- II - Natureza ou Máquina

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Lino estava na segunda fileira, assistia uma aula com Alessandra, coordenadora do curso. Embora ele não pudesse se lembrar com plena consciência, ela estava presente na reunião de oferta do projeto com o reitor, os representantes da Abin, e Eduardo, seu orientador.

Alessandra explicava algo quando cometeu um equívoco e alguns colegas perceberam a corrigindo.

— É verdade, vocês estão certos. — Alessandra se corrigiu.

"Burra."

Toda a fileira imediatamente na frente de Lino se virou para trás, o fuzilando com os olhares. Ele demorou para perceber estarem olhando para ele, olhou para trás também na dúvida se alguém havia feito alguma pergunta, todos atrás dele estavam com a mesma sensação de não entenderem o motivo de todos na primeira fileira olharem para Lino.

— Como pode uma coisa dessas? Professora? — um aluno perguntou à Alessandra.

— Pede desculpa! — uma aluna também da primeira fileira ordenou a Lino.

— Você... está falando comigo? — Lino perguntou achando que se tratava de uma brincadeira.

— Como você chama a professora de burra, assim? Falta de respeito! — disse um terceiro aluno ao lado da menina.

A professora levou a mão ao peito.

— Gente, não tem problema. Vamos continuar a aula. Desculpem pelo meu erro.

— Vocês estão loucos? — um menino atrás de Lino que era seu amigo perguntou perplexo. — Lino não disse nada. Não é, gente?

"Sim", "Exatamente", "Ele nem disse nada", responderam os colegas atrás de Lino.

— Gente, eu estou do lado do Lino e não ouvi ele dizer nada. — falou o colega que havia ido atrás de Lino o entregar o formulário antes da visita à usina.

— Eu não entendi por que vocês fizeram isso. Só combinaram entre vocês? — falou um colega mais atrás.

Uma discussão irrompeu entre pessoas da primeira fileira que acusavam Lino e o resto da turma atrás e ao lado dele que o defendiam. A professora se manifestou colocando um ponto final.

Todos saíram da sala ao final da aula ainda sem entender o ocorrido, mas a professora havia passado um conteúdo tão denso que fez alguns deles quase se esquecerem da discussão. Alessandra foi comunicar a Eduardo, preocupada com o que aconteceu.

— Você não falou nada? — Lúcia perguntou após Lino explicar o ocorrido. — Talvez você não tenha notado.

— Não, eu tenho certeza. Alguns alunos atrás de mim me defenderam, eu não falei. Tenho certeza disso. — Lino explicou. — Mas gostaria de ter falado, então que bom que ela ouviu, mesmo que eu não saiba o que foi isso que aconteceu.

— Você acha que eles podem ter inventado isso para tentar te prejudicar de alguma forma?

— Não, seria muita criatividade da parte deles. E eles não teriam motivo nenhum pra fazer isso.

Lino não sabia, mas Lúcia estava ciente da oferta do projeto que ele recebeu. Embora ela não estivesse completamente envolvida com a conversa, sabia que o clima havia ficado ruim quando Lino recusou assumir o presente a ele ofertado.

— Acho que você deveria escrever sobre isso, você pode tentar dar alguma explicação racional.

— Não tem explicação racional. Isso não tem lógica. O que você está insinuando? A coisa mais parecida com isso que eu poderia encontrar seria em matérias de telepatia, mas isso não é ciência. — Lino disse, exasperado. Embora tentasse se conter.

— Foi com você que aconteceu, não comigo. Você estava lá e acredita que eles não estavam mentindo, então isso é um fato sem explicação. Não acredito que telepatia seja a única explicação para isso, mas você pode pensar: que meios fariam com que a informação que estava na minha cabeça surgisse também na cabeça de outras pessoas próximas a mim.

— Sim, mas, além disso, era a minha voz. Eles ouviram a minha voz.

COMANDO SUPERIOR: A Ascensão de Drak NazarOnde histórias criam vida. Descubra agora