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"Entre todas as memórias que acumulei, escolho e junto aquelas que são sobre você, enquanto as vejo projetadas pelo quarto. Sinto você em cada pontada de dor. Não importa se está certo, eu só queria que você continuasse sorrindo e sendo a pessoa gentil que você é. Se pudéssemos medir as lágrimas, demorou um pouco, mas finalmente consegui chegar ao seu lado. Eu te encontrei."

Film out





Fui surpreendida com a porta sendo destrancada. Parecia um verdadeiro inferno. Tudo pelo que mais supliquei não foi concedido. A visão de uma arma apontada para Namjoon e Yoongi era terrivelmente aterrorizante.

- Você tem companhia, enfermeira! Achei esses dois ratos querendo entrar despercebidos. - Bomin ressaltou com um belo sorriso vitorioso no rosto.

A agonia percorria junto às lágrimas que inundavam o meu rosto. Era notório o som involuntário do meu choro, que se tornava mais incessante.

- Por que você veio? - Dito entre soluços.

- Como não viria, Seo Yun? Eu nunca iria te deixar.

- Seu idiota.

- Não é hora para DR. Tem uma arma apontada para nós. - Relembrou Yoongi.

- Que saco! Calem a boca, todos. Quem será o primeiro a morrer?

- Moça, acho que a pergunta é outra, quem é você e por que está apontando a merda de uma arma na nossa cabeça?"

- Yoongi, certo?

- O próprio em carne e osso.

- Como Lis foi me deixar por um merdinha igual a você.

- Lis? Minha nossa, agora mais essa. Outra maluca era só o que faltava.

- Cala a boca, infeliz! Lis não era nenhuma louca. Ela só não sabia o que era melhor para ela. Eu não tive outra escolha a não ser matar a pessoa que mais amei, e a culpa é de vocês, cada um de vocês!

- Seo Yun, não tem nada a ver com isso. Deixe-a ir.

- NÃO! Eu não vou sair daqui sem você, Namjoon. Não tente bancar o herói.

- Comovente, mas a enfermeira fica, ela é importante para você, não é? Então ela será a primeira a bater as botas. - A arma é engatilhada.

- Por quê? Lis me repugnava, por que quer me ferir?

- Porque você e Yoongi despertavam ódio e amor na Lis. Enquanto a mim, nem isso tinha. Eu não significava nada para ela. Eu apenas era um band aid para sua ferida.

Nesse exato momento, um som exorbitante vinha da sala. A porta estava sendo arrombada com o momento de distração. Yoongi consegue agarrar a arma ainda nas mãos da mulher, enquanto Namjoon entra em uma briga com seu subordinado que acaba de entrar no quarto.

Tiros são disparados para cima. Vários policiais apontam suas armas em nossa direção. Talvez fosse uma cena quase perfeita de um filme de ação.

- LARGUEM A ARMA! - Um dos policiais exalta com extrema segurança.

A arma é colocada no chão, enquanto Bomin e seu fiel escoteiro são algemados. Namjoon me desamarra com urgência, perguntando sem parar se estou bem ou se me machuquei.

As palavras fogem da minha mente e minha garganta está travada. O choro já não tem som, as lágrimas apenas escorrem pelo meu rosto. Sinto seus braços me envolvendo.

- Está tudo bem agora, não chore. - Sua voz é tranquilizante naquele momento.
Ainda abraçada a Namjoon, vejo os garotos se amontoando no cômodo. Bomin está junto às autoridades, se dizendo inocente. Era tudo uma armação contra ela, até ela conseguir se aproximar o suficiente para sacar a arma que estava na cintura de um dos policiais. Giro Namjoon com toda a força que me resta para o lado oposto, sentindo o impacto das balas me atingirem. As vozes se tornam abafadas, os gritos são frenéticos, minha visão escurece quando vejo o desespero no semblante do homem que amo.

- Seja feliz, Nam. Não fique preso a mim. - Digo as palavras com dificuldade.

- NÃO, NÃO! VOCÊ NÃO PODE ME DEIXAR! ALGUÉM AJUDA, YOONGI, LIGA PARA UMA AMBULÂNCIA, FAZ QUALQUER COISA, NÃO A DEIXE MORRER!

São as últimas palavras que ouço antes de apagar completamente.




ALGUMAS SEMANAS DEPOIS...

- Namjoon, vá para casa descansar. Faz semanas que você está aqui. - O olhar que Seokjin tem sobre mim é de preocupação.

- Não posso. E se ela acordar? Quero estar ao seu lado quando isso acontecer.

- Não importa o que eu fale ou o quanto fale, você nunca vai me dar ouvidos, não é? Pelo menos coma isso. Fiz antes de vir para o hospital.

- Como estão os garotos? E o Yoongi? Ele foi inocentado? Não os vi desde que tive que prestar depoimento, exceto o Hobi, que esteve aqui ontem para ver a Yun.

- Está tudo bem. A vida está seguindo normalmente. Bomin confessou, não de uma maneira passiva, mas enfim ela está em um manicômio neste exato momento. Aquela garota não bate bem da cabecinha.

- Eu sei. Se não fosse por ela, a Seo Yun não estaria em coma agora.

- Ei, sem pensamentos negativos. Ela vai acordar e tudo ficará bem novamente. Mas agora eu tenho que ir. Se cuida, está bem?

- Ok, Jin.

A noite cai gradualmente, o ar gélido entra pela janela, balançando levemente as cortinas. Ajeito o cobertor em seu corpo antes de me recolher no sofá, nada confortável. Minhas costas, com toda certeza, estão implorando por uma cama macia e confortável. Mas o pior já passou. Minhas costas podem aguentar o tempo que for. Eu ficarei aqui até seus olhos abrirem de novo.

Como na previsão do tempo, a noite é fria. O dia já amanheceu. Me levanto ainda bocejando e vou para a janela. Abro-a e coloco a mão do lado oposto, sentindo os flocos de neve caindo. Sim, está nevando.

- N-namjoon.

Me viro e vejo Seo Yun com os olhos vidrados em mim.

- Você acordou. Senti tanta sua falta. Nunca mais faça isso comigo. - Sento na cama, dando-lhe um abraço um tanto desajeitado. - Está sentindo dor? Como está? Vou chamar um médico. - Faço menção de levantar, mas ela segura minha mão, me fazendo ficar.

- Estou bem, só um pouco tonta, mas estou bem.

Acaricio seu rosto com delicadeza, enquanto deixo as lágrimas virem.

- Não chore. - Yun limpa minhas lágrimas teimosamente.

- Eu te amo. - Deixo as três palavras escaparem da minha boca, a fazendo sorrir com aquele sorriso que ilumina qualquer lugar diante da escuridão.

- Eu também te amo, Kim Namjoon.

É nesse momento que me sinto livre. Livre de tudo o que me prendia às memórias ruins. É como se tudo estivesse voltando aos eixos e abrindo novas portas. Eu me permito ser feliz.




Fim!
Escrito em: 27/07/2023

Indigo: TONS DE AZULOnde histórias criam vida. Descubra agora