Enquanto Houver Razões 02

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Escutou o barulho da porta e em seguida o molho de chave ser jogado em um canto qualquer. Era ele. Olhou novamente o relógio e notou que eram O5h12, Deus! Como havia viajado em seus pensamentos. Tirou com cuidado a filha de seus braços e ajeitou ela na cama cobrindo suas pernas em seguida. Se levantou, vestiu os chinelos e ajeitou o shorts do pequeno pijama que vestia. Apagou o abajur que ainda se mantinha acesso e foi atrás de Raphael.

Ranny: Raphael? – entrou na cozinha, devido ao silêncio passou direto para a área de serviço estranhando o marido ali – Rapha o que esta fazendo aqui?

Raphael: Hã? – jogou algo direto na máquina de lavar – Ah! Oi Ranny, eu estou... Quero um remédio, minha cabeça – colocou o indicador e o polegar rente a testa como se pudesse apertá-la – Está explodindo.

Ranny deu lhe as costas e voltou para a cozinha, procurou pela caixinha de medicamentos retirando uma cartela de comprimidos em seguida.

Ranny: Tome – entregou um comprimido para ele junto com o copo com água – Rapha, sabe que prometeu para Dulce que iríamos almoçar com ela e Ucker hoje certo? – observou o marido virar o copo com água de uma vez só – Não podemos dar outra desculpa.

Raphael: Ranny... – deixou o copo sobre o balcão da cozinha – Não enche o saco, e ainda mais à essa hora da manhã! Acabei de chegar, estou um caco... – retirou-se da cozinha, e foi seguido pelo esposo.

Ranny: Não tenho culpa se prefere virar a noite na rua, ao invés de ficar com sua família. Ou vai me dizer que estava de plantão Doutor? – disse irônico.

Raphael: Me erra! – bateu a porta do quarto de hóspedes se jogando na cama de sapatos e tudo, caindo em um sono profundo.

Ranny fechou os olhos ao escutar o estrondo que a porta fizera, e encostou-se a parede em seguida. Não aguentava mais essa situação, até quando iria suportar? Lembrou-se do dia anterior, de Rapahel saindo para ir trabalhar, estava impecável como sempre, bem diferente do Raphael que vira agora, todo amarrotado e cheirando álcool, então em um pulo já estava de volta na área de serviço. Correu até a máquina e abaixou-se abrindo a tampa. Puxou a única peça que havia lá dentro. Uma camisa, branca, de linho. A camisa que Raphael vestia na manhã anterior antes de ir para o trabalho. Como se tivesse certeza que iria achar algo, revirou a camisa de cima à baixo, olhava por todo canto, e então como se fosse clichê entrou uma marca, laranja-bem-vivo, bem próximo à gola, eram marcas de batom. Não sabia como uma mulher teria coragem de usar um batom desses, mas tinha certeza que era batom.

Ranny: Idiota! – falava sozinho – Como pode ser tão idiota Ranny? – fechou a mão com força em volta da camisa, se pudesse entraria naquele quarto e faria Raphael a engolir inteira! – Por quê? – sussurrava, sentindo um nó na garganta. Então, enquanto soltava a camisa, percebeu que havia mais marcas, e não era uma ou duas, eram dezenas, fazia um caminho por toda a parte das costas. Estava com os nervos à flor da pele. Então enquanto protegia a filha de um maldito bicho que nem existia, ele recebia diversos beijos de uma grande filha da mãe brega? Ele ia ver só.

Ranny saiu da cozinha como um furacão. Segurava a camisa com tanta força que seria capaz de furá-la, iria limpar aquelas marcas com a língua dele! E então iria mandá-lo embora, iria jogar as roupas dele pela janela, como sempre sonhou em fazer quando era criança, ao imaginar uma briga com o marido. Ele teria que sumir de sua vida, bastava! Não iria tolerar mais nada. Fechou o punho da mão livre, preparou-se para esmurrar a porta quando escutou uma voz, baixinha, mas que ele escutaria até do outro lado do mundo. Então virou para a filha e sorriu.

Ranny: Filha! – amassou a camisa e a deixou em cima de um móvel no corredor – Onde estão seus chinelos mocinha? Lembra que estava tossindo há poucos dias? – andou até a menina a pegando no colo.

Enquanto Houver Razões (Romance Gay) - Mpreg - RespostandoOnde histórias criam vida. Descubra agora