Tomorrow

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"Tenho um longo caminho a percorrer, mas por que continuo no mesmo lugar? É frustrante, mesmo que eu grite, só dá eco no vazio. Espero que amanhã algo seja diferente de hoje. É a única coisa que imploro."


O vento frio soprava pela janela do meu quarto, enquanto eu olhava para aquela rua vazia que para mim parecia tão solitária quanto antes. As horas passavam devagar no ponteiro do meu relógio, enquanto minha mente só pensava em algo, ou melhor, em alguém que eu realmente não deveria.

Pego meu celular e começo a digitar algumas mensagens para a Seo Yun, mas não chego a enviá-las. A insegurança, o medo ou a incerteza me paralisam.

- Isso é loucura, Kim Namjoon. Só esquece a enfermeira, a Lis é sua prioridade agora. Lis precisa de mim. - Tento repetir essas palavras para mim mesmo como se fossem um mantra.

- Mas que merda! - Exclamo ao perceber que acidentalmente apertei a tela, iniciando uma chamada de voz. Sou realmente desastrado.

- Alô.

Respiro fundo e acabo esquecendo o que pretendia dizer, deixando apenas o silêncio e a estranheza de uma chamada inesperada a essa hora da noite.

- Namjoon, é você? - Ela ainda está na linha?

- Sim, e-eu... Desculpa ligar a essa hora.

- Ah, tudo bem. Estou de plantão hoje. Você quer falar algo?

- Sim, quer dizer, não.

- Não consigo entender. Você quer falar ou não? Você está bem?

- E-eu estou bem, é que... podemos fazer uma caminhada matinal amanhã? É idiota da minha parte sugerir isso, considerando que você provavelmente estará cansada após o plantão.

- Não, tudo bem. Eu posso, sim. Amanhã, às 5:30, nos encontramos no parque central?

- Claro.

- Tenha uma boa noite, Nam.

Mil vezes merda, por que fiz isso? Seria mais fácil dizer que liguei por engano, mas sempre acabo complicando as coisas até se tornarem uma bola de neve gigante, impossível de resolver.

E agora, como vou agir na frente dela? Devo contar a ela? Não, definitivamente não. Sou apenas um esquisito que não sabe o que quer ou sequer o que sente. Vou apenas complicar mais as coisas.

Sinto-me a pior pessoa do mundo por estar nessa situação, quando deveria estar cuidando da minha noiva em vez de pensar em outra mulher.





DIA SEGUINTE
5:30AM...

Já faz um bom tempo desde que acordei tão cedo para caminhar. Há uma certa nostalgia nisso. Realmente tinha esquecido como era bom realizar essas pequenas atividades diárias: caminhar cedo, regar as plantas, dar aulas, visitar museus ou até maratonar séries nos fins de semana.

Definitivamente, eu era mais feliz naquele tempo, só não sabia. Será que algum dia voltarei a viver como antes? Penso comigo mesmo, sentado no banco da praça, ainda de olhos fechados, sentindo o vento bater no meu rosto. Adoro essa sensação de frescor.

Talvez seja um recomeço. Caso não seja, enfrentarei isso de frente. Vou viver um dia após o outro e, no final de tudo, olharei para trás e terei apenas a lembrança desse tempo difícil.

A partir de hoje, vou me permitir viver bem.

- Bom dia! Trouxe companhia, tudo bem?
A voz de Seo Yun atinge meus ouvidos, fazendo-me despertar. Olho para a sua companhia extremamente fofa na coleira.

- Bom dia, senhorita Lee... Quer dizer, Seo Yun. - Corrijo, ao perceber seu olhar de desaprovação. - É um garoto? - Refiro-me ao cachorro.

- Sim, chama-se Monie.

Me agacho para acariciar seus pelos branquinhos.

- Parece que ele gosta de você. Geralmente, o Monie é desconfiado com as pessoas.

- Isso é verdade, rapazinho? - Monie pula em mim, fazendo-me cair sentado no chão. Em busca de mais carinho, lambendo o meu rosto.

- Monie! Sai de cima do Namjoon. Desculpa, ele nunca fez isso antes.

- Tudo bem. - Falo, ainda rindo pelo gesto fofo do Monie.

Caminhamos por um bom tempo antes de decidirmos parar em um café para recarregar as energias.

- Então, ontem, quando me ligou, queria dizer algo ou simplesmente não queria caminhar sozinho?

- É, eu... É que...

- Não precisa ficar nervoso. Somos amigos o suficiente para ter uma conversa normal.

- Eu me sinto confuso com o retorno da minha noiva.

- Por que?

- Não sei explicar. É complicado, nem eu mesmo me entendo. Sofri muito quando a perdi. Uma das coisas que mais desejava era vê-la novamente, mesmo sabendo que era impossível. Até então, pensei que Lis estava morta, mas ela apareceu na minha frente, cheguei a pensar que fosse algo abstrato.

- Você não está feliz com isso?

- Estou feliz, mas não foi do jeito que eu esperava. Estou confuso, mas sinto que não posso dizer isso a ela. Tenho que cuidar da Lis.

- Hum, entendo. Você deve conversar sobre isso com a Lis, não comigo.

- Seo Yun, eu acho que...

Meu celular toca, interrompendo a conversa.







...



Me levanto com o despertador tocando pela milésima vez. Odeio aquele som irritante. Tomo um banho rápido e vou até a cozinha, mas ao encarar o fogão, desisto. Não tenho tempo para cozinhar nada.

Me apresso, pois meus alunos me esperam no estúdio. Já vejo Hobi hyung me chamando de irresponsável, mas dormir até tarde não estava nos meus planos. Eu precisava praticar meu inglês, mesmo que seja assistindo a O poderoso chefinho. O Nam vive tirando sarro de mim por isso. Quem se importa se ele aprendeu inglês apenas assistindo Friends? E vem falar do meu O poderoso chefinho.

Estaciono minha moto em frente ao estúdio, tiro o capacete e tento ajeitar o meu cabelo da melhor forma possível.

- Hoseok, você não deveria estar dando aula? - Questiono, vendo-o praticamente correr em minha direção.

Precisamos ir até a delegacia agora!

- O quê? E o estúdio? Por quê?

- Eu mandei uma mensagem agora cancelando todas as aulas de hoje. O Yoongi foi preso, Jimin, preso!













Continua...
Escrita em: 06/03/2023

Indigo: TONS DE AZULOnde histórias criam vida. Descubra agora