Marquei de lanchar com a Amanda hoje. - Senti meu sangue ferver.
- Certo. - Levantei rápido e peguei o casaco do chão, eu estava com muito ódio, nem dobrei, só embolei e joguei na mochila puxando o zíper com força que acabou arrebentando. - Merda.
- Vem, me deixa te ajudar. - Ela falou se aproximando e eu recuei alguns passos.
- Não preciso da sua ajuda. - Sem esperar a resposta dela, eu sair apressado. Ouvi ela me chamar mas não dei importância. Disse que não gostava de garotas mas vai lanchar com a Amanda hoje? Ela estava mentindo, eu odeio mentiras.

Desisti de assistir as últimas aulas e fui direto pra casa dormi. Acordei às 14hrs com o meu celular cheio de mensagens.

Rique: CADÊ VOCÊ SEU FILHO DA PUTA? ESTAMOS TE PROCURANDO.
Bea: VOCÊ FOI EMBORA? MANO, A GENTE TINHA UM ROLÊ MARCADO HOJE DEPOIS DA ESCOLA.

Bea: CONSIDERE-SE MORTO.

(Gisele) Minha luz: O porteiro me disse que você tinha ido embora.. Eu posso passar na sua casa às 14:30 pra te ver?

Olhei para o relógio, era 14:07, merda. Mesmo sem resposta ela ia aparecer, conheço Gisele, mesmo se eu tivesse falando que não, ela estaria aqui. Então fui tomar um banho rápido, vestir uma roupa qualquer e desci pra almoçar, estava faminto. Assim que eu terminei de comer ouvir umas vozes e risadas na porta da minha casa, logo em seguida ouvir a campanhia, olhei no celular, era 14:58, deve ser ela. Abrir a porta dando de cara com Henrique, Gisele, Beatriz e Amanda, os quatro com cara de quem estava com um homicídio planejado.
- Acho bom você ter ótimas justificativas pra não ter assistido as duas últimas aulas. - Beatriz falou entrando na minha casa e ficando de frente pra mim. Ela tinha os braços cruzados e uma expressão que dizia "exijo respostas".
- Não estou me sentindo bem. - Não menti, realmente eu não estava bem.
- E porquê não foi falar com a gente? - Foi a vez de Henrique falar, todos já estavam dentro da minha casa, menos Gisele, ela permanecia na porta me olhando esquisito.
- Não queria conversar com ninguém. - Falei sem olhar pra ele, eu estava olhando pra Gisele, não tirava os olhos dela. Ela parou de me olhar e repreendeu um riso, não tinha entendido, até que ela veio andando na minha direção voltando a me encarar, meu corpo gelou com aqueles olhos sobre mim, o olhar dela acabava comigo. Gisele chegou tão perto que sentir a sua respiração nos meus lábios, ela levou a mão até o meu rosto e eu comecei a tremer, estava nervoso, o que ela estava fazendo? E porquê olhava pra a minha boca daquele jeito? Ela foi chegando mais perto e... mexeu os dedos como se tivesse limpando a minha boca, era exatamente o que ela estava fazendo, depois Gisele mostrou o dedo sujo com molho branco do macarrão que eu estava comendo, sorriu percebendo o quão nervoso eu tinha ficado. Meu olhar ainda estava preso ao dela, ela jogou o cabelo pro lado e falou no meu ouvido.
- O que pensou que eu ia fazer? - A voz dela estava diferente, estava rouca, arrastada, sentir o meu corpo todo arrepiar, uma tensão sexual surgiu, eu tinha esquecido de respirar, soltei o ar pesado que estava preso nos meus pulmões.
- Pensei que realmente estivesse vindo limpar a minha boca. - Menti. Minha voz estava trêmula. Ela riu e foi sentar no sofá com os outros.
Nós conversamos, assistimos um filme, tomamos sorvete um sorvete horrível que a mamãe havia comprado, rimos muito quando vimos a cara de Henrique ao descobrir que todo mundo sabia que ele tinha ficado com um garoto, o que não era surpresa pra ninguém. Amanda e Gisele estavam no mesmo sofá, a perna de Gisele estava por cima da perna da Amanda, eu as encarava com reprovação. Um som de chave invadiu o ambiente, imaginei que fosse a minha mãe, olhei para o celular e era 18hrs, era ela. Mamãe entrou e se assustou com os meus amigos na sala.
- Oh, Deus. Oi crianças, não vi vocês ai. - Falou rindo de nervoso.
- Oi tia, Ju. - meus amigos falaram em um coral perfeito.
- Fiquem a vontade, eu não estou aqui, ok? - Ela falou e todos riram, mamãe se aproximou de mim e me deu um beijo na bochecha, eu retribuir com um sorriso.
- Vocês querem ir pro meu quarto? - Falei com receio da mamãe ouvir nossas conversas, meus amigos eram pervertidos. Todos assentiram.

Tonight, we are youngOnde histórias criam vida. Descubra agora