(Quarta-feira)
Mais uma noite que se seguia em completo silêncio, não havia nem mesmo o som do vento balançando folhas ou os fios dos postes, não havia qualquer som de passos dados nas ruas, era um completo silêncio…Mas o mesmo não parecia poder ser dito naquele pequeno, porém aconchegante apartamento…
Alice - hum…
Algo parecia incomodar bastante, dificultando qualquer chance de Alice continuar dormindo, ela parecia lutar pra manter os olhos fechados, mas não parecia ser agradável, então logo ela desistiu se sentando em sua cama aparentemente bem desgostosa com isso.
Tocando a parte da frente de seu pijama, ela sentia aquela coisa fria encostando em sua pele, era realmente bem incômoda, ela não conseguiria voltar e continuar dormindo com aquela coisa gélida, assim, ela se levantava da sua cama.
Mas logicamente existia um problema além desse que impedia seu sono, ela não iria conseguir trocar sua fralda sozinha, então ela teria que recorrer aos únicos que poderiam fazer isso por ela…
Alice - mamãe… papai…
Mas para isso, teria que ir até eles, e aí existia mais um problema, chegar até eles em completa escuridão…
Existia lâmpadas e luzes pela casa, mas, obviamente ela não alcançaria, tornando mais uma vez, mais uma dessas suas caminhadas, algo extremamente amedrontador, afinal, ela não tinha ideia do que o escuro poderia lhe reservar.
Se algo aparecesse de repente e lhe assustasse, ou se lhe pegasse e fizesse coisas ruins com ela, ela nem conseguia imaginar todas as coisas ruins que o escuro poderia estar escondendo, então ir o mais rápido possível atrás da mamãe ou do papai era crucial, mas… ainda assim, era algo que ela não conseguiria…
Por mais que a distância entre ela e seus pais não fosse algo extremamente distante, a escuridão e o medo pareciam tornar aquilo um caminho sem fim.
Os passos extremamente curtos, deslizados pelo chão frio pareciam não ter fim, ela não conseguia ter ideia do quanto já havia andando, de forma lenta, até a porta do quarto de seus pais…
E mesmo sabendo que eles estavam do outro lado da porta, olhar em volta e não enxergar nada era muito assustador, o que fazia Alice não medir muito bem seus níveis de delicadeza.
Assim, tentando abrir a porta, ela girava e muito a maçaneta, fazendo um grande barulho em meio a todo o silêncio que aquela noite reservava. Além é claro, do ranger da porta, abrindo lentamente…
Alice - hum…
Ela não conseguiria gritar, pois… até onde se lembrava… gritar nunca foi algo que alguém gostava de ouvir ela fazer…
Mas o leve grunhido, juntamente com todos os outros sons, rapidamente lhe derem algum retorno…
Maisa - Alice?...
Ouvir aquela doce voz, mesmo rouca, falar seu nome, era de enorme gratificação, uma sensação de segurança era passada por esse simples chamado.
Assim, quando viu a pequena luz do abajur acender, revelando em meio ao breu, sua mãe, apoiada sobre a cama olhando em sua direção, uma súbita vontade de ir agarrá-la tomou conta de seu corpo, mas ainda se sentindo pressionada em meio a toda escuridão, ela apenas caminhou, vagarosamente, até o lado da cama de sua mãe.
Se tornando, a cada passo, mais satisfatório ver o rosto, sonolento, de sua mãe.
Alice - hum…