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Domingo || 06:28 PM || 14/06/1978 


ROBIN ARELLANO


Eu e Bruce não descansamos de procurar a Sophie o dia todo. Ontem e hoje. 

Nós passamos pela casa dos Blakes para visitá-los. 

Eles já estavam cientes que a Sophie havia sumido. 

Gwen, como sempre, estava relatando aos policiais, seus sonhos estranhos. 

No momento que eu e Bruce chegamos, Gwen estava tirando uma soneca e Terrence, o pai deles, tinha saído para fazer compras. 

Finney nos recebeu com um sorriso cabisbaixo, nos abraçando. Ele sabia que não estávamos bem. 

- Querem dormir aqui hoje? - Finney pergunta. 

- A gente ia procurar a Sophie hoje de madrugada. Só se você quiser ir junto. - Bruce sugere. 

- Posso ir junto? - Finn pergunta. 

- Claro, maninho. - Respondo. 

E então nós passamos um bom tempinho ali, com o meu melhor amigo, só conversando e jogando conversa fora. Até dar de madrugada. 


SOPHIE YAMADA


Já havia escurecido fazia um bom tempo, pelos meus cálculos, deveria ser umas 1 ou 2 da madrugada. 

Achei estranho. Nenhum espírito havia me ligado hoje. 

Comecei a imaginar o que eu estaria fazendo se eu não estivesse nesse cativeiro imundo. 

Até que lembro... A VIAGEM DA PRAIA! O FIM DE SEMANA! 

Será que eles foram sem mim? 

Começo a lembrar dessas coisas e fico levemente cabisbaixa. 

Será que eles foram sem mim mesmo? 

Eles devem ter adiado a viagem... Né? 

Enfim, só sei que aquilo ficou pipocando na minha cabeça por muito tempo enquanto eu cavava o buraco que, até então, era a melhor opção que eu tinha. 

Até que escuto o telefone tocar novamente. 

Fico feliz, na esperança que fosse mais alguma coisa que me ajudasse. 

Saio do buraco, que já me cabia inteira dentro, cobrindo com o tapete. 

Vou até o aparelho quebrado, colocando o receptor no ouvido. 

- Quem é? - Pergunto. 

- Oi, Soph. O que tá acontecendo? - Percebo uma voz familiar. 

- Griffin? - Pergunto, torcendo para que estivesse errada. 

- Você ainda lembra de mim... - O meu amigo fala, como se estivesse feliz ao ouvir. 

- Mas... como... - Resmungo, ainda desacreditada que meu melhor amigo, que eu não via fazia meses, havia...

- Ele não tem dormido direito. - O garoto afirma. 

- Ah não? - Pergunto. 

- É. Mas... ele tá dormindo, agora. Esperando você. - Griffin afirma. 

- O que..? - Pergunto, confusa. 

- É hoje, Soph. É hoje que ele vai tentar te matar. - Griffin me revela. 

- E eu... Só... Deixo? - Pergunto. 

- Não. Claro que não. - Ele me responde. 

- Mas, como eu saio daqui? Eu já tentei de tudo, e nada funcionou! - Falo, já esgotada de ideias. 

- Olha para a porta. - Ele ordena. 

- Ainda tá destrancada... - Reflito para mim mesma. 

- Ainda tá destrancada. - Griffin afirma comigo. 

- Então é só... Sair? - Pergunto. 

- Tem um cadeado com senha. Era da minha bicicleta. - Meu amigo afirma. 

- Da sua bicicleta? - Falo. 

- É. Ele roubou, quando me levou. - O garoto explica. 

- Qual é a senha? - Pergunto. 

- Eu não me lembro... - O garoto afirma, cabisbaixo. 

- Griffin! - Chamo a sua atenção.

- Me lembro que tive medo de esquecer. Então eu anotei com uma tapinha de garrafa na parede. - Ele fala. 

- O que?! Que parede? - Olho ao redor. 

- Aquela na sua direita. Na altura do ombro quando você tá sentado. - Ele explica. 

Logo, largo o telefone e vou até a parede, mesmo sem lanterna, consigo tocar os números. 

Vou até o telefone, com a senha na ponta da língua. 

- 2, 3, 3, 1, 7? - Pergunto. 

- Se você diz... - Ele fala. 

- Tá, mas é 2, 33, 17? Ou 23, 31, 7? Ou 23, 3, 17? - Pergunto a combinação. 

- Não me lembro! Vai ter que tentar todos! E vai ter que ser MUITO silenciosa. - Ele me auxilia. 

- Ok... Obrigada. - Falo. - Pelo visto, não vai rolar da gente relembrar os velhos tempos. 

- Não. - O garoto tenta rir. - Então, vai me vingar! Faz isso por todos nós, que  tentamos também! 

- Eu vou. - Falo, com firmeza. - Senti sua falta. 

- E vai continuar sentindo, Sophie. - Ele afirma, com tristeza. - Eu não vou voltar. Toma aquele sorvete que eu amava, por mim. 

- Aquele de unicórnio horroroso? Que só você gostava? - Falo, rindo em meio a lágrimas. 

- Aquele mesmo. - O garoto acompanha minhas risadas. - Não chora, Soph. Você já sofreu demais por isso. 

- Não estou chorando. - Limpo as minhas lágrimas, discretamente. 

- Tá sim. Eu estou vendo. - Ele fala. 

Consigo sentir a presença do garoto atrás de mim, me abraçando. 

- Tá me vendo? - Pergunto.

- Eu estou com você. Eu estive com você esse tempo todo. - Ele afirma. 

- Eu estou te sentindo. Que saudade do seu abraço. - Falo, com tristeza. 

- Na próxima vida a gente se encontra, minha Yamada favorita. - Ele fala. - Diz para o Jake que eu gostava dele. 

-  Pode deixar. - Sorrio levemente. 

- Você precisa ir. - Ele afirma. 

- Tchau, Griff. - Falo, não querendo me despedir. 

- Tchau, Soph. - A linha corta. 

Com lágrimas em meus olhos, lembro do que Isabella falou.

"Guarde a grade. A use como arma."

Mesmo a grade sendo pesada, a seguro com uma mão só, abrindo a porta do cativeiro. 


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Olhos Puxados || Robin ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora