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Terça-Feira || 12:06 AM || 15/06/1978


ESSE CAPÍTULO PODE CONTER GATILHOS PARA TRANSTORNOS ALIMENTARES E EMOCIONAIS!


SOPHIE YAMADA


Eu e ele ficamos dançando, agarradinhos um no outro, por volta de 1 hora. Meus pais e meu irmão iriam chegar só no dia seguinte, então, não precisávamos ter cuidado com o horário. 

Eu poderia faltar a semana toda de aula, se eu quisesse. 

Com certeza, iria demorar eu pouco para eu voltar a andar na rua sozinha, pelo trauma. Decido aceitar a oferta. 

Eu voltaria na segunda-feira da semana seguinte, e Robin iria ficar comigo hoje, pela situação dos meus pais. 

- Cansei. - Digo, soltando-o do abraço, me jogando na cama de barriga para cima. 

- Podemos fazer isso mais vezes, não acha? - Ele sugere, tirando o disco do toca-discos, guardando o disco. 

- Acho. Foi muito legal. - Concordo. 

Robin sorri, se deitando em cima de mim, me abraçando e colocando o rosto em meu pescoço.

- Eu já falei o quanto eu estou aliviado de você estar aqui comigo? - Ele pergunta. 

- Já. Muitas vezes. - Sorrio, fazendo carinho em seu cabelo. 

- Pois eu falo de novo. Ainda preciso de uma tutora de matemática. - Robin fala. 

- Infelizmente, você ainda tem ela. - Falo. 

- Para mim, é felizmente. - Ele afirma. 

Deixo escapar mais um sorrisinho. 

Ele, inesperadamente, se joga para o lado, ainda abraçado em mim, fazendo eu ficar por cima dele. 

- Robin!! - Exclamo, o fazendo rir.

- O que houve, gatita? - Ele pergunta, ainda em meio a risadas.

- Não  está muito pesado aí não? - Pergunto. 

- Nem um pouco. Por que estaria? - Robin parece se preocupar com a minha pergunta. 

- Sei lá... - Escondo o que realmente era. 

Eu havia passado por alguns problemas de distorção de imagem e transtorno alimentar compulsivo. Eu sempre sofri bullying por ser um pouco acima do peso, ou melhor, ser menos magras em comparação as garotas da minha idade. 

Há uns 2 anos atrás, eu já tive episódios de compulsão muito intensos, de comer muito de uma vez. O que me fazia me sentir culpada por simplesmente enfiar qualquer alimento na boca. Então, eu comia muito pouco nas refeições principais, e comia igual a uma maluca no intervalo delas. 

Nesse meio tempo, eu também tive transtorno alimentar restritivo. O que me fazia parar de comer por vários dias, me sentindo culpada por qualquer coisa que eu ingeria. Eu emagreci muito, mas nunca consegui me ver magra. 

Até hoje tenho problemas com a comida. Tenho alguns episódios compulsivos de vez em quando, mas consigo me controlar melhor do que antes.

- Tem alguma coisa que você quer me contar, Sophie? - Robin pergunta, preocupado. 

- Hm? - Volto a realidade.

- Tem alguma coisa que você quer  me contar? - Ele repete a pergunta. 

- Não... - Afirmo. 

- Tem certeza? - Ele reforça a pergunta. 

- Sim, Robin, Tá tudo bem. - Digo, ainda com firmeza.

- Ok então. - Ele respeita minha resposta, mesmo sabendo que eu havia alguma coisa para falar.

Nós ficamos abraçadinhos assim por um tempinho, até que eu acabo adormecendo em seus braços, com as mãos entrelaçadas no pescoço do garoto, enquanto ele envolvia os braços em minha cintura, a acariciando levemente. 


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Olhos Puxados || Robin ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora