Capítulo 21: Terceira prova.

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Observei Feyre seguir pelo caminho que os Attors tinham liberado... direto até a figura de Amarantha. (Um ótimo feitiço de glamour para a cena final de um livro). A rainha sorriu quando ela parou ao lado do trono. Tamlin ocupava o lugar de sempre, ao lado, mas Feyre não olharia para ele; ainda não.

— Duas tarefas você já deixou para trás — disse Amarantha, limpando um grão de poeira do vestido vermelho-sangue. Os cabelos ruivos brilhavam, na escuridão reluzente que ameaçava engolir sua coroa dourada. — E falta apenas uma. Imagino se será pior fracassar agora, quando você está tão perto.

A figura de Amarantha olhou para o público com raiva, mas quando seu olhar recaiu sobre Feyre, ela deu um sorriso largo, amável.

Perturbador como podia ser olhar para seu próprio rosto deformado em um sorriso tão horrível.

— Alguma palavra antes de morrer?

Sabia que Feyre estava pensando em uma infinidade de xingamentos, mas, em vez disso, ela olhou para Tamlin. Ele não reagiu, as feições eram como pedra.

— Amo você — declarou. — Não importa o que ela diga a respeito disso, não importa se é apenas meu tolo coração humano. Mesmo quando queimarem meu corpo, vou amar você.

Seus lábios estremecem, e sua visão se anuviou antes de várias lágrimas mornas descerem por seu rosto frio.

Ele não reagiu; nem mesmo apertou os braços no trono. Sabendo que esse não era o verdadeiro Tamlin, ainda sim sabia que ele não teria demonstrado nada, se o fizesse não seria meu semelhante. Tamlin não teria reagido mesmo que seu silêncio a matasse, porque a fraqueza era tão ruim quanto o fracasso e nós não somos permitidos nenhum dos dois, somos monstros com um coração de pedra e almas escuras.

A figura em meu lugar falou, com meiguice:

— Terá sorte, minha cara, se sequer sobrar o bastante para queimar.

Ela apoiou o queixo em uma das mãos.

— Você não desvendou o enigma, não foi? — Não houve resposta, e ela sorriu como devia fazer ao imitar a versão original da vilã.

— Que pena. A resposta é tão adorável.

Amor… sim, uma resposta adorável e tão doentia quanto poderia ser.

— Acabe logo com isso — grunhiu.

A figura olhou para Tamlin.

— Nenhuma última palavra para ela? — perguntou a falsa Amarantha, erguendo
uma sobrancelha. Quando Tamlin não respondeu, ela sorriu para Feyre novamente. — Muito bem, então. — ela bateu palmas duas vezes.

Exatamente como o roteiro manda, o cordeiro sacrificial escolhido por Navi foi um ator melhor do que eu poderia sonhar em ser.

Disposto a morrer por sua rainha, leal até o fim…

Os três inocentes cujas feições e o olhar eu não poderia esquecer nem mesmo em um século, os mais novos nomes para a lista de mortes em minha consciência, olhares novos para assombrar meus pesadelos, entraram na sala do trono.

Com golpes fortes e empurrões bruscos, os guardas de pele vermelha obrigaram os três feéricos a ficarem de joelhos, ao pé da plataforma, mas de frente a Feyre. Os corpos e as roupas não revelavam quem eram.

A figura no trono bateu palmas de novo, e três criados vestidos de preto surgiram ao lado de cada um dos feéricos ajoelhados. Nas mãos pálidas e longas, eles levavam, cada um, uma almofada de veludo escuro. E, em cada almofada, havia uma única adaga de madeira polida. Com a lâmina não de metal, mas de freixo. Freixo, porque… essa seria uma prova terrível e eu assistiria pois era meu pecado e Feyre merecia que eu carregasse esse peso com ela, a verdadeira vítima em tudo isso.

Corte de Renascimento e RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora