Enquanto Houver Razões 16

380 38 11
                                    

No restaurante Raphael mal tocou na comida. Havia perdido a fome. Dulce e Ucker terminaram antes o almoço e decidiram dar uma volta até dar a hora de retornar ao trabalho. Ranny e Lucas andavam pelo jardim do hospital já que ainda faltava quase meia hora.

Lucas: Nossa, não imaginava que você e Raphael se casariam – sorriu enquanto andava do lado do amigo – Que grande sacana hein?

Ranny: É... – suspirou após contar seu drama para Lucas – Mas e você? Se casou?

Lucas: Não... – Ranny o olhou chocado.

Ranny: Não. Para! – sorria divertido – qual é o problema das americanas (os)?

Lucas: Na verdade tive uma filha – sentou ao lado do moreno quando ele sentou em um dos bancos embaixo de uma árvore – Ela tem seis anos, mas não cheguei a me casar com o pai dela. Foi um grande acidente de percurso – Ranny sorriu.

Ranny: Desculpa, um segundo – disse pegando seu celular que vibrava sem parar – Alô?

Giovanna: Papai vai demorar muito pra chegar de noite?

Anahí: Gi o que faz em casa? Quem te pegou na escola?

Giovanna: É que faltou luz. E os homens de verde falaram que ia demorar bem muito, então minha tia ligou aqui em casa e a Adelina me pegou – deu ombros – Não tem nada pra fazer aqui pai, eu queria que estivesse em casa igual antes – Giovanna estava deitada no meio da enorme cama de casal no quarto de Ranny.

Ranny: Vou tentar ir mais cedo hoje tudo bem? Só tem que se comportar enquanto o papai está trabalhando – Lucas o olhou quando disse papai. Então ele também tinha uma filha – Eu também amo você – desligou o telefone e o olhou – Filhos... – sorriu – A minha ainda não se acostumou comigo de volta ao trabalho.

Lucas: Você deve ser um pai maravilhoso Ranny. Quantos anos ele tem? – encostou no banco.

Ranny: Quatro! Passou tão depressa – olhou o relógio. Ainda faltava um bom tempo.

Lucas: Quero conhecê-la! Posso?

Ranny: Ah, claro! – virou-se de lado sentando quase de frente pra ele – Mas devo prepará-lo, ela é um furacão! – disse rindo.

Lucas: Adoro crianças. Que tal sábado? Podemos sair.

Será que estava pirando ou Lucas estava usando Giovanna como desculpa para chamá-lo para sair?

Ranny: Ahm... Acho que não vai dar – mordeu o canto dos lábios – Sábado é a apresentação de ballet dela, então...

Lucas: Maravilha! Adoro apresentações de ballet.

Ranny aceitou o convite. Lucas iria pegá-los em casa e juntos iriam à apresentação de Giovanna. Apesar de Ranny achar que ele estava sendo rápido demais admitiu que seria ótimo ser acompanhada por ele, já que Raphael levaria Camila. Mal podia esperar para que sábado chegasse. Na volta do almoço Ranny apresentou o hospital para Lucas.

Ranny: E aqui – disse entrando no corredor que Raphael trabalhava – Ficam os cardiologistas e neurologistas. Salas também de Rapha e Ucker, os diretores.

E era só falar no Diabo que o rabo aparecia.

Raphael: Ah, então ai está você – saindo de sua sala – Grande Doutor Lucas Viana.

Lucas: Como vai Herrera? – esticou a mão e apertou a de Rapha.

Raphael: Bem. Mas vejo que está melhor que eu não é? – disse olhando a outra mão de Lucas apoiada nas costas de Ranny – Mal chegou e já está soltando seu charme não é? – estava muito incomodado com a aproximação dos dois. Quando faziam faculdade Lucas tentou sair com Ranny diversas vezes, que recusava sempre por causa de Raphael.

Lucas: Devo confessar que realmente estou melhor, Ranny é uma ótima companhia – Ranny olhou para Raphael sorrindo debochado.

