Forg_tful

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"Eu continuo esquecendo das coisas de ontem, nem sei direito sobre hoje. Eu continuo esquecendo o 'eu' de ontem, eu tenho apenas vinte e seis. Me perguntam por que eu não consigo me lembrar. Meus amigos estão tristes, me desculpe, eu tenho tantos pensamentos. Estou com falta de memória, junto com os numerosos espinhos e a manhã que finalmente chega. Cada um segue seu próprio caminho, anestesiando-se sozinho."



JIN

Jogamos a placa do carro na Internet e descobrimos que o carro pertencia a alguma locadora de veículos em Seul. Infelizmente, não conseguimos acesso ao nome do dono nem ao nome da locadora específica, o que tornaria a busca um pouco mais cansativa.

- Só precisamos ir a algumas locadoras e chegaremos até eles. - Proferiu Yoongi e eu apenas concordei sem falar muita coisa.

Passamos por várias locadoras; era como procurar uma agulha no palheiro. Não sabíamos que seria tão difícil encontrar.

Esperávamos que um funcionário nos atendesse; já era a sexta locadora que fomos. Não é possível que em Seul existam tantas.

- Em que posso ajudar? - Perguntou o senhor de cabelos grisalhos.

- Estamos procurando um carro para alugar, uma Mercedes-Benz para ser mais exato. - O Yoongi foi rápido em falar.

- Claro, vou mostrar aos senhores. Por favor, me acompanhem.

O senhor nos levou a um grande estacionamento com diversos carros.

- Estas são as Mercedes que temos. Interessam?

Observei minuciosamente cada detalhe e percebi o quanto o nosso trabalho era ridículo. Ainda não tínhamos conseguido encontrar o carro, muito menos o culpado por fazer mal ao Namjoon.

- Acho que não, senhor. - Disse.
Saímos mais uma vez de mãos vazias. Yoongi procurava mais localizações em seu celular.

- Achei!

- O quê? Isso está sendo inútil, não encontramos nada até agora.

- Tenho quase certeza de que vamos conseguir entrar. Só tem mais essa locadora de carros em Seul. - Proferiu Yoongi, puxando-me consigo.



[...]

Estou há horas tentando explicar para o Taehyung que não tenho absolutamente nada com aquela pobre enfermeira, mas a única coisa que ele faz é ficar me olhando com um jeito malicioso.

Ainda no terraço, continuamos a conversar, embora o meu querido e amado amigo esteja sendo insuportável.

- Para com isso.

- Com o quê? Não estou fazendo nada.

- Com esse olhar aí.

- O Namu tem uma namoradinha. - Proferiu, todo risonho, agindo como a criança que habita nele.

- Não, eu não tenho. Isso não faz sentido. Eu amo a Lis. Você sabe muito bem disso.

- Mas ela não está mais aqui. Você precisa seguir em frente, viver. - Bufou com o sorriso desaparecendo aos poucos.

- Não é tão fácil, ok? Não é como se eu fosse esquecer tudo da noite para o dia. É impossível, Tae.

- Desculpa, eu não devia ter insinuado coisas.

- Tudo bem.

- Pode me levar para o quarto? Não consigo fazer isso sozinho.

- Claro.

No quarto, um silêncio instalou-se entre nós. Sinto-me um pouco culpado. Ele estava sorridente e feliz em me ver e agora está com essa cara. Talvez eu tenha exagerado um pouco com ele. Tae é muito sensível às vezes, ele é praticamente um bebê, apesar de sua idade.

- Tae? - Falo, chamando sua atenção.

- Sim.

- Desculpa, acabei estragando o seu humor.

- Não tem problema. - Murmurou um pouco tristonho.

- Eu prometo que vou tentar viver bem, se você melhorar essa cara.

- Está bem, não quebre sua promessa, por favor. Eu trouxe umas coisinhas. - Proferiu, voltando ao seu humor de sempre.

- Isso é lámen? - Pergunto, enquanto o vejo pegar uma sacola cheia de doces, salgados, lámen, entre outras coisas.

- Imagino que eles não te deixem comer nada, só sopa aguada. Não precisa me agradecer.

Assusto-me ao ver a enfermeira Lee logo atrás do Taehyung. Não tenho ideia de quanto tempo ela estava ali. Tento avisar discretamente, mas Tae não para de tagarelar nem por um segundo.

- Tae.

- O que?

- Atrás de você.

- Muito bonito. - Proferiu Lee, com a mão no ombro de Taehyung.

- Sim, eu sou. - Disse, com seu sorriso quadrado.

- O senhor não pode dar esse tipo de comida para o paciente. Não é saudável.

- Mas ele...

- Mas nada. Estou confiscando temporariamente. - Bufou, pegando a sacola e saindo.

- Que mulher doida. - Proferiu Tae, de braços cruzados, fazendo birra.

- Eu ouvi isso! - Gritou a senhorita Lee do corredor.

Não consigo conter o meu riso. Até que o dia não está sendo tão entediante como pensei.







Continua...
Escrito em: 30/01/2023

Indigo: TONS DE AZULOnde histórias criam vida. Descubra agora