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Sábado || 11:48 PM || 06/03/1978 


SOPHIE YAMADA


Desde que Robin tinha me pedido carona, eu já sabia o que ele iria dizer no carro. 

- Me desculpa... Eu não queria... - O interrompo. 

- Tá tudo bem, Arellano. Eu te devia uma mesmo. - Digo, colocando o cinto de segurança. 

- Desculpa mesmo... - Ele coloca o cinto de segurança, falando. 

- Já falei que tá tudo bem! - Piso o pé no acelerador.

Nós aceleramos nas ruas escuras de Denver. Nem era de madrugada ainda, mas já sentia como se fosse. 

Por mais que "tivesse que ser" constrangedora a presença de Robin do meu lado, eu estava tranquila. Só levemente nervosa, com um sentimento estranho na barriga... ERAM BORBOLETAS? IMPOSSÍVEL. 

Estava percebendo meu rosto esquentando... NO CARRO NÃO! EU PRECISAVA ME CONCENTRAR!

- Tá tudo bem, Yamada? - Robin pergunta, descansando a mão na minha coxa, olhando para mim mais de perto. - Parece nervosa. 

Ele estava fazendo de propósito, não é possível. 

- T-Tá! Lógico! P-por que não estaria? - Gaguejo sem querer... MERDA! 

- Você tá gaguejando, Sophie. - Robin afirma. 

- Sai, Arellano! Eu em! - Tento disfarçar o nervosismo dele naquela proximidade. 

- Não tem como eu sair do carro... Ou tem? - Ele diz, movendo o olhar para as ruas desertas, enquanto meu corpo explodia muitas emoções diferentes ao mesmo tempo. 

- Isso foi retoricamente! - Tento me explicar. 

Nós, mais eu do que ele, ficamos quietos o resto do caminho inteiro para a casa dele. Eu estava tremendo muito, mal conseguia dirigir direito. 

- Quer que eu dirija? - Ele oferece. 

Eu estava nervosa, queria negar. Mas eu percebi que aquele era o melhor caminho a seguir. 

- Aí, quero! - Já dou minhas manobras para estacionar o carro em um lugar vazio. 

Estaciono o carro e logo desço, entregando as chaves para ele. 

- Tenta não nos matar. - Me sento no banco do carona. 

- Não garanto... MAS, pode ter certeza que eu sou um motorista BEM melhor que você. - Ele coloca o cinto de segurança. 

- Idiota... - Resmungo, colocando meu cinto também. 

Ele dá uma risada nasal e pisa o pé no acelerador. 

Nós aceleramos, mas de forma moderada. De certa forma, ele não era um motorista TÃO ruim assim...

Ele segue em direção a casa dele e, mesmo sem estar dirigindo, presto muita atenção no trânsito, para não correr riscos. 

De certa forma não, ele era um ÓTIMO motorista. Mas era um babaca. 

- Por que você falou pro Bruce que eu era bonita, mesmo ficando com outra garota? - Solto minhas dúvidas. 

- Eu te achei gatinha, Sophie! E eu e a Ellen não tínhamos nada sério! E eu deixava isso claro para ela! - Ele me explica. 

- Mesmo assim, Robin! Isso não foi legal! - Contra argumento. - Já imaginou como ela pode ter ficado? 

- Sophie, ela era MUITO obcecada! É, até hoje! - Ele começa a se estressar. 

- Tá, tá, Arellano. Eu passei esses três anos odiando você. Por que não mais? - Digo, não olhando para ele. 

O mesmo não responde. E continuamos o resto do caminho calados.


ROBIN ARELLANO  


Nós passamos o resto do caminho quietos. Eu sabia que a Sophie me achava um babaca... Mas não tinha argumentos para "rebater". 

Quando chegamos na minha casa, saio do banco do motorista, e ela sai do carro para trocar. 

- Tchau, Yamada. Desculpa de novo! - Digo, andando e me aproximando da minha casa. 

- Tchau, Arellano. - Me despeço, já acelerando de novo. 

Aquilo era confuso. Eu sentia que "odiava" ele por nada.

Ele nunca fez nada direcionado a MIM. Só tinha me chamado de gata. Só isso. E, não era uma coisa ruim, né?

Eu estava mais calma dessa vez. Mesmo assim, tenho cuidado dirigindo. 

Coloquei "I Was Made For Lovin' You" para tocar. Mesmo estando tarde, eu não liguei só deixei meu coração me guiar para casa, enquanto eu cantava, BEM ALTO. 

Chegando em casa, acendo a maioria das luzes. Eu estava sozinha mesmo... Não fazia mal. 

Vou até o meu banheiro, tomo um bom banho e coloco meu pijama quentinho e desço as escadas, para comer alguma coisa. 

Chegando lá, vejo uma pipoca de micro-ondas. Me deu vontade de assistir um filme depressivo, abraçada na minha gata e no meu cachorro. 

Pego a pipoca e coloco o pacotinho no micro-ondas, seguindo as instruções. 

Dito e feito. Pego um energético em lata na geladeira, chamo meu cachorro e minha gata para subirem comigo até o quarto. 

Thor, um Pitbull, se deita do meu lado na minha cama, enquanto minha gatinha laranja, Star, se aconchega no meu colo. 

Eu coloco a luz do meu quarto na cor roxa, e ligo a tv. Colocando um clássico, Titanic. EU AMO. 

Pego meu balde de pipoca, e deixo do meu lado, focada no filme. 


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Olhos Puxados || Robin ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora