- VI -

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Draknazar chegava em Andrômeda.

Hâmsala foi recebê-lo no gramado do palácio-ouriço-branco, que ficava na estação do Comando Superior do planeta Evíluto. Anunciou que Andrômeda não pertencia mais a ele, que durante os últimos trinta anos em que Drak esteve fora, todos os mortos passaram a ser enterrados.

— Enterrados!??

— Eu implantei a cultura do enterro em Andrômeda. Algumas levas de almas já foram resgatadas.

"Eu tentei impedir que Rolderklás recuperasse tuas memórias interferindo naquele reator, mas o campo era brutalmente forte, o máximo que consegui foi desligar o computador algumas vezes, até que finalmente alguém removeu o arquivo que fazia a conexão com a sua memória. Bernardo!"

Draknazar ficou desapontado consigo mesmo por não ter executado Bernardo quando pôde. Mesmo assim, ponderou se aquela informação seria mesmo verdadeira.

— Você nem deveria estar aqui. Há um propósito para Andrômeda, e ele não inclui você. Volte para a sua galáxia e governe-a, enquanto você puder. Eu não irei intervir. Afinal... há muitas almas enterradas na Via Láctea... E certamente há alguém de olho nelas. Hahahaha.

Drak convocou todo o conselho superior do planeta, que saiu de dentro do palácio e se posicionou em um círculo ao redor deles.

— A qual de nós vocês servirão? — Drak perguntou.

— A mim, é claro. — Hâmsala respondeu.

Mas os conselheiros permaneceram imóveis.

— Vocês servirão a mim! — ele esbravejou.

— Serviremos ao nosso líder Draknazar.

Hâmsala esticou a mão aberta, estava pronto para golpear Draknazar, mas todos os quatorze membros do conselho superior de Evíluto ergueram suas mãos em direção a Hâmsala, por último, Drak imitou o movimento dos seus aliados.

Hâmsala não conseguiria lutar contra todos eles, tornou-se um rastro nebuloso acinzentado, fugindo para o encontro do líder ao qual ele serviu enquanto distraía Drak para o objetivo de conquistar a Via Láctea, que ele havia cumprido de forma tão determinada com a ajuda de seu finado aliado Rolderklás.

Enquanto Draknazar lutava para expandir seus domínios, novos líderes galácticos ascenderam, e as ameaças antigas tornaram-se mais perigosas durante sua ausência.

— Em breve alguns de vocês serão enviados ao território da antiga Via Láctea. Agora ela e Andrômeda formam a Via Nazariana.

Ele sabia que arriscara perder o apoio de alguns ao abandonar sua galáxia sem avisá-los, mas os que ficaram sabendo de sua empreitada organizaram-se para formar um novo conselho, livre da presença dos que se opunham a Drak. Esses acabaram contactando outros conselhos planetários que formaram a coligação Andrômeda e foram atrás dele na Terra.

A derrota era saber que seus aliados não conseguiram afastar das redondezas de Andrômeda o nômade galáctico, como Drak havia feito antes de partir.

Ele pensava que a proximidade da Via Láctea com sua galáxia poderia fazer com que ocasionalmente o nômade resolvesse que a viagem até Andrômeda era curta e valia a pena o risco de ter mais uma fonte de almas.

Draknazar caminhou pelo caminho que levava ao palácio, adentrou ao átrio, onde a clava negra descansava em seu suporte. Ele e Elizabeth sentaram-se lado a lado, ocupando dois dos lugares na mesa circular. Era possível ver o céu pela abertura no topo da sala.

— O cutelo flamejante está na terra.

— Como você sabe, tio Drak?

— Eu tive uma visão quando fui em uma visita à usina nuclear de Angra, ele estava em chamas pendurado no alto da parede.

— A Terra está pegando fogo, esse cutelo já deve ter sido destruído.

— Somente os com sangue de Andrômeda conseguem ver a entrada do lugar. Não restou ninguém daqui, na Terra. Além disso, algo no lugar me afetou. Me deixou fraco.

COMANDO SUPERIOR: A Ascensão de Drak NazarOnde histórias criam vida. Descubra agora