Capítulo 14: O papel de uma Vilã.

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Estava olhando meu caderno de notas tranquilamente na noite antes da segunda prova de Feyra, por algum motivo sentia que que perdia um acontecimento importante para essa data e novamente procurei entre minhas notas se teria algo para o dia de hoje.

Entre minha anotação sabia que boa parte da história ficou perdida, a maioria das notas estava fora de ordem e eu realmente não conseguia lembrar muito de um livro que acabei lendo uma única vez.

Segui a rotina como estive fazendo nos últimos dias, fazer a primeira refeição do dia na paz e solitude da ante-sala ao lado do meu quarto, caminhar durante uma hora nos corredores de sob a montanha e então ir para o escritório onde infelizmente estava me matando para aprender o mais rápido possível, como administrar uma corte sem receber ajuda nenhuma. Fiz todo o possível para evitar suspeitas enquanto me esforçava para realizar as tarefas com pressa; como as contas e os malditos orçamentos e tributos cobrados em cada uma das 7 cortes de Prytian. _ Eu sou uma artista droga! Matemática não era minha melhor matéria nem quando estava no fundamental.

Sem tempo para nada mais que um almoço rápido, continuei tentando desenrolar com os papéis em minha mesa no escritório, uns são papéis de cartas simples em qualquer selo, outros são papéis de projetos sobre os quais eu não sabia nada, por fim também recebi as terríveis cartas que Navi me trouxe, uma vez por semana, com um nome desconhecido que vieram direto de Hybern, as quais eu me recusei a ler.

Em minha percepção, abrir qualquer uma dessas cartas seria como abrir a "caixa de Pandora", nada de bom pode sair de notícias diretas de Hybern.

Como se não fosse só isso eu recebia um ou outro visitante com problemas para resolver entre os feéricos inferiores que só para me deixar feliz, eram as pessoas que mais odiavam Amarantha, já que ela os manteve presos no subsolo da montanha na escuridão durante 50 anos… eu também odiaria a responsável por me aprisionar, infelizmente meu papel que recebe nesse universo não foi o de uma vítima inocente.

Como sempre o dia foi o que eu carinhosamente continuei a chamar de inferno e eu estava absolutamente pronta para me isolar na sala de jantar fazer uma refeição calma, antes de tomar um merecido banho e cair na cama torcendo muito para acordar na pele de outra pessoa. Claro que o dia ainda não tinha terminado.

Eu sabia que o sentimento estranho que estava decidida a ignorar durante o dia todo voltaria para me assombrar. Um fato comprovado já que assim que olhei para os olhos escuros de Navi parado na porta do meu escritório sabia que algo ruim aconteceria.

Quando escutei as palavras do meu attor sabia exatamente qual cena do livro tinha escapado entre minhas anotações, algo que eu não poderia mudar sem destruir minha muito questionável imagem como vilã.

Sei perfeitamente que todas as cenas onde Amarantha ordenou e permitiu que Feyra e outros fossem terrivelmente torturados foram ignoradas por mim, cenas importantes que eu a todo custo queria evitar… ameaçar e fazer são coisas diferentes, porém se continuar mudando a imagem de Amarantha como uma vilã horrível e cruel, estarei me colocando em perigo 

Falta de crueldade vai se tornar fraqueza aos olhos deles, e ninguém teme se revoltar contra um tirano que está fraco, eu não vou sobreviver em uma revolta sem saber usar os poderes de uma Grã-Rainha e eu com certeza não sei usar os poderes de Amarantha, eu não posso permitir que isso se torne uma reação em cadeia…

Respirei demoradamente e olhei para o anel em meu dedo, o olhar fixo que Jurian em mim julgador e assombrado como sempre, quase me senti tão infeliz quanto aquele único olhar parecia. Os sacrifícios que estou disposta a fazer para sobreviver, para manter meus bebês seguros, para fugir desse lugar e para viver tranquilamente em minha cabana, não existe um limite que eu não esteja disposta a ultrapassar se isso garantir que vou sair dessa história.

Corte de Renascimento e RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora