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Segunda-Feira || 08:26 AM || 21/06/1978 


ESSE CAPÍTULO PODE CONTER GATILHOS PARA TRANSTORNOS ALIMENTARES, EMOCIONAIS E AUTOMUTILAÇÃO!


ROBIN ARELLANO


Eu andava pensando muito no que a Sophie havia passado comigo aquele dia, de falar que estava "pesada". Eu tinha certeza que alguma coisa estava acontecendo e ela não queria me contar. 

Eu não iria forçá-la a contar nada, mas a minha curiosidade era enorme. 

Hoje é o dia das nossas aulas de reforço, ela vai ser a minha nova tutora em matemática. 

Eu acordei meio atordoado, atrasado, como sempre, não havia dormido muito bem, pensando no que Sophie poderia estar escondendo. 

Vou até o banheiro, fazendo oque tinha que fazer lá, ajeitando o meu cabelo e já colocando a minha bandana clássica na cabeça. 

Desço as escadas, já havendo trocado de roupa, pegando somente uma maçã de café da manhã, saindo de casa correndo para não perder o horário. 

Chegando na escola, Sophie já estava na sala. O seu braço não tinha mais a faixa, e ela estampava um sorriso cansado, mas feliz de estar de volta, no rosto. 

Ela vira os seus olhares para mim, alargando mais ainda o sorriso. Essa garota me faz sorrir ainda mais. 

Me sento ao seu lado, por a primeira aula ser ciências e eu ser a sua dupla, passo meu braço pelo seu ombro. 

- Oi. - Abro um sorriso. 

- Oi. - Ela sorri, encostando a cabeça no meu ombro. 

- Tudo certo para a nossa aula hoje? - Pergunto para ela. 

Olha, para ser sincero, eu não me importava nem um pouco com aquelas aulas idiotas, só era mais uma oportunidade de ficar perto da Sophie.

- Na verdade... eu fui substituída. Os professores achavam que eu não ia voltar, então me substituíram. Vai ser a Ellen que vai te dar aula. - Ela afirma. 

Meu sorriso se desmancha na hora que eu escuto aquilo. 

Além de não ser a minha garota que me orientaria nas aulas, seria uma garota que eu tive um caso HÁ MUITO TEMPO ATRÁS, e ainda vivia correndo atrás de mim, minha vida iria virar um inferno. 

- Como assim..? Mas, o combinado era você... - Tento justificar, indignado. 

- Eu sei, gatito... Mas não tenho o que eu fazer agora... - Ela fala, com tristeza. 

Eu abro os braços para um abraço, e a manga do moletom dela se levantam um pouco em seu braço, deixando evidente algumas cicatrizes em seu antebraço... 

Já tinha me ligado de muita coisa. Aquelas cicatrizes eram propositais, eu tinha certeza disso.

Um aperto no peito, que não era físico da força do abraço, surge em mim. Eu queria tanto perguntar o que havia acontecido e a proteger em meus braços para sempre... mas eu sabia que, no meio de uma sala de aula, não era o melhor lugar para ter uma conversa profunda como eu gostaria... vou esperar o melhor momento.

Naquele momento, nem a Sophie entendeu porquê meu abraço ser tão apertado e demorado, mas retribuiu-o mesmo assim. Ela estava relaxada em meus braços, enquanto eu acariciava as suas costas gentilmente. 

Aquele abraço estava significando tantas coisas que eu queria falar mas não podia para ela naquele momento, eu só queria verbalizar tudo o que aquele abraço transmitia. 

Mas, como todos os momentos bons acabam, a professora entra em sala e todos somos obrigados a voltar para nossos lugares. 


SOPHIE YAMADA


Eu realmente não entendi porquê que Robin me abraçou tão forte daquela maneira. Será que ele está triste com alguma coisa? As nossas aulas juntos sendo canceladas o afetou tanto assim?

De qualquer forma, foi legal. Eu amo estar com ele, mesmo da forma mais estranha que seja. 

A aula era de ciências, e Robin era a minha dupla. 

Tenho certeza que ele não me deixaria prestar atenção na aula para ficar me perturbando. (Vamos fingir que eu não gosto disso)

- Bom dia, queridos! Espero que vocês tenham tido um ótimo final de semana! Começando a aula de hoje na página 128 da apostila de vocês! - O professor fala, ligando o projetor que passava os slides da aula de hoje. 

Sinto uma mão gelada em minha coxa, já não tendo dúvida nenhuma de quem era. 

Robin. 

Olho para o lado e o vejo dando um sorrisinho de canto, enquanto acariciava minha coxa com o polegar. 

Não consigo evitar um sorrisinho também, tentando prestar atenção na aula. 

Estava tudo bem nos primeiros 30 minutos de aula, até que recebo um papelzinho no meu colo, quando escorregando pela saia. 

"Minha casa hoje depois da aula?" 

Olho para ele, sorrindo e assentindo com a cabeça, o que me responde com um sorriso radiante e um piscar de olhos de um olho só. 


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Olhos Puxados || Robin ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora