Hold Me Tight

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O instinto pode trazer benefícios em situações de crise onde o importante é agir, mas, por vezes, pode te apunhalar pelas costas e se manifestar em momentos onde não deveria.

As mãos de Seokjin tremiam como se estivesse tocando no bem mais precioso — e talvez fosse. Seus dedos tocavam com delicadeza a pele da bochecha quase febril de Jungkook, como se ele fosse a porcelana mais fina onde qualquer movimento poderia quebra-lo em pedaços.

Enquanto Seokjin tinha os olhos entreabertos, observando em como as pintas proeminentes em um dos lados do rosto quase mesclavam à cor vermelha que se espalhava pelas bochechas do ômega, um caminho que percorreu com os olhos até poder encarar a íris irradiando a cor azul, cintilando em resposta.

Seokjin não parecia querer tomar alguma atitude, ele estava em um dilema interno sobre o que deveria fazer. Sabia o que os olhos azuis queriam dizer e a o cheiro inebriante se espalhando pelas suas narinas tentavam controla-lo, sabia que se chegasse um pouco mais perto não teria volta.

Todavia eles eram casados, estavam unidos pelo matrimônio há um tempo considerável, um casamento que ambas as partes não desejavam, mas o que quer que fosse os uniu. Alguns chamariam de destino, de coincidência, outros que eles eram azarados e outros que eles ganharam na loteria da vida.

O alfa se aproximou de forma lenta, movendo juntamente o olhar para os lábios finos entreabertos, podendo ver como a respiração do ômega descompassou e mostrava-se tímido, mas sem se mexer. O selar que desenrolou lembrava aquela primeira vez nos corredores escuros do hanok, apenas um encostar sem muitas entrelinhas, como uma certeza de que estava tudo bem.

O segundo que veio depois foi diferente, lábios se movendo em sincronia e o calor corporal aumentando juntamente com a intensidade. Não era algo que eles não tinham experimentado antes, mas com uma pitada de que sabiam que não ficariam apenas em encostar de lábios. E eles não poderiam estar menos ansiosos.

Separaram-se consideravelmente um pouco agitados. Jungkook nem teve muito tempo para pensar o que fazer — não sabia como deveria agir de fato — porque teve seu corpo puxado pela cintura de uma forma um tanto quanto brusca, mas que não o assustou, pelo contrário, o fez ansiar pelo o que viria.

Logo estavam deitados no futon que parecia mais macio que o usual, Jungkook com as costas no pano. Sua boca não foi a mais atacada no momento porque Seokjin passou a beijar a bochecha, depois a linha da mandíbula e descer de forma lenta pelo pescoço até perto da gola do hanbok, fazendo o corpo abaixo de si arrepiar-se a cada sensações novas que aqueles toques proporcionavam.

Seokjin já estava tão inebriado com o cheiro doce que estava forte ele nem percebeu que o quarto já estava intoxicado com aquela fragrância, sobressaindo a do alfa que costumava ser mais intensa por natureza. Ele se afastou um pouco, cortando o contato e atraindo o olhar curioso do outro; passou a mão pelo laço que segurava o próprio hanbok que usava para dormir, desenlaçando, abrindo-o e deixando que seu torso ficasse um pouco exposto.

O que chamou a atenção de Jungkook não foi o peitoral definido que vivia escondido pelos panos e nem como o hanbok desenlaçado caia sob os ombros largos, mas sim a cicatriz enorme presente no abdômen igualmente definido. Sem perceber, Jungkook acabou esticando o braço e pousando a mão na cicatriz, passando os dedos pela extensão da mesma em curiosidade, uma história que ele perguntaria mais tarde.

Deixou com que Jungkook deslizasse a mão, voltou a se inclinar sobre ele após a mão do ômega se afastar, prestes a voltar com o que estavam fazendo, mas dois toques na madeira da porta foram ouvidos

— Alteza! Príncipe Kim! — a voz do guarda beta era alta para chamar a atenção.

Jungkook estava encolhido, muito por vergonha só de pensar que o guarda poderia saber o que eles estavam prestes a fazer. Seokjin olhou para a porta e em seguida voltou o olhar para o ômega, tentando passar tranquilidade.