COMANDO SUPERIOR: A Ascensão de Drak Nazar

- VII - O ex-estagiário

Diego estava sozinho em uma das salas de comando da cúpula.

A parede acima da mesa de controle possuía três janelas, elas permitiam ver os novos blocos quando eles chegavam para ser anexados à estrutura que estava prestes a unir os dois anéis que circundavam a Terra. Eles começaram a ser postos em órbita enviando segmento por segmento para a região da linha do equador.

Àquela altura, os quatro semicírculos que orbitavam igualmente espaçados, como quatro meridianos, eram expandidos em direção aos polos. Esse processo já estava bastante avançado. A etapa final para a conclusão da cúpula seria enviar para a órbita os conectores que ficariam sobre os polos norte e sul.

Ele pôde ver, do ponto em que estava, auroras boreais que se formavam sobre a Groenlândia, efeito criado pela entrada de partículas eletricamente carregadas na atmosfera. Com a construção da cúpula, e após o envio do fluido de microrganismos que envolveria a Terra, seria formada uma película para proteger as cidades que eram vulneráveis à incidência dessas partículas. As erupções solares projetavam de forma cada vez mais intensa esse material, que já não era bloqueado como fora um dia pelo campo magnético terrestre.

No seu primeiro ano na AEB, Diego descobriu um memorando interno que citava esses dados para justificar o enterramento de reatores de contenção sob as principais metrópoles brasileiras, visando proteger o território nacional, já que ele ficava na região afetada pela anomalia do Atlântico Sul. Essa operação já havia sido concluída por todo o território do país, utilizando recursos não declarados da Abin.

Um colega chegou por trás dele, que estava sentado na cadeira do comandante, e colocou a mão em seu ombro o cumprimentando. Ele se levantou.

— Foi bom esse tempo em que você esteve conosco. Se tivermos sorte, te veremos de novo.

— Obrigado. Foi ótimo estar com vocês. — Diego agradeceu.

O homem se retirou.

Diego sentou-se novamente na cadeira e olhou com admiração para cada botão controlador. Passou a mão sobre um dos disparadores, olhando compenetrado, com certo desejo. Após sua despedida particular, levantou-se e caminhou em direção à saída da sala.

O módulo que o levava de volta à Terra desprendeu-se e iniciou a aceleração no sentido contrário ao da órbita. A cápsula aproximou-se do solo com os paraquedas abertos, quando uma explosão amorteceu a descida.

Homens uniformizados aproximaram-se para auxiliar os astronautas que retornavam à Terra a saírem do módulo. Diego foi o primeiro a aparecer na porta da cápsula. Desceu sendo amparado pelos dois braços, sentia que sua musculatura estava enfraquecida. Caminhava e acenava para os funcionários da AEB e para a câmera que gravava.

— Amor, filha: estou de volta.