Havia se passado dois meses desde o dia em que Dulce havia lhe pedido para tomar rédeas de seu tratamento para engravidar. Não conseguiu organizar tudo para o mês seguinte como havia dito. Durante esse período Ranny tratou de aumentar a carga horária da filha na escola para período integral. Foi ao hospital algumas vezes para decorar seu consultório e soube que uma semana antes de voltar a ativa, antigas pacientes desmarcaram suas consultas com outros colegas de trabalho, para que pudessem ser atendidas por Ranny. E agora havia chegado o dia, hoje iria retornar para algo que se dedicou por tanto tempo.
Giovanna: Mas papai – dizia com as lágrimas escorrendo dos olhos – Não quero ficar o dia todo lá – passou as costas de sua mão limpando as lágrimas de qualquer jeito. Ranny verificava se na mochila estava tudo o que a filha usaria durante o dia.
Ranny: Prometo que passará voando, nem vai perceber – fechou o estojo com a escova de dente e a pasta da filha, guardando em seguida dentro da mochila – Onde colocou sua toalhinha de mão hein? – a filha lhe dava ombros arrasada. Resolveu ir até o quarto da menina pegar uma limpa.
Raphael: Ranny, já está pronto? – fechava sua camisa social, branca. Como sempre.
Giovanna: Papai vai me levar na escola também? – colocou uma tiara com um laço azul marinho de lado, combinando com seu uniforme.
Raphael: Irei se seu Pai não se atrasar – colocou seu relógio aproveitando para ver as horas.
Ranny: Pronto, pronto! – colocou a toalha com cuidado na mochila para não amassar, sabendo que era trabalho perdido, pois assim que Giovanna tocasse na mochila a toalha iria ficar do avesso. Talvez a sogra tivesse razão, era bem perfeccionista – tomou café? – Parou em frente ao marido ajeitando a gola de sua camisa. As coisas ainda não estavam cem por cento, mas Rapha nesses últimos meses parou de dar suas escapulidas nas noites de sexta-feira, e nunca mais encontrou aquela cor ridícula em nenhuma de suas roupas. Até fizeram amor nas últimas semanas, coisa que não faziam há um bom tempo.
Raphael: Não amor, preferi esperar e tomar com você no hospital – depositou um beijo leve nos lábios do esposo, sentiu os dentes de Ranny em seguida puxar os seus e iniciar um beijo bem calminho.
Giovanna: Eca, que nojo – enrugou o nariz com carinha de nojo ao ver o beijo dos pais.
Ranny parou o beijo com selinhos rápidos e riu com o moreno do comentário da filha, se afastou do marido e pegou sua bolsa, seu celular e a mochila da filha.
Ranny: Você também irá dar beijos como este um dia – segurou a mão da menina com a mão que estava livre. Raphael emburrou a cara escutando o comentário do esposo.
Raphael: Um dia muito distante Ranny, muito! – pegou a chave do carro e sua pasta que havia deixado no sofá, e juntos saíram de casa.
Na escolinha demoraram mais do que pensaram, pois Giovanna fez diversas objeções antes de largar a mão do pai. Não queria de modo algum ficar na escola enquanto os pais iam para o mesmo lugar, e ficariam por lá o dia todo. Também não queria ficar mais tempo na escola do que o habitual, gostava de ir pra casa cedo, almoçar com o pai e ficar juntinhos a tarde toda. Além do mais, passaria à ir para casa com a van escolar e isso a deixava triste, porque sempre fazia o pai passar em algum local antes de chegarem em casa. De tanto reclamar Ranny prometeu que pediria para uma das avós ir buscá-la mais cedo, mas que seria apenas hoje, e só o fez porque Rapha já estava tendo um ataque de nervos ao esperar tanto.
Ao chegaram ao hospital, Ranny se sentiu extremamente querido. Na sala de reunião haviam preparado uma festinha de boas-vindas, colegas antigos de trabalho, novos e até Maite que odiava hospital estava lá. Depois de boas gargalhadas, o movimento do hospital começou a aumentar e cada um foi para seus consultórios, restando apenas Ranny e Raphael na sala.Ranny: Você sabia de tudo isso não é? – sorriu para o marido – Por isso não quis tomar café! – Rapha o puxou pela cintura, encaixou o rosto no pescoço dele e sentiu seu perfume.
Raphael: Uhum – sorrio passando o nariz pelo pescoço do esposo, enquanto os braços envolviam sua cintura – Tem paciente agora pela manhã? – distribuía beijos pelo rosto de Ranny.
