~Marrentinhos também choram.~

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Quinta-Feira || 05:09 PM || 24/06/1978


SOPHIE YAMADA


Esse vai ser o dia mais triste e emocionante da minha vida. 

Já havia saído de casa, depois de arrumar minhas malas, e me arrumar para ir ao aeroporto. 

Eu estou exausta. Fizeram uma surpresa para mim ontem a noite, de despedida. 

Ganhei um perfume CARÍSSIMO da Gwen, que eu espirrei no meu corpo todo de tão apaixonada que eu estou pelo cheiro. 

Do Vance, eu ganhei uma garrafa de vodca. Mesmo que eu seja menor de idade, era um presente clássico do meu amigo. 

Finney me deu um suéter, ele mesmo bordou um "S" nas costas, e, na lombar, estava bordado: "North Denver, 1978."

Bruce havia me dado o nosso burn book, que nós falávamos mal de TODO mundo que não gostávamos. Eu devo ter umas 20 páginas falando que não gostava do Robin. E, mais um álbum de fotos nossas. 

Eu estava levando 4 malas. Uma com roupas, outra com todos os meus "necessários" (maquiagem, livros e etc), uma com todas as minhas memórias, e outra com coisas da escola e documentos. 

Meus pais que estavam dirigindo o carro. Eles sabiam de todo o lance do intercâmbio e me apoiaram sempre, por mais que não convivessem comigo. 

Eles não faziam ideia do quanto doía deixar todo mundo que você ama. Eles já estavam tão acostumados com isso que... nem ligam mais. 

De qualquer forma, o carro de Vance, que levava Robin, Gwen e Finney, está atrás do nosso. 

Bruce estava do meu lado, escutando música no mesmo fone que eu. 

A sensação era estranha. Saber que eu não veria o meu irmão, que eu convivo todos os dias por mais de 15 anos, era uma tortura. 

Bruce passava o braço pelo meu ombro, e eu relaxei a cabeça no ombro dele. 

A música que estava tocando era "Tumblr Girls - G-Eazy". 

Eu lembrava do Robin com aquela música, não sei porquê. 

Quando chegamos no aeroporto, eu já conseguia sentir o friozinho na barriga de uma vida nova me esperando. 

Meus amigos estavam logo ali, me esperando embarcar, com lágrimas nos olhos. 

Robin tentava se mostrar forte, mas era inútil. Marrentinhos também choram. 

Meus pais estavam lado a lado, olhando para mim. Não era a primeira vez que eles iriam passar MUITO TEMPO sem me ver, então, não sofreram TANTO quanto meus amigos. 

Vance foi o primeiro a me abraçar. 

- Tá me ouvindo? - Ele fala no meu ouvido, ainda no abraço. 

- Claro. - Falo, como se fosse óbvio. 

- Se algum merda te oferecer alguma coisa que eu ofereceria, nega e dá um soco na cara. Promete que faz isso por mim? - Ele pergunta. 

Eu e Vance tínhamos uma relação de irmãos. Nós raramente nos falávamos, mas quando a gente parava para se falar... parecia que éramos irmãos de outra mãe. 

- A parte do soco na cara, eu não posso garantir... mas negar, eu prometo. - Falo, sorrindo para ele, apertando o abraço. 

Eu e Vance ficamos uns 2 minutos abraçados, até Gwen vir me abraçar. 

Sinto lágrimas caindo pelos meus ombros. Gwenny estava chorando. 

- Eii, minha princesinha... Tá tudo bem, ok? Eu vou voltar... - Falo, enquanto apertava o abraço dela. 

- Vai ser 10 meses, Yamada! Não é tão rápido como você tá falando! - Gwen fala entre soluços. 

- Eu sei, minha princesa... mas a gente vai ficar se falando por chamadas de vídeo... a gente vai ficar o dia inteiro trocando mensagens... ok? Quando eu voltar, juro que não desgrudo de você. - Afirmo. 

- Promete..? - Ela pergunta, olhando para mim. 

- Prometo. - Sorrio, contendo minhas lágrimas. 

Gwen fica mais alguns segundos abraçada com força comigo. 

Finney me abraça logo em seguida, ficando um BOM tempo abraçado em mim. 

- Você vai fazer falta, filhinha da diretora... - Ele fala, brincando, ainda no abraço.

- Óbvio que vou. Você me ama. - Falo, brincando, enquanto ele ri em meio a lágrimas. 

Bruce me abraça com toda a força do mundo, chorando horrores. 

Meu irmão sempre foi emotivo. Não era muito difícil fazer ele chorar. 

As lágrimas do meu irmão mais velho, caíam como agulhas na minha pele. Por mais que não fosse muito difícil de ver Bruce chorar, doía muito. E, eu me sentia culpada por estar sendo o motivo de fazer ele chorar... 

- Por que você tem que ir embora, sua filha da puta..? - Ele me xinga, aos prantos, agarrado em mim. 

- Eu vou voltar, meu japinha... - Falo acariciando as costas dele. 

Meu irmão não parava de chorar, e aquilo doía para cacete. 

Meus pais tiveram que tirar Bruce de cima de mim para Robin me abraçar. 

Robin me abraçou com muita força, deixando algumas lágrimas escaparem. 

- Eu te amo, para caralho mesmo. - Ele fala, afrouxando o abraço e olhando nos meus olhos. 

- Não preciso nem dizer para ficar claro que EU TE AMO, meu marrentinho - Falo com uma entonação mais firme o "eu te amo", sorrindo para ele. 

- Vou sentir tanta falta dos seus olhinhos puxados... - Ele diz, enquanto olhava para os meus olhos. 

- Eu vou sentir falta de tudo em você, meu marrentinho. - Falo, sorrindo, vidrada nos olhos marejados dele. 

- Porra... Eu odeio chorar na sua frente... - Ele fala, tentando limpar seus olhos. 

- Marrentinhos também podem chorar, meu amor. - Falo, acariciando a bochecha dele. 

Robin cola nossos lábios como se fosse a última vez. O beijo não foi intenso. Mas foi incrível. Foi preenchedor. Todo aquele medo de perder ele, sumiu. 

Lágrimas escorriam pelo meu rosto e pelo dele. Enquanto minha família (A biológica e a do coração) me envolvia em um abraço coletivo em volta de nós...


...

Olhos Puxados || Robin ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora