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Sexta-Feira || 08:48 PM || 12/06/1978 


ROBIN ARELLANO



Vou até um cantinho mais afastado da festa, e vejo Vance, um de nossos amigos, bebendo nos copos da festa, achei que não fosse fazer mal pedir um pouco... Né?


- Ei, Hopper! Tem alguma aí sobrando? - Pergunto, me aproximando do loiro.


- Ah, Arellano... Acho que não é uma boa ideia... - Ele tenta dizer, mas pego um dos copos em uma pequena mesa ali e dou um longo gole na bebida, que desceu queimando pela minha garganta. - Caralho, isso é forte né?


- Nem te conto, meu amigo... - Vance bebe mais um pouco do seu copo, ele estava amigável demais... Deve ser a animação do baile... Que seja...


Saio daquele canto com dois copos na mão, eu não tinha ideia do que era aquilo, mas me deu na telha que eu queria oferecer para a Sophie, parece que ela estava com sede depois da valsa.


Comecei a procurar a Sophie, olhando para todos os cantos daquela pista de dança. Nada. 

Decido  procurar em outro lugar, meio improvável, mas ela adorava aquele lugar.

Vou para trás da escola, com os dois copos na mão. Minha visão começou a ficar meio torta e eu não pensava direito o que estava fazendo, só ia por instinto. 

- Sophie? - Pergunto, ao ver ela sentada em um banco que lá havia, com as mãos na cabeça.

- O que foi? - Ela "volta para a realidade", olhando para mim. 

- Vim aqui te oferecer, 'cê' parece com sede. - Indico o copo para ela. - Eu experimentei, é uma delícia. 

- O que é isso? - Ela pergunta, pegando o copo da minha mão, e analisando o aroma da bebida. 

- Sei lá. O Hopper que me entregou. - Digo, enquanto ela dava um longo gole na bebida. 

- O VANCE? - A garota se assusta. 

- É, ué. Não tem outro Hopper na escola, que eu saiba. - Dou outro gole na minha bebida, que desce queimada na minha garganta, me fazendo fechar os olhos com força. 

- Que seja, estou morrendo de sede da mesma forma... - Ela bebe mais um pouco pelo seu copo. 

- O que você veio fazer aqui? - Não aguento de curiosidade, e não pensava muito no que estava falando. 

- Por que isso te importa? - Ela bebe mais um pouco, evitando contato visual. 

- Calma, gatinha... Não vou obrigar você a falar nada. - Logo que percebo o que falei, não faço nada para interferir... Mas me arrependo na hora. 

- Robin?? 'Cê' tá bem? - Ela olha para mim, meio confusa. 

- Eu? Estou ótimo. - Digo, mesmo não tendo tanta certeza assim. 

- O que tinha na sua bebida? - Ela pergunta. 

- Não faço ideia. - Dou mais um gole, em meio de risadas. 

Logo, perco totalmente a noção do que estava fazendo e me sento do lado dela, apoiando a mão na sua coxa. 

- O que você tá fazend... - Interrompo ela. 

- Posso te fazer umas perguntas? - Olho para o rosto dela, dando leves apertadinhas em sua coxa. 


SOPHIE YAMADA


- Pode..? - Respondo, ainda bem confusa com a situação. 

O toque dele me arrepiava inteira, tenho quase certeza que ele apertava aquela mão de propósito. 

- Você ficaria comigo? - Ele tira a mão da minha coxa e coloca em meu rosto, me fazendo olhar para ele. 

- Robin, por que a pergunta? - Pergunto, extremamente nervosa. 

- Quero a minha resposta, Yamada. - Ele diz, olhando para os meus lábios com um sorrisinho no rosto.

- Talvez... - EU DISSE ISSO MESMO? 

- Por que não aproveita? - Ele aproxima mais o rosto para perto de mim. 

- Robin... eu... - Ele me interrompe. 

- Fica comigo, Sophie. Eu vou ser um namorado muito melhor que aquele bosta do Alex! Ele não merece nem um pingo de você! Ele não merece esses olhos puxados que hipnotizam quem passar perto. Ele não merece esse sorriso que brilha mais que globo de discoteca. Ele não merece VOCÊ! - Robin diz, olhando fixamente nos meus olhos, que mostravam confusão. -  Me deixa tentar, Sophie... Eu juro que... 

E então eu o interrompo com um beijo. Um beijo verdadeiro. Um beijo sem ter sido para escapar de qualquer situação. Um beijo voluntário. Um beijo bom. 

Como ele estava sentado, consequentemente, me leva para o colo dele com toda a gentileza e educação do mundo, sem parar o beijo intenso que compartilhávamos, o beijo de sentimentos mútuos. 

Eu não estava mais pensando no que estava fazendo... O que tinha naquele copo? Que se foda, eu só ligava para o beijo incrível que estava acontecendo naquele momento, eu poderia ficar aqui para sempre... 


ROBIN ARELLANO


Eu consegui... A garota que eu gosto tá me beijando mesmo. Finalmente, meus cenários fictícios saíram da minha mente e estão acontecendo de verdade. 

- Sophie... Isso é real? - Pergunto para ela, realmente perguntando se aquilo estava realmente acontecendo. - Ou está acontecendo na minha cabeça? De novo. 

- Claro que isso está acontecendo na sua cabeça, Robin. Mas não quer dizer que não seja real. - Ela olha profundamente nos meus olhos. 

Puta merda... Que olhos lindos. Aqueles olhos que eu sempre admirei de longe, estão agora, fixos nos meus... Eu não quero que esse tempo acabe nunca. 

- Você é tão linda... Porra, seus olhos tem alguma magia? Você usa algum tipo de hipnose? Eles são os mais lindos que eu já vi na vida... - Eu digo, compartilhando meus pensamentos com ela. 

- O que você vê demais nos meus olhos? São só simplesmente olhos castanhos. - Ela afirma, ainda olhando fixamente nos meus olhos. 

- Eles são puxadinhos... Tão lindos! Eu poderia ficar olhando para eles o dia todo... - Afirmo. 

Ela me puxa e cola nossos lábios novamente. Aquilo era tão bom... Tão bom... 

O beijo dela tinha gosto de morango... Pode ser o gloss, ou a bebida misteriosa que ela estava ingerindo. Só sei que era bom. Sentir o seu toque e suas unhas cravadas na minha nuca, a arranhando devagar era maravilhoso... Nunca senti nada como isso antes. 

Aquelas garotas que eu ficava antes, nunca me traziam aquele sentimento que a Sophie me trazia. Era... Amor? 

Que confuso... Eu sei o que eu estou falando mesmo? Sei lá. Que se ferre, eu estou aproveitando um momento incrível com a minha garota. 

- Desde quando você gosta de mim, Robin? - Ela diz, logo após separar os nossos lábios. 

- Há muito tempo, Sophie... Muito tempo. Mas eu tinha medo de falar para você e você me dar um fora... - Confesso. 

Eu não estava nem pensando no que eu falava... Só... Confessei o que tinha para confessar. 


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Olhos Puxados || Robin ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora