romantic homicide

433 40 66
                                    

Eu só consegui chorar a noite inteira até cair no sono.

Assim que a Adora voltou do quarto do Bow ela conversou um pouco comigo, disse que era só questão de tempo até a gente se resolver e que ia ficar tudo bem.

Depois de umas horas eu dormi, acordei quase meia noite e Adora tinha sumido.

Liguei pra ela mas o celular estava em cima do painel de televisão do quarto, tentei voltar a dormir mas não consegui, era uma e quinze da manhã e nenhum sinal dela.

Mandei mensagem para minha mãe perguntando se podíamos conversar, sei que ela só vai responder mais tarde mas vai ser bom falar com ela, sempre é.

Ela foi diagnosticada com um tumor no pulmão ano retrasado e sempre vai nos tratamentos, eu sei que como filha deveria estar sempre por perto caso aconteça alguma coisa, mas tenho a faculdade, a banda e acabo não passando tempo suficiente com ela apesar de morarmos juntas, na maioria das vezes nós nem conversamos muito, e isso me chateia.

Agora é três e meia da manhã e nada da Adora, tomo coragem pra levantar da cama, arrumo ela e vou pra suite do lado guardar minhas roupas na mala.

Vejo Bow dormindo sem camisa abraçado num travesseiro grande, o cabelo bagunçado, metade do cobertor jogado no chão e o ronco bem baixo quase imperceptível de longe, eu amo muito esse homem.

Sorrio triste e vou pro guarda roupa enorme embutido na parede, pego minhas malas, coloco minhas roupas dentro, desdobradas, só para levar elas pro outro cômodo e guardo meus acessórios que estão jogados pelo quarto.

Quero passar a mão no cabelo dele, arrumar o cobertor na cama e dar um beijo na testa dele, mas não faço, saio da suíte com as malas e fecho a porta em silêncio.

Deixo minhas coisas no quarto da Adora e desço para o hall do hotel.

—Oi! É, por acaso você viu uma mulher loira, meio alta, musculosa e de pijama descendo aqui hoje? —Pergunto para o recepcionista da entrada.

—Vi sim, ela atravessou a rua e foi pra direita se não me engano, faz umas horas que ela saiu. —O homem diz gentil e aponta a direção.

—Muito obrigada.

Saio do hotel e sinto a brisa gelada, penso "se eu fosse a Adora, pra onde eu iria?"

Olho para os lados e na calçada, de frente para a areia e com um bar fechado logo atrás, vejo uma mulher loira, meio alta, musculosa, de pijama com uma garrafa de procedência duvidosa na mão e do seu lado outra mulher que não reconheço.

—Dora! —Corro até ela.

—Oi. —Claramente ela bebeu várias, sinto o bafo de longe.

—O que você tá fazendo aqui essa hora?

—Ai, você e o Bow tavam me deixando nervosa, fui no barzinho ali e conheci essa senhora aqui. —Do lado dela está sentada uma senhora de cabelos brancos bem baixinha e de óculos. —Diz oi pra minha amiga Glimmer.

—Oi, é, qual o nome da senhora?

—Rizzo, meu bem. —Ela responde educada e sóbria, pelo menos acredito que Adora estava em boas mãos. —Essa mocinha estava no meu bar desde as onze da noite e bebendo muito, fechei o bar mas ela não saiu de lá por nada.

—É, aí ela me trouxe aqui e ficamos batendo um papinho, aliás a madame Rizzo tem conselhos muito bons, você devia ouvir. —A loira diz bebendo o resto do líquido que tem na garrafa.

—Muito obrigada por cuidar dela madame Rizzo, nós não somos daqui então não gosto nem de imaginar o que poderia ter acontecido com ela. —Puxo a loira pelo braço para ela levantar e irmos pro hotel, ela ainda tem que arrumar as coisas dela pra viagem.

Between Songs | CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora