Especial*Rhysand.

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A cada manhã minha vida parecia se desfazer um pouco mais, tudo que construí com Feyre de repente se transformou em um castelo de areia se esvaindo entre meus dedos.

Primeiro foi como uma pequena ferida, um corte tão pequeno que foi descartado como insignificante em comparação com outros problemas. Nem mesmo foi classificado como um problema, em alguns momentos me pergunto onde esse pequeno corte aconteceu. Foi antes que eu contasse minhas suspeitas sobre Amarantha ressurgindo dos mortos muito grávida em Hybern? Talvez depois que Feyre viu que eu não poderia consertar o dano na mente confusa de Elain? Quando ela parou de me ver como um grande salvador e me viu como apenas um macho dotado de defeitos e séculos de erros passados e presentes? Quando ela começou a olhar para mim e perceber que não gostava quem eu sou?

Então aquele pequeno corte que não devia ser nada começou a doer e se abrir, gotas de sangue começaram a vazar, mas isso não tornou o insignificante corte em uma preocupação, a dor era ínfima, algo para ser tratado depois, não classificado como um risco real. Foram seus olhos que me disseram que algo profundo estava mudando, mas em geral tudo parecia bem... não existia um bom motivo para falar sobre seus estranhos olhares ou o silêncio prolongado em sua mente durante semanas e sua recusa em explicar. Existe uma gama de problemas maiores e imediatos a serem tratados.

Ao ignorar tal corte e evitar tratá-lo de forma adequada, o que antes era um corte pequeno se tornou uma ferida crescente e infectada. Não tenho certeza quando as coisas pioraram em 6 anos mas, tenho certeza que essa ferida começou a jorrar sangue na noite em que informei Feyre de que estaria levando Amarantha para nossa corte. Foi nessa noite que a ferida se tornou perigosa e digna de atenção suficiente para ser tratada, se tornou um ferimento que escorreu quantidades alarmantes de sangue, parecia purulento e inchado mostrando uma infecção se espalhando muito rápido e por muito tempo.

O último prego no caixão ocorreu quando Feyre descobriu sobre minha ligação com Amy. Isso se tornou uma fonte de estresse que ela insistiu em ignorar quando me obriguei a tocar no assunto, então tudo explodiu em uma agressão gritante contra alguém que não foi responsável por esse feito específico. Ninguém pode escolher laços de parceria, a vida simplesmente não funciona assim! Feyre está ressentida comigo, mas não desconta sua raiva em mim apenas, ela tenta se controlar mas a cada hora parece mais infeliz com o conhecimento de que eu tenho uma ligação com alguém que ambos odiamos por muito tempo.

"O que você quer que eu faça Feyre? Não posso cortar essa ligação! Ninguém pode! A morte é a única saída para isso..."

"Então mate ela! Mate aquele demônio em forma de mulher e poderemos seguir em frente!"

Suas palavras foram tão devastadoras que não pude deixar de pensar que essa não era Feyre falando... Mas é exatamente quem ela é. Feyre sempre foi governada por seu coração humano, ela era pura emoção e eu amei isso nela com o mesmo fervor que odiei seu coração. Muitas de suas decisões impulsivas foram puramente emocionais, sem planejamento estratégico ou sutileza. O coração de Feyre foi a força motriz por trás de seu heroísmo e coragem e seu senso de justiça, ela tinha bondade em sua essência e mostrava isso a cada passo do caminho. Porém em seu idealismo ela ainda é muito jovem e frágil, extremamente falha.

Todas as emoções brilhantes podem ser belas e brilhantes como estrelas... e também podem ser a escuridão que devora o dia em uma noite cheia de horrores. Pergunte a Tamlin o que os desejos de vingança de um coração humano podem chegar. Feyre é boa na maior parte, mas não está além dela cometer atrocidades, se estivesse não seríamos semelhantes.

Feyre pode não agir sobre isso, mas o desejo de ver Amy morta é muito real. Ela esconde esse mesmo ódio e ressentimento amargo por meus filhos? Os ciúmes sem propósito, as inseguranças infantis demais que me tornaram dolorosamente ciente da idade real de Feyre e seu estado emocionalmente humano com o qual sempre foi difícil conviver, sua clara aversão a meus filhos e o ódio mal disfarçado por minha ligação involuntária só trouxeram a luz tudo o que passei a vida inteira odiando em mim mesmo.

Corte de Renascimento e RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora