Enquanto Houver Razões 47

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Lucas tinha o olhar fixado em Ranny. Esperava mesmo que o namorado não tivesse dito nada para a filha, pois sabia que dependendo do que fosse ser dito a menina se sentiria mal. O progresso nas sessões com a psicóloga estava praticamente chegando ao fim. Sophia já se enturmava com outras pessoas além de Ian, Ranny e Gi. Já havia feito amiguinhos na escola. Já não tinha crises de choro durante a noite. Mas tudo isso, era resultado do amor e atenção que recebia em casa, e não era apenas de Lucas. Por isso, ele tinha convicção que Ranny jamais falaria nada que pudesse magoar Sophi. O que ele não esperava, era que Ranny fosse dizer isso que ele tinha acabado de ouvir.

Lucas: Ranny, eu nunca forcei para que você fosse ou agisse como pai da Sophia - disse levantando da cama - Ela é uma criança, de seis anos, que perdeu o pai e está deslocando a imagem para alguém que talvez na cabeça dela seja a mais indicado para o posto, eu não posso ter autonomia sobre isso!

Ranny notou o quanto ele se ofendeu pelo que ele havia dito. Na verdade tenha sido um pouco rude ao incluir a palavra nunca em sua frase.

Ranny: Eu sei - disse o olhando - Eu não estou dando a entender de que você esteja fazendo nada para que ela pense isso, pelo amor de Deus! - também se levantou da cama - Eu só acho que você precisa conversar com ela Lucas, nunca parou para conversar com ela sobre nós dois, desde que ela veio morar com você nos viu juntos e apenas isso. Agora você vive na minha casa, estamos sempre juntos e é claro que ela vai criar coisas na cabeça, se não for explicado que eu sou apenas seu namorado!

Lucas: Está jogando a culpa em mim de todo o jeito Ranny. Desculpe se a ideia de ter Sophia como filha soa tão repugnante para você!

Ranny: Você não está querendo entender Lucas! Não é questão de imaginar ela como filha, a questão é de que ela já sofreu demais com a perda do pai, e eu não quero reforçar a ideia de que ela pode me ver como pai, e amanhã ou depois acontecer algo que a faça perder novamente uma figura paterna!

Lucas: Então é isso, você pensa em terminar comigo? - o olhava sério - Porque essa seria a única coisa que faria isso acontecer!

Ranny: Lucas isso envolve muitas coisas - suspirou e se sentou aos pés da cama - É uma responsabilidade muito grande isso e você sabe, não é apenas deixar ela me chamar de pai e ponto final. Tem a Giovanna, não seria nada fácil de explicar pra ela, quando ela ouvisse Sophia me chamando assim. Tem minha família, tem...

Lucas: Tem Raphael? - cortou o namorado - É isso né? Tem ele também.

Ranny: Eu não ia falar dele - passou a mão no rosto querendo acabar logo com essa conversa - Você é mais obcecado por Raphael do que qualquer outra coisa! - o olhava - Tudo você o coloca no meio já notou isso? Qualquer coisa que eu fale ou que faça, você sempre o traz entre a gente Lucas! O que você acha? Que estou com você há quase sete meses por quê? Não vou entrar nessa paranoia sua, essa conversa não vai acabar no Raphael!

Lucas: Ranny - tentava se acalmar - Nós podemos tornar nosso relacionamento mais sólido amor - olhava ele - Podemos morar juntos, podemos até nos casar se você quiser! E então...

Ranny: Lucas, eu não quero isso - disse antes que ele pudesse terminar - Terminei um casamento de dez anos não faz nem um ano, eu não quero nada tão decisivo assim.

Lucas: Está vendo Ranny, é você. Você quem está dificultando as coisas. Estamos tão bem juntos, as meninas se adoram. A Gi já se acostumou com o nosso namoro, a Sophia não preciso nem comentar o quanto que te adora, e ao invés de você querer deixar isso mais sólido você só quer se afastar cada vez mais!

Ranny: Não quero me afastar! Só acho que fomos depressa demais com o namoro, e não vou fazer o mesmo indo morar junto com você! Tenho uma filha Lucas, eu preciso pensar nela antes de decidir qualquer coisa que eu faça na vida, porque isso pode afetar ela! Tudo bem que ela aceita agora nosso namoro, mas sabe que você tem sua casa, que Sophia tem a casa dela.

Antes do moreno pensar em responder escutaram a porta do quarto abrindo, e Sophi colocar o rosto entre o vão da porta, vendo os dois ainda acordados.

