Indigo: TONS DE AZUL

O dia continua cinzento

"Onde está meu anjo? No final do dia, na sombra, alguém venha e me salve, por favor. O suspiro de um dia cansativo, acho que todo mundo está feliz. Você pode olhar para mim? Porque eu estou azul e cinza. O significado das lágrimas refletidas no espelho, escondidas com um sorriso, minhas cores são azul e cinza."

Blue & Grey

YOONGI

Eu estava na delegacia há horas, sem entender por que fui trazido para cá arrastado. No fundo, consigo imaginar o motivo.

Na noite anterior, 23:52...
Horas após o crime.

Passei a noite em claro, a imagem de Lis ensanguentada naquela banheira me atormentava. Jin roncava incessantemente no meu sofá. Vou até a cozinha pegar um copo d'água, mas minhas mãos tremem tanto que mal consigo segurá-lo.

Volto para o quarto, na esperança de conseguir dormir, mas é uma missão impossível. O dia amanhece cinzento, e Namjoon sai furtivamente no meio da madrugada. Rezo para que ele não vá ver Lis.

Que ele não vá até Lis, que ele não vá até Lis... - Repito para mim mesmo.

Batidas fortes na porta me fazem pensar que pode ser Namjoon esquecendo algo. Porém, ao abrir, vejo Jin em pé, coçando os olhos e conversando com policiais. Policiais? Mil ideias invadem minha mente, e um frio terrível percorre meu corpo, como se a morte de Lis fosse a única explicação lógica.

- Precisamos falar com o senhor Min Yoongi. - O policial exige.

- S-sou eu. - Eu me adianto, tentando parecer calmo, apesar das pernas trêmulas.

- Temos um mandado de prisão para o senhor. Precisamos que nos acompanhe até a delegacia mais próxima.

- Por quê? Ninguém vai levá-lo daqui! - Jin me puxa para trás dele, como se fosse me proteger.

- Está querendo ir para a prisão também? Pare de dificultar nosso trabalho e saia da frente.

- É melhor eu ir, hyung. Avise Taehyung, ele poderá ajudar.

- Melhor para quem? Vocês ainda não nos disseram por que estão levando ele.

- Homicídio. Seu amigo está envolvido na morte de Choi Lis. - O policial fala como se homicídios fossem rotina. Sou algemado e colocado na viatura.

Vejo Jin causando tumulto, sua voz alta chega até mim mesmo de dentro do carro.

- O Yoongi jamais seria capaz de matar alguém! Estão levando-o sem provas, isso é injusto!

- Abaixe o tom de voz ou será preso por desacato à autoridade.

Aqui estou, aguardando meu advogado, que está atrasado.

Ouço um tumulto não muito longe. Tenho certeza de que Jin contou aos outros garotos, e eles vieram protestar. Meus amigos definitivamente não são normais.

- Sou o advogado do Min Yoongi. Posso ter um momento com o meu cliente? - Taehyung fala com o delegado, que está cheio de rosquinhas, afirmando ter caído de um caminhão mais cedo. O que isso quer dizer?

- Ok, mas seja breve. Precisamos que seu cliente preste depoimento o quanto antes.

- Está bem, senhor. - Taehyung se afasta comigo, a sós.

- Tenho alguns contatos aqui, e eles me disseram que sua carteira foi encontrada na cena do crime. Quero que me conte cada detalhe para que eu possa construir uma boa defesa.

Vejo Taehyung falando com firmeza, e agora entendo por que ele é um advogado renomado.

NAMJOON

- Falo com o senhor Kim?

- Sim, quem é? Do que se trata?

- Somos da delegacia de Gyeongbuk, ligando para informar sobre o homicídio da senhorita Choi Lis...

- O quê!? Isso é alguma piada de mau gosto? Por favor, diga que não é verdade. Por favor! - Minhas mãos deixam o celular cair, lágrimas brotam sem controle. Não me importo com as pessoas que me encaram na cafeteria.

- O que aconteceu? - Seo Yun pergunta, cheia de preocupação.

- A-ela se foi de novo! De novo! Eu perdi a mulher que amo, Seo Yun. Eu a perdi!

- Como assim? Não estou entendendo. Tente se acalmar, beba isso. - Ela me oferece um copo d'água.

- Não quero. - Passo as mãos pelo rosto, frustrado, sentindo também culpa. Deveria ter cuidado melhor dela. - Seo Yun, Lis está morta.

- Deve haver um engano, tente se acalmar, por favor.

- Preciso ir, quero vê-la. É tudo mentira, não é? Deve ser um erro. - O desespero toma conta de mim, e perco a noção do que estou dizendo. Levanto-me, saindo da cafeteria e esbarrando nas pessoas pelo caminho.

Continua...
Escrito em: 11/03/2023