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A chuva caía com força, uma típica chuva depois de dias ensolarados e bem quentes. Para alguns era um barulho relaxante, mas para Seokjin era um fardo que ele não conseguia lidar.

Os raios que caiam juntamente das gotas de água transformavam o que era para ser uma chuvinha em uma tempestade e isso se refletia na vida da príncipe. Não importava o que fizesse, uma pequena atitude sua era responsável por causar uma tempestade imensa, podendo acabar como estava agora: casado com um ômega lúpus puro filho do governador, ou a morte de uma pessoa querida.

Dias chuvosos eram sinônimos de dor para Seokjin, perdera as pessoas que amava ao som da chuva e trovoadas. A cena de sua mãe, a rainha, estirada no chão sem vida com uma maçã mordida em mãos era recorrente em sua mente, assim como seu amor com um frasco de veneno na mão. Era trágico como as pessoas que ele amara — seja de forma fraternal ou de paixão — morrera da mesma forma: envenenadas em um dia de tempestade.

Seokjin olhava pela janela do hanok, perdido em seus pensamentos sombrios enquanto a chuva caía implacavelmente lá fora. Era como se a natureza refletisse o turbilhão de emoções dentro dele. Sentia-se sufocado pela culpa e pelo medo, como se fosse uma maldição que o seguia em cada chuva torrencial.

Os trovões ressoavam no céu, lembrando-o das perdas que havia enfrentado ao longo dos anos. Seu coração doía com a lembrança de seus entes queridos, e ele se perguntava se a tempestade era um lembrete cruel do destino trágico que parecia segui-lo.

O príncipe sempre se culpou pelas tragédias que aconteceram sob a chuva. Sentia-se responsável, como se suas ações e escolhas tivessem desencadeado as perdas que tanto o assombravam. Ele desejava desesperadamente ter o poder de controlar o tempo, de evitar que as nuvens escuras trouxessem consigo tanta dor e sofrimento.

Mas, como a chuva, a vida também tinha seu próprio curso imprevisível, e Seokjin se encontrava impotente diante das forças que o cercavam. A morte e a perda eram inevitáveis, e não importava o quanto ele tentasse evitar, elas faziam parte da experiência humana.

Apesar de todo o peso em seus ombros, Seokjin tinha a plena noção que não teria como mudar o passado, mas ele também não sentia forças para seguir em frente, abandonar suas memórias e governar aquele reino sagrado. Sua coroação logo chegaria, precisava ser um rei decente assim como sua mãe o ensinara, não queria decepciona-la mesmo que ela já não estivesse mais presente.

Suspirou e aproveitou seus sentimentos ruins para despachar Hoseok — esse que entendia seu lado pois estivera presente em todos os momentos difíceis da vida do príncipe —, ter um momento de paz em seu "aposento privativo", poder escrever alguns poemas e pintar alguns retratos, usava sua dor e tristeza para fazer obras de arte e usava os dias chuvosos para lembrar que tudo fora sua culpa; tudo seria melhor se ele não tivesse nascido.

Ficou praticamente o dia todo no seu espaço privativo, apenas saiu dele quando já estava no horário do toque de recolher. Seus desenhos continuavam incertos, os detalhes desaparecendo a cada dia que passava, logo ele não lembraria mais aquele que tanto amava.

Foi andando pelos corredores voltando para seu aposento principal que se deparou com Jungkook bêbado andando pelo hanok, isso divertiu e preocupou o alfa, ao mesmo tempo que o ômega estava engraçado andando sem equilíbrio, ele também parecia bêbado ao extremo.

— Como consegue ser tão adorável até bêbado? — resmungou para si antes de se aproximar com cautela do jovem bêbado. — Jungkook?

A noite acabou com os dois envoltos em um abraço no futon do ômega, Seokjin não esperava ficar, não queria, mas Jungkook parecia tão confortável em seus braços como se seu lugar seguro fosse ali e talvez fossem, mas o ômega jamais admitiria sóbrio.

Hold Me TightOnde histórias criam vida. Descubra agora