Ladra de doces

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POV ARTHUR, 2018 - Festa da formatura.

Meus amigos me obrigaram a ficar na festa, eu estava tão cansado e envergonhado, fiz um discurso daqueles na frente de todos do colégio, quando a emoção foi embora, fiquei procurando um buraco pra enfiar o rosto. A festa já estava rolando, tinha todo tipo de música naquele salão, alunos que nunca falaram comigo vieram me parabenizar pelo discurso. Era agoniante pra mim ver pessoas desconhecidas vindo me abraçar enquanto eu forçava um sorriso amarelo para todos, tinha uma mesa grande de vidro no canto do salão, olhei pro bife uma, duas, três vezes... Como todos estavam dançando menos eu, resolvi comer pra me distrair, deveria estar animado por ser minha festa de formatura, mas só conseguia pensar na minha cama macia que está me esperando em casa.

Me aproximei da mesa pegando uns cinco docinhos de vez, temi que alguém estivesse me observando, obviamente iam achar que sou um morto de fome, olhei para os lados e vi uma garota na mesma mesa que eu estava, ela tinha o cabelo preto acima da cintura, estavam perfeitamente lisos, a garota tinha a pele bronzeada, olhos castanhos escuros cheios de personalidade, maxilar perfeito e sobrancelhas grossas, maquiagem forte destacando os olhos, vestia um vestido longo preto com decote discreto, por Deus, aquela garota com certeza tinha saído de alguma capa de revista.
Ela me olhava com a expressão assustada, os olhos arregalados, imóvel, eu não percebi, mas olhava pra ela do mesmo jeito, ela usava uma pequena bolsa da cor vermelha, estava aberta, só então percebi o porquê daquela expressão da garota, parece que alguém estava roubando uns docinhos da festa.

- Vai ficar ai me olhando até quando? - Perguntou de forma rude, ficaria te olhando a noite inteira, pensei.
- Até que não é uma má ideia, a não ser que... Você esteja roubando comida da festa e não quer que eu a veja. - Falei divertido no intuito de fazê-la sorri, mas falhei, ela continuava séria me fuzilando com o olhar.
- Está me acusando?! - Ela disse incrédula. Que garota cínica...
- Sua bolsa está aberta, suas mãos estão sujas de chocolate, não estou te acusando, mas olhando pra você agora, eu diria que...
- Olha só garoto, você me conhece? - Ia responder a pergunta, mas ela levantou o dedo indicador me impedindo. - Exatamente. Não me conhece, eu exijo respeito, onde já se viu, eu? Roubando doces de uma festa de formatura? Você é muito folgado! - Aquela garota falava com uma pose de mandona inacreditável. Vocês me julgaria se eu admitisse que tô gostando?
- Está se explicando demais pra quem não fez nada. - Falei dando a mordida em um bombom de chocolate branco, não sou de falar mau das coisas, mas aquilo era muito ruim. Fiz uma careta em desdém procurando o guardanapo para tirar aquela coisa da minha boca, a garota que só faltava tacar uma bandeja na minha cabeça há minutos atrás, agora ria da minha cara de nojo ao comer aquilo, ela tinha um sorriso lindo.
- Bem feito! - Ela ria com a mão na altura da boca e a outra na barriga, a filha da mãe estava quase gargalhando de mim.
- Que droga, esse muito ruim, que recheio é esse? - Falei mexendo no bombom como se fosse um inseto que eu nunca tinha visto.
- Parece recheio de creme com algum fruta nojenta. - Olha só, a desconhecida sabia falar sem parecer que ia me assassinar. - Se eu fosse você, não comia aquele ali também. - Apontou pra uns docinhos que aparentava ser de limão pela cor.
- O que tem de errado com esses? - Perguntei curioso.
- Parece que são de abacate. - Ela falava fazendo uma careta, nem assim deixava de ser linda
- De abacate?! Que nojo! - Falei em quase um grito, quem põem bombom de abacate na festa da formatura? Afinal, quem faz bombom de abacate? Por favor, retire-se da humanidade, maldito pecador.

A garota não me olhava mais com aquele olhar assassino, ela estava bem amigável e gentil comigo, isso era bom.
- Você é daqui da escola? - Perguntei.
- Não. - Ela respondeu enquanto pegava um doce.
- Imaginei, se fosse, eu com certeza não esqueceria do seu rosto. - Falei sem pensar, ela me olhou surpresa e deu um sorriso de lado que foi a minha morte.
- A minha irmã estuda aqui. Vim com a minha família. - Ela apontou pra a mesa em que estava a sua família, havia dois garotos e uma senhora parecida com ela, vou chutar que essa deve ser mãe dela, os outros garotos devem ser irmãos ou primos, não sei, era uma família bonita.

- Qual o seu nome? - Perguntei.
- Me chame de Sanches. - Ela disse com uma postura confiante, como se aquele fosse o nome mais importante do mundo.
- Ok, Sanches, o meu é...

Fui interrompido por Henrique, ele estava suado, aparentemente já havia dançado muito enquanto eu estava ausente.
- Beatriz disse que se você não for dançar com a gente em trinta segundos, ela vem aqui e acaba com a sua vida. - Por que logo agora? Que droga, me virei pra me despedir da Sanches.
- Eu tenho que... - Onde ela tinha ido? Olhei em volta de todo o salão e não a vi, quando ela tinha ido embora? Nossa, mas que droga, Henrique.
- Tava falando com alguém? - Ele perguntou vendo a minha cara de perdido.
- Não... Esquece, vamos dançar! - Falei forçando uma animação que com certeza eu não estava sentindo.

Passei o resto da festa dançando com eles, a Amanda estava passando dos limites com as suas danças esquisitas, era divertido ver aquilo, Beatriz cantava todas as músicas que tocavam, perdi as contas de quantas vezes vi a Beatriz ficando com algumas meninas, eu não julgo as meninas que chegavam nela, ela era perfeita pra caramba, até eu pegaria se não fôssemos tão amigos e ela gostasse de garotos. Depois da festa, combinamos de ir em um barzinho na rua do Henrique, peguei o celular que estava no bolso, vi algumas chamadas perdidas da mamãe, era exatamente 4:27 da manhã, deixei uma mensagem pra ela dizendo que estava vivo e bem, disse pra ela ir dormi despreocupada e que eu chegaria mais tarde que o previsto, espero não entrar em coma alcoólico.

Notas finais: Dêem estrelinha no final do capítulo se gostarem, galero, fiz sobe ameaças dos meus amigos que já estavam quase planejando o meu assassinato por não ter capítulo novo, votem muitoooo.

Tonight, we are youngOnde histórias criam vida. Descubra agora