Sufocando aos poucos

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"Sua vida e a minha foram assim. Nós temos que dançar na chuva, dançar na dor, mesmo que a gente desabe. Vamos dançar no avião. Nós precisamos do cenário noturno mais do que qualquer um, mais ninguém além de você pode me consolar. Tudo bem derramar lágrimas, mas não derrube a si mesmo."


Moonchild



Sinto que não tenho forças, porque elas foram sugadas de mim novamente. Sento-me na calçada. O caos da minha antiga vida está voltando. É um ciclo constante. Isso nunca vai acabar?

- Namjoon. - Seo Yun toca em meu ombro, me fazendo olhá-la, e logo senta-se ao meu lado com o Monie.

- Você deve me achar apenas um louco depressivo, que saiu da cafeteria dizendo ir atrás da namorada supostamente morta. - Dou um riso sem humor algum.

- Não sou boa em consolar, mas não fique tão mal. Deve ser horrível o que está sentindo agora. Eu nem sei o que dizer... Não acho essas coisas de você, pelo contrário.

- Sim, é horrível. Não precisa sentir pena de mim. A culpa é minha. Eu tinha que ter insistido mais para ela ter ficado na minha casa ou poderia ter ido com ela. Eu a deixei sozinha e deu nisso.

- A culpa não é sua. Simplesmente não tinha como saber. Pena é um dos piores sentimentos que se pode sentir por outra pessoa. Eu não tenho pena de você, Namjoon. Só não gosto de vê-lo assim, mal... Disseram como aconteceu, ao menos?

- Só me disseram que foi um homicídio.

- Mas quem faria uma coisa dessas?

- Eu n-não sei, Seo Yun. Eu n-não s-sei. - Minha voz sai trêmula e as lágrimas voltam em meu rosto mais uma vez.

- Vamos, você não pode ficar aqui sozinho. Vai ser pior. Se quiser ir na delegacia ou até a casa da Lis, posso ir contigo.

- Não, eu não quero ir a nenhum desses lugares e também não quero voltar para casa. Não quero encontrar ninguém, Seo Yun, se for verdade... - Dou uma pausa na minha fala, pois sinto dificuldade até em falar. O ar falta em meus pulmões. - Não quero me deparar com a realidade de perdê-la de novo.

- Olha... minha casa não fica tão distante. Pode ficar lá, ok? Até se acalmar.

Assinto, e ela estende a mão para me ajudar a levantar. Por que você tem que ser legal comigo, Seo Yun? Será que algum dia vou estar suficientemente bem?

Estou no banheiro da casa de uma enfermeira que conheci há algumas semanas. Até isto parece confuso para mim. Lavo meu rosto e fito meu reflexo no espelho. Meus olhos estão vermelhos e inchados. Isso é o menos importante agora.

Por curiosidade, abro a gaveta do espelho onde tinha vários remédios. Eu não imaginava que ela guardaria tantos remédios aqui.

Hesito por um instante, mas pensamentos ruins vêm à minha cabeça e começo a cogitar a possibilidade de acabar com todo o sofrimento de uma só vez. Era a minha solução, meu "bote salva-vidas". Que irônico, meu "bote salva-vidas" seria a morte.

- Namjoon. - Seo Yun chama do outro lado da porta. - Você está demorando muito. Namjoon.

- Desculpa, Yunie. - Sussurro, levando os comprimidos à minha boca.

Indigo: TONS DE AZULOnde histórias criam vida. Descubra agora