i was made for loving you

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Já faz duas semanas desde o meu último show pra Moon Princess, fiquei em negação durante os primeiros dias, me arrependendo da decisão, me culpando, chorando, até tentei beber um pouco pra esquecer mas só piorou meus pensamentos ruins.

Agora estou aqui no meu quarto arrumando as caixas junto com o Melog que entra em algumas delas e deixa marcas de dente no papelão, finalmente eu e Catra alugamos a tão querida casinha no interior e pretendemos nos mudar logo.

—Já arrumou suas coisas amor? —Catra pergunta encostada no batente da porta segurando um vasinho de barro com uma pequena suculenta.

—Quase tudo pronto. —Digo passando a fita na caixa com livros, discos de vinil e dvds.

—Como a gente leva as plantinhas? Se colocar em caixas elas vão morrer. —Ela diz acariciando a planta.

—Ah, a gente arruma elas soltas no carro, rega bastante antes e acredito não vão murchar no caminho. —Tiro Melog de dentro da próxima caixa a ser fechada, ele mia pra mim e pula dentro de outra caixa aberta.

—Tudo bem, vou deixar elas separadinhas então e começar a embrulhar as coisas de cozinha pra não quebrarem.

—Vai lá. —Sorrio gentil pra minha namorada que sai do quarto com a planta nas mãos.

Pra Adora de alguns bons meses atrás, sair da Moon Princess, se mudar pro interior, voltar a fazer faculdade de psicologia e ter planos românticos de futuro com a vocalista da banda de rock que eu mais odiava na vida seria uma loucura. Mas a Adora de agora agradece por ter sido louca o suficiente e ter feito tudo isso acontecer.

Guardo nas caixas grandes alguns porta retratos que deixei organizados na minha estante, a maioria são fotos minhas com a Catra, algumas com o Bow e a Glim, fotos do Melog e outras do início da Moon Princess quando ainda éramos adolescentes que tocavam com aparelhos velhos na garagem.

Em parte sinto um aperto no peito de deixar os meus melhores amigos pra trás, eles, a tia Mara, os pais do Bow, querendo ou não são eles a família que eu escolhi ter, e aquece meu coração saber que ela aumenta cada vez mais, hoje mesmo fomos convidadas para jantar num restaurante com a família inteira reunida, George e Lance disseram que seria apenas um rolê e não uma despedida, até porque despedidas doem e eles querem que a noite de hoje seja feliz, eu concordei com certeza.

Confesso que ainda me surpreendo com a forma que eles rapidamente abraçaram a Catra como da família também, Mara foi a que mais se recusou a aceitar no começo, dizia que iria perder a única sobrinha e quase filha favorita que ela tem pra uma namoradinha que me roubaria dela, conforme as duas foram conversando e se entendendo em poucos dias já saíam juntas, e sem mim inclusive.

Acho que o que mais vai me matar internamente vai ser a saudade imensa do Bow e da Glim, nunca pensei na possibilidade de ficar longe deles, vou sentir falta dos jantares que sempre acabavam em festa, dos dias de jogos e de filmes, e até dos dias que simplesmente saíamos sem rumo na rua tomando sorvete e conversando sobre tudo, desde a nossa adolescência pensar em me mudar pra uma outra cidade onde eles não iriam estar comigo era apavorante, tanto é que nem nas festas eu conseguia ficar longe dos dois.

O lado positivo é que vou construir a vida dos meus sonhos ao lado da mulher dos meus sonhos, talvez eu seja um pouco emocionada por já pensar em casamento sendo que falta pouquíssimo pra completarmos só um ano de namoro, mas na realidade eu não me importo muito com o tempo, seja o que já passou ou o que falta passar, eu só quero casar com ela, disso tenho certeza, e talvez depois disso quem sabe até pensarmos em filhos, mas aí já é história pra outro dia.

Ainda vou ficar boas manhãs encaixotando coisas e relembrando o passado, disso tenho certeza, então termino a última caixa do dia, coloco ela junto as outras e pego uma toalha para tomar um banho, logo vamos ao tal jantar com todo mundo e não gosto de me atrasar.

Between Songs | CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora