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Quinta-Feira || 06:03 PM || 11/06/1978 


SOPHIE YAMADA


Depois que saímos daquele banheiro, não nos falamos mais. O resto do rolê todo. 

Nós permanecemos quietos. Era desconfortável, mas nenhum de nós dois queria quebrar o clima constrangedor. 

Gwen e Finn ficaram meio confusos sobre o que havia ocorrido entre nós no banheiro. Mas, não entramos em detalhes. 

Eu estava indo para casa, Finn e Gwen já haviam entrado em suas casas, enquanto eu e Robin estávamos indo para as nossas, que ficavam relativamente perto uma da outra. 

- Olha, Sophie... - Robin tenta falar, mas eu não deixo. 

- Não vai dar certo. Eu passei 3 anos odiando você. É muito cedo. Não vai dar certo. - Coloco meus argumentos para ele. 

-  Só por causa disso, Sophie? É sério isso? - Ele se mostrou extremamente indignado. - Se você não gosta de mim, é só falar! Não precisa me dar uma desculpa bosta dessas! 

- Não é isso! É que... - Ele me interrompe. 

- Chega, Yamada. Já entendi o seu recado. Agora me deixa em paz. - Ele diz, se afastando levemente de mim, indo um pouco mais na frente. 

- EI! Robin Arellano! Não me deixa falando sozinha não! - Puxo ele pelo braço. 

Ele se vira em uma agressividade, que faz nossos corpos ficarem tão perto ao ponto de se encostarem. Eu conseguia ver os seus olhos, fumegando de raiva. Sua respiração pesada. Raiva acumulada. 


ROBIN ARELLANO


Eu nunca havia levado um fora na vida. NENHUM SEQUER. 

Eu estava próximo, até demais dela. Mas já estava claro para mim sobre os sentimentos dela. Ela não gostava de mim. 

O que ela queria comigo, afinal? Falar comigo sobre o que? Não tinha nada para falar. 

- Eu não sei o que eu sinto, tá bom? Conseguiu o que queria? Conquistar mais uma idiota no seu pé? - Ela fala, soltando  meu braço com agressividade. 

- Mas... - Ela me interrompe. 

- Cala a boca, Arellano! Sou eu que estou falando agora! - Ela aumenta o tom de voz levemente. 

Fico quieto. Quase ninguém havia falado comigo daquele jeito antes. Devo baixar a minha moral, pelo menos perto dela. 

- Você vive pegando as garotas por "diversão"! Se isso é "ser homem", não sei como ainda existam mulheres com homens tipo vocês! - Ela diz, olhando fixamente para mim. - Não vou dizer que elas não tem motivo para se apaixonarem por você, porque elas tem! Mas esse não é o foco! O QUE VOCÊ FEZ COMIGO, GAROTO?! 

Eu fiquei em estado de choque. Elas tem motivo para gostar de mim? O que eu fiz com a Sophie? Porra, eu não faço nada! 

- ME RESPONDE! - Ela fala em um tom alto, colocando as duas mãos no meu pescoço, me fazendo olhar diretamente em seus lindos olhos puxados. 

- Me diga você, Sophie... - Falo, calmamente. - O que VOCÊ fez comigo? 

- Como ass... -  Minha vez de interromper. 

- Quando foi a última vez que você ouviu falar que eu peguei alguém? - Pergunto. 

- Ah,  sei l... - Ela é interrompida novamente, porém, já estava um pouco pensativa. 

- Há 3 anos. Sophie, eu venho tentando te esquecer desde o dia que a gente se viu pela primeira vez... Eu não pego ninguém desde então. - Afirmo. 


SOPHIE YAMADA


- O que...? - Estava chocada. 

Era verdade mesmo. Parei para pensar por alguns segundos. 

- Quando você começou a namorar aquele imbecil... Meu sangue ferveu. Eu posso ser muito melhor que ele! Sophie Yamada! - Ele exclama, com seus olhos marejados. 

- Robin... Eu... - Eu tento dizer, mas estava sem palavras. 

- Eu só queria que você não me visse mais como "o garoto infiel"... - Ele diz, um pouco entristecido. 

- Robin... - Somos interrompidos por uma van. 

A van para do nosso lado, na calçada. 

Um homem, grande e forte, sai da van. Ele estava usando uma cartola de mágico, uma roupa, que com exceção da camiseta, era toda preta. 

Ele era extremamente branco, pálido. Ele segurava um spray, e também estava usando óculos escuros, que cobriam bem seus olhos. 

- Oi! - Ele chega, simpatizando conosco. 

Robin, pelo visto, não foi nem um pouco com a cara dele. 

- Oi? - Robin pergunta, passando o seu braço pela minha cintura, me fazendo grudar nele. 

- Eu vi vocês dois na rua... São irmãos? - O moço pergunta, se aproximando especificamente de mim. 

- Sou o namorado dela. No que podemos ajudar? - Robin me puxa um pouco mais para trás. 

NAMORADO? OI?! 

- Namorado? Bem... Tudo certo então! Achei vocês dois muito fofos e queria oferecer um truque de mágica para vocês! - O senhor oferece, com um sorriso gentil no rosto. 

- Por mim, não tem problema! - Falo, animada, me aproximando levemente do cara, mas logo sinto duas mãos me puxando para trás novamente. 

- Não, obrigada. Já estamos um pouco atrasados, senhor. - Robin diz, com frieza. 

- Escute a sua namorada, garoto! Prometo que serei rápido. - O homem se aproxima mais um pouco de mim. 

- OUOUOU! - Robin começa a se irritar. - Se afasta aí, coroa! Eu disse não! 

O moço pareceu um tanto surpreso com a reação de Robin, vejo a raiva crescendo em seus olhos. 

- Tudo bem então... Estou sempre por aí! Quando quiserem se divertir, me chamem! - O velho diz, entrando novamente em sua van, dando partida. 

Ele se afasta, e eu, automaticamente, tiro as mãos de Robin de mim. 

- O que deu em você? Ele parecia ser legal! - Digo, indignada. 

- Claro que não, Sophie! Você é ingênua a esse ponto? Tira A+ em todas as matérias, mas é tão burra assim? Quem em sã consciência iria oferecer "truques de mágica" plenas 6 da tarde de uma quinta-feira? - Ele me explica. 

- Ei! Sei lá uai! Ele parecia ser legal! - Dou meu argumento.

- Legal nada, Sophie! Chega de ser ingênua! - Ele fala. 

- Tá tá, você tá ficando maluco, Robin! - Digo, cansada de discutir com ele. 


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Olhos Puxados || Robin ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora