Capítulo 38

58 6 0
                                    


Parte 3: Ressurgimento


Seu mundo era um borrão. Ou era um pesadelo?

Hermione não sabia de nada além da sensação de suas próprias lágrimas silenciosas correndo por suas bochechas, a pele de Draco fria ao toque enquanto ela apertava o corpo insensível dele contra o peito.

E o leve e opaco brilho de suas palmas onde ela se agarrou a ele, como se sua magia estivesse procurando algo que ainda não havia percebido que havia perdido.

Uma e outra vez, sua mente repetiu a cena como se tivesse ocorrido horas atrás, mas apenas momentos.

Vagamente, ela podia sentir o aperto de Hugo enquanto seus dedos apertavam seu ombro, se para tranquilizá-la ou para afastá-la, ela não sabia dizer. Abaixando-se, ele checou a garganta de Draco em busca de pulso, mas seu rosto estava sombrio. Um soluço abafado rasgou dela, novas lágrimas brotando nos cantos de seus olhos.

Eles não estavam mais no campo de batalha e, em contraste, sua localização agora era totalmente silenciosa. As luzes estavam apagadas, mas através das cortinas finas a luz da lua projetava luz suficiente para determinar que eles estavam dentro de casa.

Hermione não sabia onde eles estavam. Ela não se importava onde eles estavam.

As pálpebras de Draco estavam fechadas e pálidas, a pele sob seus olhos machucada. As pontas de seus dedos brilharam, sua magia alcançando-o enquanto ela os percorria ao longo da linha afiada de sua bochecha.

- Draco - ela sussurrou, a palavra soando tão derrotada quanto ela se sentia. Não havia como ele... - Ele não pode ter ido embora.

Mais uma vez, a mão de Hugo apertou seu ombro, mas ele não respondeu. Fracamente, ela ouviu seus passos quando ele saiu da sala, mas um zumbido surdo e insistente em seus ouvidos a impediu de prestar mais atenção.

- Você não se foi - ela sussurrou para a forma prostrada de Draco, o sal de suas próprias lágrimas permanecendo em seus lábios.

Ele ainda usava sua coroa Lunae, apesar de seu cabelo loiro estar quase irreconhecível através do sangue, sujeira e fuligem. Afastando sua franja escura para o lado, ela se inclinou para pressionar um beijo em sua testa; a pele dele era fria sob os lábios dela.

Ainda havia uma batalha furiosa.

Mas naquele momento, Hermione não tinha mais forças. A grande dilaceração de seu coração era mais do que ela poderia suportar, e ela pressionou sua têmpora contra a de Draco, suas lágrimas escorrendo pela pele dele enquanto ela chorava sua perda e devastação.

Ao longe, ela ouviu vozes, a de Hugo e outra que ela não conseguiu identificar. A voz de uma mulher.

- O que em nome de... - a mulher disse, parando quando ela quebrou a soleira da sala onde Hermione se agarrava ao corpo sem vida de Draco. O pensamento estimulou outra onda de lágrimas quentes. Um suspiro agudo e a mulher estava ao seu lado, abaixando-se.

Em meio às lágrimas, Hermione reconheceu Florence Arcand, e ela desviou os olhos de Draco pela primeira vez para encarar Hugo.

A reticência coloriu sua careta enquanto ele dava de ombros.

- Foi o único lugar em que consegui pensar que eles não conseguiriam encontrar.

E então os acontecimentos da noite voltaram; O próprio pai de Hugo havia traído a ele e à Ordem, ele havia trabalhado com Cosette o tempo todo e nenhum deles havia percebido.

Nocturnus - TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora