Eu não falo muito sobre a Mon, né? Então, vou reservar esse tempo para pensar única e exclusivamente na minha mulher. Ela tem uma boca gostosa que meu Merlin! E é linda! Gata demais! E a pegada? Me deixa toda mole, aquela filha da mãe!
Sei lá, sabe... Acho que quando uma mulher sabe pegar você de jeito e te puxar assim, te apertar te dizendo que você é dela, a coisa é outra. E fui ficando tão molinha, molinha, molinha que hoje tô aqui fodida de vez porque minha avó me mandou tomar cuidado com a Mon, mas eu não sei se quero. Só que sei que devo, para a minha própria proteção. Até porque nunca fui do tipo louca que joga a vida fora por paixonites.
Vamos aos fatos... Eu quero aquela boca gostosa, deliciosa, de lábios macios na minha. Não quero saber, vó, que a véia avó da Mon te traiu! Isso é coisa de vocês duas, não minha! Mas preciso centralizar minha mente porque a Mon é meio doida. Até você já notou que ela é.
O que eu faço? Queria poder ter algum contato com o Grindelwald porque aquele ali sabia como lidar com as gayzisses da vida. Pelo menos, nunca colocou o amor acima do Bem Maior. Pena que foi morto pelo Voldemort, aquela cobra albina maldita matou meu ídolo. Odeio ele! E ainda tenho que ficar exaltando ele nos Portare Tod. Raiva! Raios e trovões!
E falando sério, não posso sair por aí pedindo conselhos amorosos sobre como devo lidar com a Mon porque as regras ainda são válidas. Pelo menos, nós não temos a absoluta certeza de que o voto perpétuo acabou.
O melhor é não arriscar, se não sabemos o que a Kade realmente lançou porque ela não pronunciou o feitiço. O que me faz ficar falando em códigos, porque eu não fui proibida de falar em códigos, fui proibida de falar abertamente. Até então, é a Mon que interpreta sozinha. Eu não falo nada.
Então... Nós procuramos nem andar juntas pela escola. Só quando é permitido. A regra é de que não podemos. A ordem é de que não podemos. A chatisse é de que não podemos! Tanto que colocaram a Jim e Tee comigo, não ela. Nem a Mon fala para ninguém que temos algo. Pelo menos, nem a Jim sabe mesmo.
E pelo que eu soube dos rumores por aí, é que estão estranhando sobre a Mon não ter dado nenhum beijo em nenhuma menina durante esse ano porque ela dava em muitas. O que me faz saber que ela é fiel. Que bonitinho!
Se bem que eu também sou. Mas quero dizer que os beijos daquela mulher são uma delícia e eu quero para mim, só para mim mesmo. E... Não, eu não vou ficar imitando cachorro... Mas se ela pedir... Não! Sim... Já perdi a dignidade há tempos. Ai, que vida triste! Estou ferrada!
Faz dias que não beijo aqueles lábios macios, obra divina de Merlin! Mas chega! Nem eu aguento meu mel! Tudo tem estado tão complicado. Estou ficando com saudades, só isso!
A imagem do espelho me deixa ver ela sorrindo para mim. Conversamos muito, o que fez ela me dizer que está fazendo as meninas acharem que ela tem incontinência, já que, no quarto, não dá para ela conversar porque qualquer uma pode aparecer ali e ver. No banheiro, ela coloca o feitiço do silêncio e ninguém ouve. E fica estranho mesmo, ela ficar tanto tempo no banheiro todos os dias.
Pensando agora... Mon fica no banheiro sentada no vaso todos os dias só para falar comigo e eu fico aqui na minha cama ou na minha cadeira que são bem confortáveis. Isso é fofo da parte dela. E ela foi no hospital me ver. Ela está me ajudando com as coisas doidas que eu me envolvi. Está sendo presente...
Como posso pensar que ela é falsa, se ela se esforça tanto para me ver feliz e bem? Ela não me maltrata. Acho até que eu maltrate ela bem mais. Já até joguei ela para fora peladona. Mesmo assim, ela não foi embora.
Ela poderia ter me matado quando soube que eu era de dois lugares, mas ela não fez isso. Tá, ela pode estar fazendo isso para me usar para saber sobre os Portare, né? Mas, não... Eu não sinto isso! Posso estar errada? Posso! Mas não sinto isso!
É complicado e eu fico aqui com tudo isso na cabeça. Ainda preciso saber quem é aquele assassino ou assassina. É muita coisa para eu pensar sozinha. Sinto falta da Rissa. Ela poderia até não saber como me ajudar, mas só de falar com ela, seria incrível. Me ajudaria muito.
Muitas vezes, a gente só quer falar e desabafar. A gente não quer uma resposta, nem um consolo. Só falar. Apenas colocar para fora. Tirar um pouco o peso de dentro e aliviar. É como se algo prendesse a nossa respiração e a gente tirasse o que está prendendo e respirasse em paz.
É isso! Eu só queria poder falar! E falei aqui. Eu gosto da Mon, sinto falta dela perto de mim. Só que também preciso pensar que ela pode não gostar de mim e ser falsa comigo como é com a Kade.
E vamos ser sincera? Quando a gente gosta de alguém, a gente não quer ouvir que a pessoa vai machucar a gente. A gente quer ouvir que o nosso amor é lindo e vai dar certo. Então, o que mais acontece é de bater a cabeça e quebrar a cara. Mas eu sou muito mais de esperar e ver. Tanto que nunca fiquei aqui de boiolice pela Mon, mesmo sentindo.
E minha avó foi, durante a minha vida quase toda, a minha maior inspiração. Se ela me falou que eu preciso tomar cuidado com a Mon, preciso tomar cuidado com a Mon. Mas também vou pegar aquela mulher sempre que eu puder porque, se ela for verdadeira comogo, o corpinho gostoso dela é meu. Se ela for falsa, eu poderei dizer que comi o cu dela.
Agora, sim, coloquei para fora tudo o que estava sentindo bem dentro da minha alma sobre a Mon... Porque, né? Eu não estava falando muito. Então, posso ir para o jogo contra o time indígena, os Maqanakuq Tuta, sei lá como diz. É algo assim...
Eles são de ficar lá na deles, só os vejo lá no grupo deles, mesmo. São bem unidos, mesmo que sejam de tribos diferentes. Até há um grupo deles aqui na escola, não como os que participo até onde sei. Soube recentemente, que há duelos indígenas, duelos como competição apenas. Ninguém sabe o que rola nesse grupo deles, mas dizem que quem está dentro fala que é uma loucura indígena. Queria poder presenciar...
Desço para o campo vestida com meu uniforme. As arquibancadas já estão com pessoas. Olho tudo em volta porque pode acontecer outra guerra após esse jogo. Eu não descarto nada.
E a verdade é que a pessoa misteriosa pode agir... Até onde eu sei, as ordens nos Portare são de sair interrogando as pessoas. Pegaram o Kirk e fizeram umas perguntas para ele, mas nada tão pesado. Só perguntas. Soube que Nop e Van também foram pegos observando os membros dos Purgare sem nem disfarçar, o que fez com que quem estivesse sendo vigiado os levasse para um pequeno interrogatório. O que não causou nada demais porque a ordem é de não atacar.
Tenho estado vigiando os corredores como me mandaram. Mas procuro sempre fingir que não vejo nada porque não quero me envolver. Até agradeço quando não encontro nada demais.
E o pior é que há dois dias saiu a notícia de que a investigação do governo está começando a investigar os indígenas porque a diretora é indígena e há a suspeita de que há uma briga entre indígenas da tribo da diretora pelo poder da tribo e que essa briga pode ser a causa da morte de todos na escola. Alguns desses indígenas são da escola. E isso está gerando um mal estar na escola contra os indígenas, ainda mais com o grupo deles tendo a fama de fazer duelos que são uma loucura..
A chuva está molhando a todos. As chuvas na Amazônia começaram com tudo e já podemos ver o rio se elevando cada dia mais. Animais têm aparecido com frequência na porta da escola. Alguns até entram dentro da escola.
A zeladora já está acostumada a colocar os bichos para fora com a ajuda dos funcionários que ela comanda. Ela tem varinha e pode fazer feitiços para isso. Caso não consiga, pede ajuda e eles chamam o especialista que não é um professor, mas um bruxo da região que sabe mexer muito com os animais da região sem machucar nenhum deles.
O nome do especialista é Jovenilson. Jovenilson apareceu duas vezes só essa semana. Uma delas para retirar uma cobra enorme, a suçuracara que mata as pessoas jogando fogo pela boca. Elas torram a pessoa em menos de um minuto.
Imagina uma dessa dentro da escola com alunos pequenos. É impossível uma simples zeladora conseguir aguentar o bafo de fogo daquele bicho. Mas achei bonita, vendo de longe. É grande e tem a cor azul com roxo. Bonita, mesmo. Mas te queima viva. Credo! Até ficamos sem aula nesse dia, isso até o Jovenilson botar ela para dormir e levou embora. Vi levarem a bicha pela janela.
Chego ao vestiário e vejo que algumas meninas já estão por aqui. Mon ainda não chegou, o que me causa certa tristeza porque estar perto dela é sempre uma alegria.
Eu preciso sossegar porque, como dizem no Brasil, as chaves de pernas são boas, mas são perigosas. A gente precisa tomar o chá com moderação, senão acaba se envenenando. Mas que bom se envenenar de um bom chá, né? Morremos sorrindo!
- Sam, preciso falar com você. - Noa me chama e vou até ela.
- O jogo de hoje vai ter uma mudança. - Ela me olha séria e já sei que ela vai colocar a Kade para jogar. - Eu preciso que você me ajude com o aquecimento. Geralmente, eu peço para a Shauna, mas hoje preciso de você.
- Sim, tudo bem. - Sorrio sem entender nada.
E quando todas as meninas então trocadas, Noa faz seu discurso cheio de ódio como sempre. Xinga muito e nos motiva a fazer o maior número de possível porque ainda podemos ficar com o segundo lugar. Acho que até ela sabe que ganhar o primeiro lugar é mais difícil. O segundo é melhor. E não é vergonhoso ficar em segundo. Vergonhoso é ficar em último!
Vamos para o campo de quadribol. Mon me dá uma olhada e dou um sorrisinho de lado, até que Noa me chama e vou ajudar ela a fazer os alongamentos.
- Você viu as notícias dos indígenas? - Ela fala bem baixo, aproveitando o barulho da chuva.
- Vi. - Respondo enquanto ajudo ela.
- Sim, então... As ordens do líder é de extermínio do time deles após o jogo. Sem dó nem piedade. Fazer como se fossem eles se matando, assim como dizem que eles fazem naquele grupo estranho deles. Você é capaz de fazer isso? - Ela me olha séria e penso que vou ter de matar mais gente ou fingir que matei.
- Sim. - Apenas falo isso porque não tem mais o que dizer, já que não tenho saída.
- Tudo bem. Após o jogo, já está planejado. - Ela fala baixo. - Todos estão recebendo as ordens e repassando. Vão trancar todos dentro do vestiário após a partida e colocarão o feitiço do silêncio na porta para parecer que eles já foram embora. Eles ficarão lá dentro e após todos subirem, você deverá voltar para cá. As próximas ordens serão dadas na porta do vestiário deles.
- Entendi. - Concordo.
- Ótimo. Pegue muito hoje. - Ela sorri, falando mais alto. - Bom jogo para todas. Vamos bater esse recorde hoje.
Suspiro e, apesar de estar com a cabeça muito ruim, penso que devo manter meu foco. Perder o foco durante o jogo só daria na cara que tem algo errado. A última coisa que quero é Purgare e Portare me olhando com desconfiança.
Sei que Mon lidaria com isso como se fosse uma colônia de férias, mas eu só estou aqui para descobrir o que está acontecendo. Estou cansada de ver mortos me perseguindo. Não quero ver mais olhos me olhando como se fosse perseguida por minhas falhas, pois sou perseguida por elas. Não preciso de mais.
A antiga Sam nem se importaria de passar por essa pressão de matar indígenas sem motivos. Acho até que eu amaria viver essa emoção de matar indígenas. Ainda mais que a verdade é que indígenas são vistos como sangues ruins até mesmo na Ásia, mas nunca os vi em Mahoutokoro.
Lá, eles costumam estudar em suas tribos próprias, pois os ensinos são algo muito oculto deles com eles. Algumas tribos da América do Sul também não vêm para cá pelo mesmo motivo.
Ter sangue puro indígena é o mesmo que nascer trouxa para uma parte bem grande da população. A magia da floresta não é importante, é o que pensam. É o que eu pensava, antigamente. Mas cansei desses pensamentos malucos na minha cabeça, não me levaram a nada além da minha desgraça mental.
E esse é um dos fatores de que eu sei que os Portare Tod atacarão. Não importa sua origem, se você é trouxa, você deverá morrer. A sociedade deve ser limpa, deve haver apenas bruxos. E indígenas mortos não causam impacto cultural em nenhum lugar.
Penso que culpar indígenas de tudo vai fazer tudo ser resolvido, mas isso é só cortina de fumaça. Os verdadeiros assassinos estarão aqui. Espero poder encontrar a todos rapidamente, pois não passei pela quase morte à toa. Essa pessoa queria me atingir e preciso saber o motivo. Não estarei em paz, sei disso.
O jogo é molhado e implacável com os indígenas. Eles não possuem boas vassouras. As vassouras são indígenas consideradas comuns, não feitas para o esporte moderno, pois não possuem tanta tecnologia.
Eles gostam de usar as vassouras tradicionais feitas com os feitiços e madeira de seus lares, feitas com pinturas e entalhes vindos de centenas de anos, respeitando a cultura dos antepassados. Certamente que daria certo numa sociedade mais arcaica, não agora, com tanta tecnologia, mesmo que voem bem.
Mas em um jogo como esse, onde só há vassouras medianas e boas, a disputa chega a ser vergonhosa. Não tendo nem disputa, para falar a verdade. E fazemos a nossa parte. Eles só fizeram dez pontos em mim e foi uma goles que passou pelo aro sem que eu pudesse fazer muita coisa.
Vamos para o castelo após o jogo com a torcida não arrumando confusão. Até porque Goyle já avisou que se houvesse alguma confusão seria expulsão imediata, sem discussão. Antes ninguém sabia quem tinha começado e quem tinha atacado. Mas Goyle colocou os monitores, alunos dos Portare para vigiar tudo com olhos de águia.
Goyle é um diretor extremamente rígido e passa medo nos alunos. Esse tipo de ameaça nunca deu certo antes, mas ele tem uma forma de agir que qualquer um percebe que a expulsão dele é morte certa e não apenas expulsão. Ainda mais que ele tem uma queimadura no rosto que o deixa muito feio, onde dizem que foi causada pelo Fogo Maldito.
Aquele ali tem cara de quem torturou muita gente inocente na vida e todo mundo aqui suspeita disso, ainda mais por sabermos que ele foi um Comensal da Morte e que as investigações sobre ele foram arquivadas, mas que ele foi procurado por muito tempo pelos aurores internacionais, mas que ele fez um trato estranho e tudo foi esquecido.
Pelo menos, foi o que os burburinhos falaram. Sabe? Aqueles burburinhos que a gente ouve aqui e ali, cochichos ou gente falando baixo. Ouvi até uma menina falando sobre como ele deveria ter escolhido a armada dele porque alguns alunos continuaram sendo monitores e alguns deixaram de ser. Ela me olhou meio assim, com medo, e ela não estava errada. O que me faz saber que todos os murmúrios são reais.
O medo contra mim está me deixando com um misto entre achar graça e achar um tédio. Nunca foi um problema para mim ser temida. Eu amava. Mas hoje, apenas não tenho paciência para tanta besteira, ainda mais que não faço mal a ninguém. Acho que amadureci.
Após o sinal, voltei para o campo logo após chegar à pirâmide com as meninas. Por ser monitora, posso fazer isso. E a verdade é que subimos em grupo.
Kade fez um teatro dizendo que precisava da minha ajuda para voltar ao campo porque ela voltou primeiro para a pirâmide por ser reserva. Mon me deu uma olhada e fiz um pequeno sinal dizendo que não. Então, chamamos Noa e Lottie, depois corremos para a frente do vestiário. Nela estavam os outros alunos que o líder mandou para essa missão. Não foram todos, somente o que ele pensa ser os mais capacitados e, infelizmente, ele pensou que sou.
- Muito bem. Vou dar um ensino breve sobre os feitiços que vamos usar. São feitiços indígenas. Vou ensinar bem lentamente para todos para caso haja algum problema de alguém ser burro e não conseguir fazer. - Kade fala os feitiços e todos aprendemos como fazer. - Vocês aí, os três, vocês vêm junto comigo e vamos atacar os jogadores da tribo Kokoramã, que é a da antiga diretora. O resto, vocês matem todos com feitiço Avada Kedavra. Não pode ser outro feitiço. O líder disse que tem de ser apenas os feitiços que eu mandei. Então, vamos abrir. Façam todos eles irem para dentro e comecem.
- Obrigada. O que aconteceu?- Os meninos e meninas com pinturas características de suas tribos em seus rostos parecem aliviados quando abrimos a porta.
- Vocês precisam entrar. Está havendo uma confusão. Viemos ajudar. - Kade fala com tranquilidade.
- Outra vez? - Os meninos começam a andar para dentro e começam a se sentar nos bancos ou ir mexer nos armários, pois é um costume haver confusão.
- Pronto. - Kade avisa e começam os ataques.
- Yawar ñawi. - Noa fala com frieza e acerta menina que começa a sangrar pelos olhos até cair chorando sangue assim como a imagem da menina no banheiro, o que me faz congelar ao perceber que foi esse o feitiço e ele está sendo usado de novo, me dando certeza de que o assassino está aqui, será Noa ou Kade?
- Tullukunata pakiy. - O menino fala e os ossos do atingido parecem se quebrar, o fazendo gritar no processo.
Nenhum deles está com as varinhas nas mãos, o que não tem como eles se defenderem. Alguns tentam correr e são atingidos pelos feitiços. Eles não sabem fazer feitiços sem as varinhas, uma pena.
Vejo corpos sangrando, corpos sendo quebrados ou desmembrados, mas nenhum é explodido. Olho para tudo o que acontece, notando o que cada um faz, vendo cada morte de cada jogador por feitiços indígenas ou avada.
Os corpos vão se empilhando, até que um menino corre e bate com tudo em mim, caindo no chão. Olho para ele de cima. Ele me olha com aqueles olhos. Igual aos olhos que me perseguem. Aquele olhar de horror, medo, implorando pela vida. Isso me faz congelar.
Olho para o lado e vejo Kade parada esperando. Noa também para e me olha porque só resta esse menino e não matei ninguém. Todos me olham. Não tenho escolha. Se eu não fizer isso, serei eu a morta.
Quando precisamos escolher entre nós e alguém que não tem importância nenhuma para a nossa vida, sempre escolhemos a nós mesmos. Uma vida deve ser escolhida e será sempre a nossa.
Na verdade, mesmo se eu não matar esse menino, ele vai morrer. A sentença dele já está dada. Mas a minha não. E eu escolhi viver.
- Avada Kedavra. - Digo e vejo um feixe de luz verde atingir o menino.
O brilho dos olhos amedrontados o abandona de imediato, em uma morte seca e sem emoção, assim como uma música que não emociona ninguém. Mas eu estou emocionada por dentro, querendo chorar por matar de novo.
- Vamos, precisamos fingir que viemos para cá depois. Fingir que matamos eles no meio de confronto, assim como o diretor mandou. Como se eles tivessem se matado e nós matamos os que mataram. Vamos! - Kade me chama mais uma vez porque eu não me mexo.
- Tá. - Saio correndo e fazemos assim como foi combinado.
Um minutos depois, chamamos o diretor. Goyle chega, nós encontrando na porta, junto com os professores que chegaram antes, e vê a cena da carnificina. Todo o time indígena está morto. Ele tenta não sorrir ao ver a cena, o que não consegue, e nos olha com aprovação. Depois olha os professores como se tivesse desolado e com tanto pesar quanto eles. Krum olha para tudo com certa curiosidade, como se analisasse toda a cena. Imagino que ele esteja desconfiado.
- Os alunos da minha armada chegaram primeiro. Lançaram o avada nos alunos que quiseram atacá-los. Não sei, parece que eles estavam se matando assim como a suspeita das investigações da morte da diretora. O que pode indicar que foram eles que mataram os professores por algum motivo, como raiva ou vingança por algum castigo. Agora, devem ter se irritado e brigaram entre si. Gangues se matando. Indígenas sendo indígenas, incapazes de viver em sociedade. - Goyle fala como se estivesse consternado.
- Precisamos chamar os aurores. - Professora Hideko fala.
- Sim, eu chamarei. - Goyle fala e sai correndo para enviar a carta, enquanto Krum me olha parecendo estar curioso por eu estar aqui.Espero ter feito um capítulo respeitoso, mesmo que seja um capítulo de morte. É um tema bem ruim que quis trazer para cá desde o princípio. Pouco se fala sobre o massacre de povos indígenas e eu começo a história mentindo sobre como essa escola é perfeita e aberta para eles. Algo que ela não é. Eu me inspirei para esse em específico nos Massacres dos Tikunas e dos Haximu. Os dois são os únicos casos onde houve condenação por genocídio no Brasil e nem foi aquela coisa porque houve até redução de pena para até metade do que deveria ter sido pago. Eu não sei qual dói mais em ler a história. É muito triste. Você não costuma ver canais de crimes falando do genocídio indígena. Parece que a representatividade que eles usam, é só colocar um caso de negro a cada 5 casos com brancos. Mas e os indígenas num país onde há o genocídio indígena escancarado na nossa cara? Fiz as personagens usarem alguns feitiços indígenas para mostrar sobre como os indígenas são mortos pelo que eles mesmos criaram, descobriram, cultivaram. Sobre como nós mesmos usamos de sua cultura e nem nós lembramos que eles estão aqui. Talvez reclamem sobre eu não fazer um personagem indígena visto de forma incrível, mas eu fiz. A diretora da escola é indígena. Ela morreu por ser indígena. Sempre deixei claro sobre como os indígenas possuem seus feitiços e sobre como eles são poderosos, mas que diminuem isso e apagam isso. A criadora da escola era uma indígena. Os indígenas estão em todos os lados o tempo todo. Não existiria Castelobruxo sem eles, assim como não existe o Brasil sem eles. Tudo o que somos, temos e representamos, há eles ali, mesmo que a gente se esqueça disso. E assim como na escola daqui, se houver uma limpa, são eles que vão ser apagados primeiro.

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Lover (REPOSTAGEM REVISADA E MELHORADA)
FanfictionEssa é uma fanfic para maiores com temas mais fortes. Leia por sua conta e risco. Por que não há deficientes em Hogwarts? Mon vai para seu último ano em Castelobruxo e conhece Sam, uma aluna de intercâmbio. Lover se chama assim por ser minha histó...