POV GISELE
Cheguei em casa naquela manhã preocupada com o que meu pai queria falar comigo. Digamos que não nos entendemos muito bem. Quando estamos em casa sozinhos, mal interagimos um com o outro, é como se eu morasse com um estranho. A mamãe vive viajando a trabalho, não tem tempo pra mim e o meu irmão Rafael de 4 anos.
- Bom dia, pai. - Falei entrando na cozinha, ele estava preparando o mingau do meu irmão. - Onde está Fael? - Falei olhando tudo em volta sem encontra-lo.
- No quarto dele dormindo. - Respondeu sem nem mesmo olhar pra mim.
- Certo, o que queria comigo? - Fui direto ao ponto, ele parou o que estava fazendo pra me olhar.
- Precisamos conversar, falo por mim e principalmente por sua mãe. - Ele disse sério e frio, aquilo estava me assustando.POV ARTHUR
Estávamos na aula de biologia, a mais chata que tem, eu estava tão entretido com os meus amigos que era impossível prestar atenção, nós quatro estávamos no fundo conversando sobre as coisas que aconteceram quando não nós falávamos, era cada novidade que eu nem acreditava, Beatriz estava quieta e raramente participava da conversa. Vi o barulho da porta da sala abrindo e uma Gisele entrando desesperada, provavelmente por estar atrasada. Ela veio com um sorriso lindo caminhando nossa direção.
- Então já fizeram as pazes? Isso me deixa muito feliz. - Gisele falou sentando-se ao meu lado e me encarando com aquele olhar sorridente, ela estava estranhamente feliz.
- Difícil ficar sem falar com esse vacilão. - Henrique falou sorrindo pra Arthur.
- Por que se atrasou hoje? - Beatriz perguntou.
- O meu pai que queria conversar comigo, tive que passar em casa antes de vim pra cá. - Todos olharam pra Gisele, fizeram "Hummm" em um coral perfeito.
- Não dormiu em casa? Hum... - Amanda falou e olhou pra mim, corei na hora.
- O que seu pai queria? - Beatriz perguntou cortando a Amanda.
- Nada demais, coisas de pai, sabe? - Ela respondeu abrindo a mochila e pegando alguns materiais.
Marcamos de ir depois da escola comer pastel, e fomos. Era 15hrs quando todos foram embora deixando apenas eu e Gisele sozinhos. A moça que vendia pastel tinha uma barraquinha na esquina da rua, havia uns banquinhos para os clientes sentarem, era tão simples e aconchegante.
- Thur... - Gisele falou me tirando dos meus pensamentos.
- Oi.
- Quer ir lá pra casa? O meu pai não está. Tô precisando de um banho. - Gisele disse divertida e inocentemente.
Sorri involuntariamente, é claro que eu iria.Fomos a pé até a casa da Gi, no caminho conversamos sobre tudo, Gisele era aquele tipo de pessoa que te deixa confortável pra falar sobre o que quiser, literalmente o que quiser, e isso era tão bom, eu só me sentia assim com ela. Por um momento senti medo de perder aquilo com ela, essas conversas bobas, essa paz gostosa que só a minha melhor amiga conseguia transmitir pra mim. Tentei afastar meus pensamentos ruins e quando percebi, já estávamos na porta da casa dela, estranhamos quando vimos o carro do pai dela estacionado ao lado da casa.
Entramos e estava tudo em um absoluto silêncio, um silêncio que visivelmente a incomodava. Estávamos na sala, eu estava sentado no sofá enquanto ela pegava água na geladeira pra a gente.
- Tem certeza que não quer suco?
- Tenho, tô com calor. - Falei levantando a camisa pra enxugar o suor que insistia em deixar a minha testa úmida, eu odeio suar, me sinto sujo.
Gisele me deu um corpo grande a água, devorei em segundos.
- Temos visitas?
Me assustei com a voz grave do pai de Gisele, o senhor Hélio, ele descia as escadas com passos firmes. Hélio era alto, cabelos grisalhos e tinha a personalidade forte, ele me intimidava as vezes, mas eu nunca demonstrei medo dele, aquelas sombrancelhas arqueadas e olhar ameaçador não me deixavam com medo.
- Boa tarde, senhor Hélio. - Falei levantando do sofá.
- Trouxe o Arthur pra passar a tarde aqui, tudo bem pro senhor? - Gisele perguntou receosa, como se temesse a resposta do pai.
- Sim, só pretendo ser avisado com antecedência da próxima vez. - Ele fez uma pausa e se sentou no outro sofá.
- Então, Arthur, onde você levou a minha filha depois da escola? Voltaram tarde. - Ele não tirava os olhos do meu, parecia que queria me matar com o olhar.
- Arthur não me le... - Gisele começou mas foi interrompida.
- Eu estou falando com o seu amigo, Gisele. - Hélio falou em um tom mais alto assustado ela.
- Fomos comer pastel, nós dois e outros três amigos. - Falei tranquilamente olhando nos olhos do pai da Gisele, que de alguma forma, estava tentando me dar medo.
- Ok, a conversa tá boa mas o Arthur precisa ir, não é? - Ela falou me fitando como se tivesse desesperada.
Gisele saiu da cozinha indo em direção a porta, abrindo-a e me esperando impaciente.
- Até depois, senhor.
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Tonight, we are young
FanfictionE é por isso que amigos devem dormir em camas separadas E os amigos não devem me beijar como você me beija E eu sei que há um limite para tudo Mas meus amigos não me amam como você Não, meus amigos não vão me amar como você Oh, meus amigos nunca vão...