Ranny: Ah Lucas, sempre tão gentil – sorriu para o amigo – Raphael creio que terá muito tempo para conversar com o Dr. Lucas. Nos dê licença – e saiu puxando o moreno.

Depois de apresentar todo o hospital Ranny voltou para sua sala. Fez a primeira consulta de Dulce e tentou se adiantar em todas as seguintes. As 18H já estava livre, e conseguiu chegar em casa cedo, como havia prometido para a filha. Ao chegar em casa, não encontrou a pequena na sala, como sempre acontecia. Estranhou mas não deu muita importância. Foi até a cozinha e tomou um belo copo de água. Estava muito calor, o sol ainda batia em toda a sala devido ao horário de verão. Tirou o sapato e andou até o quarto da filha.

Ranny: Cadê a princesa mais linda de todo o mundo? – Giovanna olhou em direção à porta e sorriu ao ver o pai. Mas diferente do que sempre fazia, não saiu correndo – O que houve meu amor? – sentou na beira da cama e colocou a mão no rosto da filha. Queimava em febre.

Giovanna: Tá doendo papai – estava com a voz chorosa – É bem aqui – colocou a mão sobre o ouvido.

Ranny: O papai vai te dar um remedinho, e logo vai passar – disse enquanto tirava o edredom de cima da filha, mesmo com resmungos de que estava com muito frio – Vamos tomar banho, essa febre precisa baixar – pegou a filha no colo que estava com o corpo bem molinho. Após dar banho na pequena e conseguir que ela tomasse o remédio, mediu sua temperatura e notou que a menina estava febril ainda. Foi com ela para a sala.

Giovanna: Quero "tetê" – encolheu-se no colo da pai.

Ranny: Vou fazer pequena – colocou a filha no sofá quando sentiu os bracinhos em volta de seu pescoço se apertarem.

Giovanna: Não, não quero ficar sozinha – disse chorosa. Ranny segurava a filha em um braço enquanto com apenas uma mão fazia a mamadeira, quando o telefone tocou, colocou no viva voz.

Ranny: Alô? – não prestou muita atenção no visor porque estava ocupado.

Lucas: Ranny?

Ranny: Oi Lucas – tentou acertar a pequena colher com o Nescau dentro da mamadeira – tudo bem?

Lucas: Ahm, tudo... – fez uma breve pausa – Ranny eu sei que acabou de sair de um relacionamento, e que me reencontrou hoje. Mas desde que te vi hoje de manhã não consigo parar de pensar em você. – Ranny assimilava as palavras que ouvia. Enquanto Lucas prosseguia um pouco nervoso – E acho que isso não é errado certo? Digo. Somos adultos e você não tem compromisso. Eu não tenho também então não sei... Talvez pudéssemos sair. Nã-não precisa ser hoje! – gaguejou – Não que eu não queira, se você quiser hoje por mim não tem problema algum. Ranny, está ai? – Ranny estava mudo. Giovanna levantou a cabeça dos ombros do pai na metade da conversa. E tentava entender o que era tudo aquilo que o homem falava.

Ranny: Sim! Estou ouvindo – colocou a filha sentada no balcão da cozinha, pegou o celular tirando do viva voz – Me desculpe, acho que podemos conversar uma outra hora... – viu que Giovanna o olhava BEM curiosa – Cheguei aqui em casa e peguei minha filha com febre, estou tentando baixar. Seria adorável sair com você, mas hoje está bem complicado pra mim.

Lucas: Nossa, ela está só com febre? Se me der seu endereço posso ir até ai dar uma olhada.

Ranny: Imagina! Não se preocupe – passou a mão nas costas da filha que encostou em seu colo.

Lucas: Ranny eu faço questão! Sou pediatra esqueceu? – pegou um papel qualquer e caneta – Me passe seu endereço.

E em menos de vinte minutos o interfone de Ranny tocou. Era Lucas. Ranny andou até a porta, havia tomado banho e colocado um shorts estampado de pano confortável e uma regata branca básica. Giovanna estava deitada no sofá...

Enquanto Houver Razões (Romance Gay) - Mpreg - RespostandoOnde histórias criam vida. Descubra agora