bring me to life

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Talvez o erro tinha sido meu, de ter insistido tanto, de ter amado tanto ela sendo que não sei o que ela sentiu por mim.

Será que ela realmente sentiu o que tanto demonstrava? Será que foi amor de verdade? Ou ela só estava querendo só sair do tédio? Eu sei que devia ter ido naquele show, eu queria ter ido, mas eu não tive escolha, e ela nem quis me ouvir...

Estou fazendo de tudo pra me odiar por isso, por um lado estou conseguindo, por outro não, estou lutando contra esse sentimento porque sei que não foi minha culpa.

Mas não consigo a odiar, não consigo ficar sem ela, e aparentemente, não é recíproco, certo?

Agora estou aqui, no terraço do prédio, fumando provavelmente meu último cigarro na beirada e olhando pra baixo, não é a primeira vez que apareço por aqui.

Sinto o vazio me consumindo, jogo o resto do cigarro de lá de cima, meus pés balançam e eu sinto o vento no meu rosto, a queda seria bem alta, 25 andares não é pouca coisa, mas tenho medo de não dar certo como da última vez.

Apesar de que, se não funcionar, talvez eu quebre uma costela ou duas, a não ser que eu pule de cabeça, a queda vai ser lenta mas a morte vai ser rápida.

Eu só não sei se tenho coragem de tentar de novo.

—Cat? —Ouço a voz de Scorpia atrás de mim.

—Ah, pronto, não posso nem me matar em paz. —Digo irônica, agora seria uma boa hora pra pular daqui de cima.

Ela se senta ao meu lado um pouco longe da beirada de pernas cruzadas.

—Você conseguiu o que queria Scorpia, parabéns, por sua causa eu perdi a Adora, e a vontade de viver também.

—Não fala assim, tudo o que eu fiz foi pro seu bem. —Ela diz calma.

Tenho certeza de que acordo com o Horde Prime foi em vão, fui idiota de confiar tanto nele assim, por mais que eu já imaginasse que era bem provável isso acontecer.

—Me bater é pro meu bem?

—Cat, escuta, você não precisa fazer isso, eu tô aqui com você agora, eu sempre soube que a Adora não era uma boa pessoa pra você. —Sinto meus olhos marejados, fiquei uma semana inteira chorando embaixo das cobertas depois daquele dia no hospital, talvez ela tenha razão, se a Adora realmente me quisesse estaria aqui agora.

—Você já não acabou com a minha vida o bastante? —Olho no fundo dos olhos dela segurando minhas lágrimas.

—Eu tô aqui, disposta a voltar a ser Scorpia de antes, por você.

Acho incrível a forma como ela consegue mentir tão bem, é nítido que ela não vai mudar.

—Me empurra logo daqui de cima, não é isso que você veio fazer?

—Catra...

—Por favor Scorpia, faz isso por mim ou vai embora. —Digo olhando pra baixo com as lágrimas escorrendo no rosto.

—Desce comigo, posso fazer um café pra você, um lanche no pão integral que você ama, podemos assistir filme no seu sofá, como nos velhos tempos. —Ela estica a mão e coloca em cima da minha.

—Você falou certo Scorpia, velhos tempos, nos tempos de agora eu só quero ficar bem longe de você, e de preferência, quero que o longe seja a sete palmos embaixo da terra.

—A escolha é sua Cat, sabe que mesmo se você morrer, a morte não vai te deixar em paz pra sempre...

Ela se levanta e vai embora, já está quase anoitecendo e o vento começa a ficar gelado.

Between Songs | CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora