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Quarta-Feira || 11:50 AM || 10/06/1978 


SOPHIE YAMADA


O resto dos dias desde que eu e Robin "fizemos as pazes" foram ótimos. 

Eu gostava de ter alguém para encher o saco, mas Robin Arellano era um bom amigo. 

Nós passamos a conviver bastante nesses últimos dias, indo para a escola  juntos e tal. 

A final... Era para nós fazermos as pazes, não é mesmo? E tá dando certo... 

 Sábado nós vamos para a casa de praia dos meus pais. Acredito que o Arellano vá também. 

Naquela semana, o foco era o BAILE DO COMEÇO DO QUARTO BIMESTRE. Que iria acontecer daqui DOIS DIAS, naquela sexta-feira. 

Era hora dos ensaios, que haviam começado ontem. 

A diretora havia explicado tudo. 

Nós nos posicionávamos naquela quadra, onde iria ser a dança no dia do baile. 

Movimentos simples. Mãos do menino na cintura da menina e mãos da menina nos ombros do menino. Simples. Ou não. 

"E as pessoas LGBT?" A diretora só pediu para que eles dançassem juntos. O resto do baile ela não se importa o que cada um está fazendo. 

O que podia ser um absurdo... Mas ninguém queria discutir com a diretora sobre. 

Quando eu e Robin chegamos no nosso lugar, suas mãos na minha cintura me traziam arrepios como se fossem fontes elétricas pelo meu corpo todo. Por mais que eu estivesse de moletom. 

Posiciono minhas mãos nos seus ombros, o que (que eu saiba) não o causou muito efeito  quanto eu. 


ROBIN ARELLANO


Aquelas mãos nos meus ombros me causavam arrepios por todo lugar, por mais que eles estivem completamente cobertos. 

Tento não demonstrar muito, para não parecer "emocionado" ou nada do tipo. 

Ela parecia estar tranquila. 

Isso teria sido muito mais difícil se nós tivéssemos feito as pazes antes, confesso. 

- Pronta? - Pergunto assim que a música começa. 

- Pronta. - Ela fala, com firmeza. 

Nós começamos a seguir os passos que a diretora nos ensinou. Aos poucos, a quadra inteira se mexia em círculos de adolescentes dançando. 

Meus olhos se fixam nos olhos dela. Aqueles olhos puxados sugavam a atenção do resto do mundo. Eu podia ficar horas olhando para aqueles olhos. 

- Bate foto que dura mais. - Ela comenta, ao perceber que só faltava eu babar. Ela começa a rir. 

- Cala a boca. - Desvio o olhar e não consigo evitar um sorriso de canto. 

Ela ri com a minha  reação. E... Caralho. Que risada boa de se ouvir... PAROU, ARELLANO! 

Aqueles pensamentos voltam novamente... Eu gostava da Sophie? 

Ela estava se aproximando de mim? Ou eu estou ficando maluco?

Até que ela fica claramente bem perto do meu rosto, ela vai me beijar? 

De repente... Ela tira um fio de cabelo do meu olho. 

QUE MERDA! EU TENHO QUE PARAR DE PENSAR NISSO!

- Que foi, Arellano? - Ela pergunta. - Parece nervoso...

- Eu? Estou de boa. - Forço um sorriso. 

PUTA MERDA! EU GOSTO DELA MESMO? 


SOPHIE YAMADA


Ele estava tremendo. Nervoso por quê? O que tá acontecendo? 

Até que a música acaba. 

- PERFEITO! - A diretora grita. - LIBERADOS PARA O INTERVALO! 

E assim, todos desesperados saindo da quadra. 

Eu vou até a arquibancada e pego minha garrafa de água. Porém, sinto dois braços na minha cintura, me virando. 

- Vamos de novo? Eu não peguei a coreografia direito...  - Robin diz, colocando o play na música em seu celular. 

Não consegui negar... Coloquei meus braços ao redor do seu pescoço e começo a dançar com ele, calmamente. 

Nós nos encarávamos demais, enquanto girávamos pela quadra, como iríamos fazer no dia do baile. 

Podia ser só impressão minha, mas aquelas mãos apertavam cada vez mais a minha cintura, fazendo com que desse uma sensação estranha no meu estômago que eu não conseguia identificar o que era. 

Eu acho que estou ficando maluca. 

Os nossos corpos ficavam cada vez mais próximos... Nós estávamos tão próximos que eu conseguia sentir a respiração ofegante dele... Era agora? 

E então... O sinal do fim do intervalo bate. 

- Precisamos ir. - Infelizmente, corto o clima. 

Ele não diz nada, só sai da quadra sem me esperar. 

O que tinha acabado de acontecer? Minha cabeça estava confusa... 

Depois de passar uns bons segundos pensando na arquibancada da quadra, a diretora, que eu considerava uma mãe, se senta ao meu lado. 

- Tudo bem, Sophie? Parece confusa. - Ela pergunta. 

- Tudo sim mã... Diretora. - Me interrompo. 

- Mesmo, querida? - Ela insiste. 

- Aham, pode ficar tranquila. - Me levanto. - Eu vou voltando para a sala ok? 

- Ok, meu amor. Sabe que se precisar conversar, pode falar comigo né? - Ela oferece. 

- Sei sim. Obrigada! - Saio da quadra, correndo para a sala.  


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Olhos Puxados || Robin ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora