Saco de pancada

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No hospital da cidade estava três pessoas, Kanae, Sanemi e Tokito Muichiro. Tinha se passado algumas horas e a Kochō mais velha não acordava. Na sala de espera o Shinazugawa suspirava.

- Eu sinto que se essa mulher bater as botas, nosso chefe nos manda junto dela. - O mais novo de quinze anos admitiu enquanto chupava um pirulito.

- Ele nos deu ordens de ficar com ela e vigiá-la durante sua estádia aqui. - Sanemi disse sentado com a coluna torta enquanto apoiava o seu rosto em suas mãos. - Afinal ela é mãe de S/n. - Ele suspirou novamente. - Mas antes de mãe, ela é uma mulher, forte, que sustenta a casa, trabalha, gera finanças, é pai também dela, ser humano. Ela não é uma marionete como a gente.

Muichiro tirou o pirulito da sua boca e olhou para Sanemi com desdém.

- Quando se trata de mulheres, vocês adultos ficam loucos. E daí se essa mulher morrer? Se ela não fosse a mãe de S/n, eu mesmo daria um tiro no peito dela por ser irritante. - O branquelo olhou para o moreno como se tivesse dito uma grande atrocidade.

- Muichiro, ela te deu café, tirou nois do frio... - Sanemi disse levantando uma das sobrancelhas.

- Eu não lembro disso, não. - O Shinazugawa escutando isso deixou sua mão escorregar na cabeça no mais novo, dando-lhe um cascudo.

- Já disse pra você que você é novo e pode sair dessa vida. - O Shinazugawa disse mordendo o lábio inferior nervoso.

- De novo com esse papo? - Rebateu o mais novo. - E porque você não larga essa vida de marionete do Lua Su... - Tokito foi interrompido pela mão de Sanemi.

- Você não pode falar essas coisas cara, isso é confidencial, não diga esse nome em locais públicos e se alguém escuta você dizendo isso? Vai descobrir que somos infiltrados do nosso chefe. - Sanemi disse fazendo várias expressões com a boca, ele afastou devagar sua mão e começou a falar mais baixo. - O caminho que eu escolhi não têm mais volta, enquanto minha família foi massacrada, Douma foi o único que interveio com dois revólveres, ele entrou pela janela quebrada como uma aranha, depois, saiu atirando nos policiais e ele parecia ser o homem de ferro porque ninguém acertava um único tiro nele, o mesmo ficou no campo aberto atirando. - Sanemi entristeceu a face. - Depois uma matéria saiu no jornal, falando que foi descoberto que esses policiais estavam fazendo culto ao demônio e precisava destruir uma grande família para se concretizar os seus pedidos, porém os mesmos foram mortos por uma pessoa desconhecida e dois garotos estão desaparecidos, nesse caso, eu e meu irmão.

Uma vez perguntei porque o chefe me salvou, ele disse que me observava a muito tempo e queria que eu fosse seu braço esquerdo, porque o direito é Iguro Obanai, ele via qualidades ótimas para ser aplicadas em tráfico, estelionato e violência, enfim. É uma história muito longa... Tokito Muichiro...? - Sanemi parou de falar vendo o adolescente dormindo com a cabeça pendida para trás enquanto segurava o pauzinho do pirulito vazio na mão direita.

O Shinazugawa passou um tempo pensando no motivo de Tokito ter entrado, ele nunca soube, ele era tão novo, não fazia ideia que tudo foi por causa de uma rixa entre irmãos.

...

Na casa de S/n, estava o Douma deitado no sofá assistindo Netflix com ela, agarradinhos os dois no sofá. Foi quando o celular do mais velho começou a vibrar, alguém estava ligando para ele, de primeira recusou, mas começou a insistir muito, do outro lado da linha, estava Inosuke com os olhos inchados.

- Pai, eu fui sequestrado há dias, o senhor nem liga e sabe que eu sumi, que assunto é mais importante que o seu próprio filho? Os cara aqui tão pedindo dinheiro pra me soltar, pague logo que eu tô querendo um hambu... - O bandido que segurava o celular para Inosuke falar pegou o aparelho para si.

O filho adotado de Douma estava amarrado junto de uma cadeira com alguns hematomas.

- A gente vai matar ele... - Douma nem deixou o cara terminar de falar.

- Tá certo, viu. Faz diferença não. - Douma desligou despreocupado envolvendo o braço no pescoço da sua namorada.

Ele até diria, "mate mesmo", mas pensou que S/n estranharia demais.

O bandido abriu a boca olhando para o rosto de Inosuke, tendo compaixão.

- Com um pai desse precisa nem de inimigo. - O sequestrador disse pegando um revólver.

Inosuke fez força com todo seu corpo e estourou as cordas, o sequestrador ficou de boca aberta.

- Eu só queria saber se meu pai se importava comigo. - O mesmo disse pondo a testa no cano da arma. - E eu percebi que ele não liga mais pra mim, pode matar. - O mais novo mentiu assustando o bandido, muitos truques ele havia aprendido com o pai, o sequestrador começou a ter uns tremeliques com a mão.

- Tu é doido? - Kleitin perguntou. - Tá sem comer direito faz uma semana... - Inosuke cortou sua fala, arrancando a arma de sua mão.

- Sequestrador bom, é sequestrador morto. - O mais novo não hesitou em atirar em Kleitin. - Pensei que dessa vez seria diferente, mas eu sou muito forte e independente, meu pai vai ter orgulho de mim depois que eu fugir e levar sua cabeça.

...

O céu estava escurecendo, foi quando S/n notou que sua mãe estava demorando demais, já era noite.

- Douma. - S/n chamou ele dando pausa na série. - Minha mãe tá demorando muito.

- Não se preocupa, quando você menos esperar ela chega. - O branquelo disse enquanto mandava mensagem para o Sanemi perguntando como estava as coisas e se a mulher já estava consciente.

- Você disse isso várias vezes e nada. - A mais nova começou a ficar nervosa, tentou esgueirar para ler as conversas. - Sempre que eu pergunto sobre isso, você pega nesse celular, é irritante. - S/n tentou pegar o celular das mãos do mais velho, mas por reflexo e incoerentemente, Douma reagiu com o cotovelo acertando a testa da mais nova.

S/n levou as mãos a sua testa, seus olhos começaram a se encher de lágrimas.

- Por que você fez isso? - A mesma disse sentindo as bochechas molharem, ela era alguém que amadureceria muito com o seu futuro que a espera.

Como (não) conquistar um traficante Imagine DoumaOnde histórias criam vida. Descubra agora