Capítulo 23

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Um turbilhão de emoções se agitou no fundo do ser de Hermione enquanto ela olhava pela janela da sala de estar de Draco, contemplando os terrenos da Mansão Malfoy abaixo.

Muito parecido com a preparação para a cerimônia de união, o vasto gramado estava pontilhado com tendas brancas, só que em vez da alegria e folia da união, a atmosfera era tensa e austera. Estandartes com brasões de casas estavam cravados na terra ao lado de cada tenda e, por mais que tentasse, Hermione não conseguia desviar o olhar enquanto mais pessoas continuavam a chegar via chave de portal de vez em quando.

Não cinco anos atrás, a Grã-Bretanha havia sido abalada pela guerra.

E enquanto Dagomir proclamava que a presença dos estandartes era uma precaução e uma contingência, ela sentiu a mesma agitação ansiosa em seu estômago de quando Lorde Voldemort estava no auge de seu poder.

Malfoy havia saído para se encontrar com Dagomir a respeito dos arranjos para as casas dos estandartes enquanto estava no terreno da propriedade, e Hermione optou por ficar para trás, sua mente zumbindo na tentativa de processar tudo.

Desde que voltaram para a Inglaterra, seus arranjos de vida foram decididamente vagos.

Embora eles não tivessem discutido o assunto desde a Itália, eles não haviam passado uma noite separados desde que voltaram para casa, e Hermione estava começando a contar com a presença reconfortante dele ao seu lado. Sua magia o alcançava quando não estavam juntos e, de vez em quando, a marca crescente em seu pulso formigava, forçando-a a procurá-lo.

Ela não estava totalmente certa da profundidade da magia em jogo entre eles, mas era evidente que ela realmente começou a aceitar o papel dele em sua vida, e ela não se incomodou com isso tanto quanto poderia esperar a princípio.

Eles estavam juntos em tudo isso, e ele era a única pessoa que entendia completamente tudo o que pesava tanto em seu coração.

Assustada, ela saltou para longe da janela quando a lareira nos aposentos de Malfoy se acendeu. Theodore Nott atravessou as chamas verdes, limpando as cinzas e a fuligem de sua camisa e, momentos depois, Blaise Zabini o seguiu. A dupla olhou para ela, hesitante, antes que ela lhes oferecesse um sorriso.

- Draco não está aqui agora - ela disse como forma de saudação, acenando com a mão em direção ao sofá. - Vocês podem esperar por ele, se quiserem - ocorreu a ela que poderia parecer estranho para ela estar em seus aposentos enquanto ele não estava lá, e ela acrescentou. - Ele não deve demorar muito mais.

Nott sentou-se no sofá e anunciou:

- Ele nos chamou aqui.

Com um olhar furtivo, Zabini avançou e serviu dois copos de uísque da garrafa de Malfoy, e depois de um momento de hesitação, serviu um para ela também e perguntou:

- O que tem lá fora? - dirigindo-se à janela onde ela estivera observando, ele engasgou com um gole de uísque quando ela aceitou o copo extra. - Por que parece que vocês estão se preparando para a guerra?

Incapaz de encontrar as palavras para responder, Hermione permaneceu em silêncio, olhando para o terreno mais uma vez.

- É um contingente - Malfoy anunciou secamente enquanto entrava na sala e, sem qualquer consideração, serviu-se de um copo do líquido âmbar. Com uma leve pressão de seus lábios, ele acrescentou. - E isso é tudo que vocês precisam saber... por enquanto.

Em suas últimas palavras, Hermione procurou seu olhar, mas o cinza atrás de seus olhos era ilegível quando ele se inclinou e deu um beijo em sua bochecha.

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