Ranny: Acredita que sim? – sorria todo contente – Estou com frio na barriga, parece que é a minha primeira vez nisso! Não tenho se quer tempo livre hoje, Amanda me disse que as brigas pelos horários de hoje foram de dar medo - segurou o rosto dele dando um selo estalado – Preciso ir, a primeira chega em 15 minutos. Almoçamos juntos?
Raphael: Não vai dar, tenho uma reunião com o Dr. Miguel. Estamos pensando em finalmente abrir vagas para residentes – soltou o esposo – Mas amanhã podemos almoçar onde você quiser.
Ranny: Nossa que ótimo amor, nunca entendi de fato o porquê de não termos residentes aqui – se desencostou da grande mesa cercada de cadeiras – Tudo bem, acho que aguento ir almoçar no meu primeiro dia sem o meu marido – disse fazendo um bico enorme. Rapha ria da gracinha dela.
Raphael: Amor não faz assim... Amanhã dividirei uma sobremesa – rindo Ranny se aproximou do marido e beijou-lhe os lábios para enfim se despedir. Foram interrompidos por alguém abrindo a porta e se desculpando ao vê-los.
Ranny não conseguiu ver quem era, mas estranhou a força com que Rapha o segurou quando a porta abriu. Parecia que não queria que ele olhasse para trás de maneira alguma. Logo em seguida se despediram pela última vez e seguiram para o trabalho. O dia passou voando, Ranny não conseguiu para um só minuto. Sua agenda estava realmente lotada, só parou na hora do almoço, onde recebeu a visita da amiga ruiva para comemorarem o primeiro dia, já que esta não se encontrava nas boas vindas de manhã.
Dulce: Me conta Ranny, como se sente? – perguntou empolgada enquanto rodava os fios de macarrão no talher.
Ranny: Dul está tudo perfeito. Não tinha consciência da saudade que eu estava disso tudo – cortava um pedaço de sua lasanha – Acredita que aquela paciente que fiz o parto de trigêmeos está novamente grávida?
Dulce: Que corajosa não? – rindo – Tenho chances de ter gêmeos não é?
Ranny: Uhm – terminava de mastigar a comida, bebeu um gole de água tônica em seguida – Tem grandes chances sim, está preparada para dar conta de dois?
Dulce: Claro! Pelo menos não terá briga nas escolhas de madrinhas e padrinhos – Ranny balançou a cabeça ao imaginar Maite dando ataque pela segunda vez ao ser rejeitada no papel de madrinha – E você e o Rapha, como estão as coisas?
Ranny: Vão muito bem amiga, ele está carinhoso novamente, não sai mais aos finais de semana e está distribuindo paciência – limpou a boca com o guardanapo – Você sabe que ele estava com alguém, mas seja lá quem era, desapareceu, tenho certeza.
Dulce: Sinceramente não sei onde consegue forças, não teria sangue frio! Se eu sonhar, S O N H A R, que Ucker tem outra pessoa. Coitado! – tinha a mão direita fechada se irritando em pensar nisso.
Ranny: Ah eu bem sei! – sorrio – Mas você é uma grande sortuda amiga, seu marido é um verdadeiro lord. Quanto à mim, não sei como aguentei tanta coisa também. Mas quer saber? Não vamos falar disso, agora está tudo bem, já passou.
Prosseguiram com o almoço, e resolveram dar uma volta no shopping enquanto não dava o horário de Ranny voltar. Combinaram de iniciar o tratamento de Dulce na semana seguinte. Já de volta ao hospital Ranny ia até pequena sala de espera e chamava sua próxima paciente que estava acompanhada do marido, notou que ela já estava com uma barriga bem aparente para decidir trocar de obstetra. Lembrou-se que havia feito o parte do primeiro filho do casal, e foi informado pelo marido da mulher que a mesma quase entrou em surto quando procurou Ranny na segunda gravidez e soube que o médico deixara de atender. Ao saber da volta, não pensou duas vezes ao cancelar sua consulta com a Dra. Paloma, e ter acompanhamento de Ranny em seu terceiro filho. Ao final do dia Ranny já não se aguentava em pé, atendeu quase 15 pacientes, e em quase todos atendimentos teve que contar o motivo de seu longo afastamento, sendo compreendido por todas as mulheres que ficavam encantadas com a foto de Giovanna em um porta retrato, na mesa de Ranny.
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Enquanto Houver Razões (Romance Gay) - Mpreg - Respostando
RomanceAté onde você deixaria tudo por amor? O que seria seu limite? Quantas noites de choro iria aguentar? Quantos datas importantes passaria sozinho? Quanto tempo suportaria a dor da solidão? Me pergunto se estou agindo errado, se devo acabar com tudo is...