- III - ARTHUR

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Lino estava em sua sala de descanso em um escritório na Alemanha.

Um rapaz de aparência jovial adentrou à sala enquanto os agentes presentes saíram inesperadamente, de forma robotizada, como se estivessem sendo controlados.

Apenas um deles ficou imóvel, e foi se aproximando de Lino junto do rapaz.

— Lino, eu queria te apresentar uma pessoa. — O agente apontou com a mão aberta.

Lino se levantou e apertou a mão do homem que deveria ter a sua idade.

— É um prazer. — Arthur falou.

— Lino, este é Arthur, seu irmão gêmeo.

— O quê? Vocês... estão brincando!? — ele disse alternando o olhar entre os dois. — Eu sempre quis ter um irmão! — Lino falou e abraçou forte o rapaz, que retribuiu.

Eles permaneceram um longo momento juntos, em seguida se separaram e Lino não se conteve em falar:

— Mas você não é muito parecido comigo, não é? — Lino perguntou curioso.

— Éramos gêmeos bivitelinos.

— Exatamente. — o agente falou sorrindo. — Vou deixar vocês dois sozinhos. — Ele virou-se de costas para os dois e caminhou em direção à porta, com o semblante de uma tábua de madeira, sem absolutamente nenhuma expressão.

Arthur esperou a porta se fechar e se voltou para seu irmão.

— Lino, existe uma pessoa te guiando por um caminho onde você será forçado a fazer coisas horríveis. — Arthur disse em um tom mais do que sério, convidando Lino a sentar-se ao seu lado no sofá.

— Então, eu tenho muito o que agradecer a essa pessoa. — Lino falou sorridente.

Ele sabia que ninguém estava o guiando, e que suas conquistas eram um mérito exclusivo dele.

— Tudo isso que está acontecendo com você são ofertas para que você seja comprado. Eles querem te usar, eles querem um poder que você tem, e eles não.

— Diga a eles que eu estou adorando ser usado. — Lino falou.

Arthur abaixou a cabeça. Olhou para a porta se certificando que ela estava bem fechada.

— Eu não sei o que você quer com essa conversa, mas minha vida em pouco tempo mudou completamente, e para melhor. Trabalhei muito por isso. — Lino estava desconfiando das intenções de Arthur com aquela conversa.

"Vem cá... você é mesmo meu irmão? Porque... haha! Não conte a ninguém que eu te disse isso, mas há uns dias eu tive uma conversa com uns caras, me fizeram assinar um termo... coisas confidenciais. E você está me parecendo ser um amigo deles querendo me testar pra ver se vou falar algo."

— Eu não queria ganhar sua confiança para só depois te dizer essas coisas. Acho que o tempo é curto, tudo está mudando rápido, você precisava ser alertado. Essa patente, você não é o único dono, é? Não autorize que nenhuma empresa tenha acesso ao projeto do teleporte. Você não tem ideia do quanto isso é perigoso.

— Sei que é perigoso, matei alguns ratinhos enquanto ajustava as coisas. Mas não precisa se preocupar, está tudo minuciosamente ajustado. Não ocorrerão erros.

— Não estou falando de erros. Existe um motivo para isso não ter sido revelado antes.

— Antes? Como poderia? Eu não estava aqui antes para revelar isso. Isso só existe por mim.

— Droga, eles apagaram sua memória. — sussurrou. — O que você tem que saber, — Arthur escolheu um tom de voz sereno para explicar suas preocupações —, é que caso essa tecnologia caia em mãos erradas, não existirão mais fronteiras, as distâncias serão encurtadas, traficantes poderão enviar armas para qualquer lugar do mundo por baixo dos panos, sem que qualquer fiscalização consiga monitorar quem ou o quê está indo para onde. Pessoas poderão ser traficadas com uma enorme facilidade; crianças. Mas existe algo, além disso, que pode ter consequências sem precedentes, existe algo que você descobrirá, porque lá, no fundo, você já sabe.

Lino ajeitou-se no sofá.

"Uma pequena modificação nessa tecnologia pode permitir que pessoas tenham acesso a um lugar onde TUDO funciona de um jeito que você só poderia visualizar em um sonho muito inspirado. Existe um mundo onde quem entra ganha ferramentas para a manutenção da vida de todo o universo."

A conversa se alongou por alguns minutos, o olhar de Lino mudou, pois percebeu a seriedade no tom de Arthur, sabia que as pessoas da Abin haviam ficado preocupadas com suas ideias, conseguiram exigir que ele assinasse um termo de sigilo sobre aquelas tecnologias que ele desenvolveu. Então, ele ligou os pontos e constatou que Arthur estava lhe confiando um segredo.

Arthur foi respondendo às perguntas que ele fazia, de forma solicita, persuadindo-o a confiar mais, após lhe fornecer toda aquela informação. Ao final da conversa, Lino acabou sendo persuadido pela sabedoria do Jonas Forth que habitava o subconsciente daquela mente, a confiar em Arthur, um laço de amizade se firmava entre os dois.

COMANDO SUPERIOR: A Ascensão de Drak NazarOnde histórias criam vida. Descubra agora