Lucas: Sophi – disse vendo a menina ali – O que foi?

Sophia: Eu acordei – terminou de abrir a porta – E vim aqui – seus olhos brilharam ao ver que Ranny estava ali, com eles – Você ta aqui – sorriu toda feliz olhando Ranny.

Ranny: Estou Sophi – sorriu de volta – Perdeu o sono?

Sophia: Uhum – disse avançando em direção o moreno. – Pode dormir comigo?

Lucas segurou a filha antes de ela chegar à cama, onde Ranny estava sentado. Sophia ergueu o rosto olhando o pai sem entender, Ranny o olhou do mesmo modo.

Lucas: Não, o Ranny não vai dormir com você Sophia. Vem, vou te por nada cama – disse pegando a filha no colo e saindo do quarto em seguida.

Ranny respirou fundo quando Lucas e Sophia sumiram de sua visão. Sabia que após aquela conversa Lucas iria afastar ele de Sophia. Não era o que ele queria. Apenas não estava pronto pra dar um passo tão gigante na relação dos dois. Escutou quando Sophia insistiu para Lucas que deixasse que Ranny quem lhe fizesse dormir, e o moreno continuou negando para a filha. Instantes depois escutou o choro baixo da menina vir do quarto ao lado, e decidiu ir até lá. Parou em frente o quarto e se encostou no batente já que a porta estava aberta, viu Lucas de costas com Sophi deitada em seu ombro, ele andava calmamente pelo quarto tentando fazer a pequena dormir.

Sophia: Eu queria dormir com ele – disse com a voz embargada pelo choro baixo, já que o pai a proibiu de chorar. Nenhum dos dois havia notado a presença dele ali.

Lucas: Ele está muito cansado Sophi, e precisa descansar. Por isso o papai vai ficar aqui com você, e outro dia ele faz você dormir.

Ranny: Lucas – disse baixo, mas tanto ele quanto Sophi ouviu. A menina ergueu a cabeça no mesmo instante – Não precisa ser assim, posso ficar com ela.

Lucas: Ranny por favor. – Foi só o que disse, antes de colocar a mão sobre a cabeça da filha e deitá-la novamente em seu ombro.

Ranny não quis insistir, se ele não queria que ele ficasse perto de Sophia naquele momento, ele iria respeitar. Não gostava quando queria que Giovanna fizesse algo e ele tomava partido, então se manteria quieto. Mandou um beijo pra Sophi que mantinha os olhinhos nele, e quando recebeu um sorriso em resposta se virou e voltou para o quarto. Lucas demorou quase meia hora para conseguir fazer a filha voltar a dormir, então voltou para o quarto e encontrou Ranny vestido, pronta para ir embora.

Lucas: Porque está assim?

Ranny: Vou para casa – pegou a carteira que havia deixado por ali e o olhou – Acho que você precisa pensar um pouco em tudo isso – baixou o rosto procurando a chave do carro. – Eu também preciso pensar Lucas, e não aqui, não assim. – levantou o rosto assim que pegou a chave na mão – Amanhã nós conversamos.

Lucas: Ranny não vai – sua vontade era de se ajoelhar e implorar que esquecesse toda a conversa de agora há pouco – Eu. Eu sei que não é tão simples quanto eu pintei, eu te entendo amor. Eu vou conversar com a Sophi – deu uns passos até ele – Não vai embora, fica aqui comigo – segurou a mão dele – Tudo aquilo foi medo, medo de você ir embora, de me deixar, eu não sei mais viver sem você.

Ranny: Amanhã eu te ligo tudo bem? – soltou a mão da dele – Podemos levar a Sophi em algum lugar e conversamos melhor.

Lucas balançou a cabeça em silêncio. Sabia que Ranny não iria voltar atrás, iria embora de qualquer forma. Desceu pro primeiro andar da casa junto com ele, e esperou que ele tirasse o carro.

Lucas: Me manda uma mensagem para avisar que chegou? – disse apoiado na janela do carro.

Ranny: Mando, boa noite. – pisou no acelerador fazendo o carro andar devagar, e com isso Lucas se afastou.

Lucas: Eu amo você, não esquece disso. – dizia enquanto voltava para a calçada de sua casa, Ranny balançou a cabeça e deu um meio sorriso, antes de sumir pela rua.

Enquanto Houver Razões (Romance Gay) - Mpreg - RespostandoOnde histórias criam vida. Descubra agora