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Não me parecia uma grande coisa como Cass evitou a biblioteca, como ele mau poderia mencionar a criatura que estava embaixo da escuridão. Era uma coisa pequena, um detalhe irrelevante no meio de discussões sobre a guerra, sobre a catástrofe que seria estar sob o governo de Hybern. Mas agora eu poderia entender o terror... que irônico pensar que meu pior pesadelo algo atemorizante não tem nem mesmo o poder de me congelar.
Posso entender o medo, reconheço o poder por trás do medo, como alguém pode ser influenciado por seu terror tão ferozmente que faria qualquer coisa para estar seguro outra vez. Cass escolheu a evasão, finja que não é real e ignore a maior parte de seja o que for que ele teme. Feyre se recusou a olhar, ela se permitiu ficar vulnerável mas não olhou para a escuridão. Eu olhei e vi perfeitamente tudo o me assombrou em uma vida inteira, meu pior pesadelo, o medo mais profundo em minha alma.
Não o medo de perder alguém, eu sou capaz de atos terríveis e assassinato sangrento para manter minha família segura. Não tenho medo de perder meus filhos como poderia ser esperado. Ser rejeitada por meu irmão teria me rasgado, mas eu não temia nada disso, não mais, não quando passei tanto tempo praticando para dominar minha magia e ser capaz de protegê-los, não.
Meu pesadelo era uma coisinha muito menor e deveras mais feia, a coisinha lamentável e chorosa de rosto vermelho e olhos inchados, agarrada a uma pelúcia como se sua vida dependesse disso. Deuses eu a conhecia muito bem... Como poderia esquecer dessa coisa rançosa que me faz ainda hoje me contorcer de vergonha? Amara.
Uma garotinha fraca que faria qualquer coisa para ser amada por seus pais. Ela que se escondeu em um armário assustada e confusa, ela que estava devastada porque sabia que seus pais a odiaram e não consegue entender o que fez de errado. Eu a odiava! Cada pedacinho dela que ainda se manifesta uma e outra vez em momentos de insegurança, sua voz devastada que se pergunta porque ninguém pode amá-la seu choro e resmungo que me embrulha o estômago toda vez que me vejo sozinha.
Nunca pude me livrar de suas fraquezas completamente, estão sempre comigo. Não importa quantas vezes eu tenha colocado trancas no maldito armário onde ela se escondeu, nem quantas vezes eu imaginei sua morte da forma mais cruel e violenta, nunca consegui abafar sua necessidade de validação. Ainda agora meus sonhos, vontades e anseios se baseiam em tudo o que ela quer, tudo o que sempre quis. Ela foi aquela que sonhou com uma casa tranquila com um amplo jardim, ela sonhou com uma família que a amasse tanto quanto ela os amava e foi ela que teve todo o desejo e ambição que guiaram cada uma das minhas ações.
Mesmo que eu tenha aprendido que o amor é sacrifício, mesmo que eu saiba melhor do que confiar em alguém o suficiente para ser verdadeira, ainda que eu tenha conhecimento baseado em experiências que provaram uma e outra vez que sonhos são ilusões perversas feitas por tolo, ela, a coisinha chorosa que um dia fui manteve uma frágil esperança da qual eu não conseguia me livrar.
Esse sempre foi meu medo mais secreto, meu pior pesadelo se tornando realidade... não o fato de olhar para ela e saber exatamente quem e o que ela é, não o terror estava na inaceitável e ridícula chance de ser resumida e essa massa amorfa de sentimentos deploráveis, voltar a ser essa criatura fraca e digna de pena, incapaz de fazer qualquer coisa além de rastejar por migalhas de afeto.
Num segundo eu estava lá e me sentia exatamente como uma criança prestes a chorar e no próximo o sentimento se foi e tudo o que estava a minha frente era a realidade de Feyre correndo e os gêmeos do terror que a perseguiram em seu encalço enquanto o Bryx se distrai tentando assustar uma pessoa como eu que não possa ser aterrorizada. Simpatizo com Cass, porém diferente dele eu admito meu medo e ao fazer isso sei que ele não tem poder sobre mim.
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Corte de Renascimento e Redenção
FanficGeneral de Hybern, Ladra dos sete grão-senhores, A praga de Prythian, Poderosa, ardilosa e cruel, Grã-Rainha de Prythian. A melhor e mais odiosa vilã de "Corte de Espinhos e Rosas" está marcada para morrer no final do primeiro livro, um destino mere...