Prólogo: O início.

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*Alerta: Suicídio.

🌿🥀🌿

Naquele momento, enquanto a chuva caía como um dilúvio sob minha cabeça ao som assustador dos trovões e raios como se o próprio céu estivesse a poucos minutos de cair junto a tempestade, eu sabia que tinha perdido tudo…

Não posso dizer que meu tudo era perfeito, mas era o meu tudo!

Viver e respirar pela felicidade de alguém não é algo que qualquer um pode fazer. Negar a si mesmo sabendo que no momento que tomou essa decisão nada que fizer no futuro poderá ser um ato de egoísmo. Independente da dor ou da rejeição eu vivi e respirei para a pessoa mais importante em minha vida… Não foi suficiente, ela estava morta. Ela definhou bem na minha frente e eu nem percebi.

Acredito que não exista forma mais cruel de partir do que a que ela tomou. Hope ativamente escolheu a morte, ela rejeitou tudo o que eu fiz por ela, tudo o que me tornei por ela… Hope era meu coração e alma e, sem ela tudo o que eu me restou foi uma concha vazia, desprovida de qualquer sentimentos ou humanidade, cujo único propósito é assassinar o responsável pela morte de minha irmã.

Teria sido um dia como outro, eu me levantei para abrir a loja na parte de baixo do apartamento, arrumei a vitrine com tocas pessoas em exibição, limpei o balcão e conferi o caixa da loja antes de verificar o alarme e abrir a porta dos fundos onde os funcionários poderiam entrar e levantar as proteções e pendurar a placa de "aberto" na porta da loja.

Ser dona de uma loja de antiguidades não era fácil nos dias de hoje, mas rendia dinheiro suficiente com as formas de divulgação que fazem sucesso nas redes sociais e principalmente abria lugar para exibir as peças originais que eu fazia no pequeno estúdio de esculturas que construí em meu apartamento no andar de cima.

Minha única funcionária era uma jovem adulta que trabalhava aqui durante o dia e estudava a noite, eu a deixava cuidar de tudo durante a maior parte da manhã para trabalhar em minhas esculturas e de tarde lhe ajudava na loja.  Nunca houve um grande movimento, a maior parte da renda era por compras online, mas eu gostava da loja e a manteria aberta enquanto pudesse pagar.

Falei por uns minutos com a funcionária e voltei ao apartamento onde comi uma tigela de cereais açucarados, nenhum pouco saudável e fui até o estúdio. Sem dar importância para a bagunça que estava na cozinha ou que continuava vestido um pijama velho cujo qual me recusei a jogar fora mesmo sendo quase um trapo.

Abrir as pesadas cortinas, prender o cabelo, organizar os materiais e por fim colocar as mãos na argila e começar a moldar como sempre em meu sagrado rito matinal.

O dia estava claro e o brilho do sol era quase ofuscante para o início da primavera, mas eu amava trabalhar com o clima, mesmo que não fosse perceptível em qual estação estava quando se vive em um lugar como New Orleans.

A primavera sempre foi minha estação, Renascimento e esperança, ver o Sol nascer depois de um longo e triste inverno, eu amava o significado e amava o clima, tanto que nem percebi o tempo passar enquanto esculpia um grande caso de argila escura para plantar um pequeno ipê japonês e colocar para dar um pouco mais de vida a loja, o lugar as vezes perdia o brilho alegre em toda aquela novilha antiga e escura e eu pessoalmente gosto de mesclar o novo ao antigo.

Parei um pouco e como um sinal de que devia descansar mais do que apenas um minuto para ajustar a postura. Limpei rapidamente as mãos em uma toalha já bastante suja de argila molhada que eu precisava colocar para lavar e atende o telefone sem conferir quem era primeiro.

_ Amara? - A voz de Hope tremeu levemente mas não questionei, ela tinha estado emocional desde que descobriu sua tão desejada gravidez.

_ Sim. Como você está? Ainda lendo aquele livro estulpido para o meu sobrinho?

Corte de Renascimento e RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora