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Segunda-Feira || 03:07 PM || 21/06/1978 

ESSE CAPÍTULO APRESENTA/PODE CONTER GATILHOS PARA TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS, ALIMENTARES E AUTOMUTILAÇÃO!


SOPHIE YAMADA


O sinal do fim das aulas acabou de tocar, e eu estou na frente do meu armário, organizando meus materiais que eu tenho que levar para casa/casa do Robin. 

Ele, quando eu menos espero, me abraça por trás com gentileza, falando no meu ouvido:

- Vamos? 

Arrepio com a sua voz e faço que "sim" com a cabeça. 

O mesmo ri e me espera pacientemente pegar a minha mochila, logo passando seu braço pela minha cintura e me guiando até a casa dele. 

Eu nunca vou parar de me impressionar com o quão aconchegante a casa dele podia ser. Não era uma casa GIGANTESCA, mas era extremamente acolhedora.

Ele morava sozinho com o tio ali, mesmo assim, a casa era grande para 2 pessoas. 


ROBIN ARELLANO


Eu queria demais perguntar para a Sophie o que estava acontecendo com ela, abraçar ela e protegê-la em meus braços. Eu não iria obrigá-la a contar nada, só me mostrar aberto para uma conversa, que eu sabia que ela precisava daquilo. 

Quando ela entra no meu quarto, fecho a porta e peço para ela se sentar na minha cama. 

- O que foi, 'cê' tem algo sério para me contar? - Ela diz,  enquanto solta o cabelo que tinha prendido em um coque alto pelo calor em sala de aula. 

- Pode tirar o moletom, por favor? - Pergunto. 

Logo ela se liga do que eu queria conversar com ela. 

- Robin... - Ela tenta retrucar, mas eu falo. 

- Por favor. Tá muito calor. - Falo, enquanto me sentava do lado dela na cama. 

Ela, mesmo hesitando, me obedece e tira o  moletom, revelando uma camiseta branca simples que ela usava por baixo. E as cicatrizes em seu antebraço...

- Olha, Robin... eu não queria que você viss... - Ela tenta falar, mas eu a interrompo de novo. 

- Por quê..? - Falo, observando seu braços, enquanto lágrimas se formam nos olhos dela.

Ela não responde. Só abaixa a cabeça e começa a chorar. 

Não... não... não!! Não era isso que eu queria. 

Em vez de perguntar o que havia acontecido ou fazer qualquer coisa, eu a abraço. Um abraço acolhedor. Um abraço que ela estava precisando... 


SOPHIE YAMADA


Eu realmente estava precisando daquilo. 

Fazia muito tempo que eu não me sentia segura com alguém como eu me senti com Robin agora.

O abraço dele é tão... aconchegante. Eu poderia morar nos braços dele. 

Eu tentei segurar as lágrimas, mas foi impossível. Comecei a desabar no ombro dele. 

Ele não falou nada, só me abraçou com mais força, enquanto me ouvia chorar tudo o que eu não havia conseguido chorar por muito tempo. 

Eu me sentia segura com ele. Ele era meu porto seguro, onde eu podia me entregar e ser eu mesma. 

Ele acariciava minhas costas em forma de carinho, enquanto eu agarrava o pescoço dele enquanto soluçava de chorar. 

Era só daquilo que eu queria. Um ombro para chorar e alguém que estivesse ali para me ouvir e me respeitar. Fazer eu me sentir... amada. 

Não que meu irmão e meus amigos não fizessem isso, é óbvio que eles faziam. Mas, com Robin é diferente. 

Eu amo ele como nunca amei nenhum garoto antes. 

Eu não amava realmente Alex. Alex me fez sofrer demais. Desrespeitava os meus limites, fazia brincadeiras desagradáveis com o meu corpo... Além de que, me traía. 

Robin esperou com que eu começasse a falar, o que eu realmente admirei muito. 

- Olha, Robin... tenho muita coisa para falar ok? - Falo, enxugando minhas lágrimas, respirando fundo. 

- Tudo bem, meu amor. Eu só vou te ouvir se você quiser que eu te ouça. Eu vou te aconselhar só se você quiser que eu aconselhe. Pode demorar o tempo que precisar, ok? - Robin diz, ajeitando meu cabelo, me ajeitando delicadamente em seu colo. 

Respiro fundo, começando a falar. 

- Desde pequena, eu sempre me achei acima do peso. Nunca me senti verdadeiramente bem com o meu corpo. Eu comecei a sofrer bullying na escola, e isso agravou mais ainda a minha ansiedade. - Explico calmamente, não olhando para ele para evitar chorar. - Há uns 2 anos atrás, eu comecei a ter transtorno alimentício compulsivo. O que me fazia comer muito toda hora. Obviamente, eu engordei mais e mais e mais. Até que eu não aguentei a pressão e comecei a me cortar. Isso me confortava, eu... "me castigava" por comer. O meu corpo pedia socorro. 

Ele escutava atentamente, mesmo que não quisesse demonstrar, eu vi lágrimas se formando em seus olhos. 

- Depois de um templo nesse ciclo vicioso. Eu acabei achando outras maneiras de "me auto-castigar". Eu passei a ficar dias sem comer. Foi aí que eu emagreci. Eu tenho distorção de imagem desde essa época e... de vez em quando, eu tenho algumas recaídas com as lâminas. - Acabo desabando no ombro dele. 


ROBIN ARELLANO


Eu não conseguia acreditar como a minha princesa, a minha Sophie, havia passado por tudo aquilo...

Eu sempre afirmei que ela é a garota mais forte que eu conheço, e continuo com o mesmo pensamento. 

Eu não quero falar que já vi as marcas antes. Então, como forma de carinho, a abraço mais forte. 

Senti que ela precisava daquele carinho, daquela segurança que eu estava a oferecendo. 

Lágrimas de memórias tristes rolavam pelo rosto dela e caiam diretamente no meu ombro. 

Eu tentei ser tão forte quanto ela para não chorar também.


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Olhos Puxados || Robin ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora