Capítulo 3: Sobrevivente.

1.5K 219 18
                                    

🌿🥀🌿

Detestava esperar. Estar acordada e em silêncio permitiu que minha mente viajasse sem parar em tudo o que eu podia ignorar em meu recente isolamento.

Sabia que os rumores sobre meu estado mental corria entre as pessoas por toda a montanha, eles achavam que finalmente a Grã-Rainha tinha enlouquecido, outros tramavam para me matar e devolver os poderes dos grãos-senhores e recuperar a paz de Prythian, minha ausência era vista como fraqueza, mas nunca pensei que Rhysand apareceria aqui por vontade própria…

Eu podia ouvir os sussurros perturbadores da montanha e sentir o rastejar de poder que circulava nesse lugar sinistro, me perguntei se Amarantha também podia sentir o quanto o poder desta terra estava distorcida e hostil, querendo se libertar de suas garras.

Sentia o frio da montanha e sentia os tremores da terra abaixo do solo, sabia exatamente o que estava se movendo, mas não me movi.

O silêncio e a solidão estavam me  engolindo junto do vazio abominável e sufocante. Eu fiquei anestesiada, sem nada por dentro além de um espaço oco em minha alma partida e as divagações de minha mente.

Rhysand apareceu pouco mais de 15 minutos após a feérica sumir junto da bagunça no quarto, parecia cauteloso e se movia no amplo espaço como um lobo testando as águas antes de atravessar um terreno perigoso. Provavelmente estivesse aqui para descobrir qual o estado da mulher que possui quase todo o poder dos 7 Grão-senhores de Prythian, e testava as águas para saber como Amarantha reagiria quando ele apareceu sem ser chamado.

Estava muito consciente da presença dele mas não olhei em sua direção, a presença dele ou a de ninguém me interessava naquele momento, nada me interessava além do esperado curandeiro.

Senti quando ele com muito cuidado e sutileza tentava entrar por entre meus escudos mentais, talvez por ter os poderes de Amarantha, mas podia sentir a tentativa de violar minha privacidade e foi quando lancei um olhar que o fez parar, como se soubesse que tinha sido pego e esperava uma punição.

Mas eu não estava com raiva dele, Rhysand queria saber se Amarantha machucaria as pessoas queria sempre proteger todos as custas de seu próprio bem estar mesmo quando assume o papel de vilão... Vendo de perto, não parecia tão apelativo.

Olhei profundamente em seus olhos pensando se me daria ao trabalho de falar com ele, mas desviei o olhar para o anel em minha mão. O olho de Jurian olhava para mim de volta e pensei se ele seria o único em quem poderia confiar a verdade sem alterar a narrativa em progresso desse mundo.

Jurian não vai acreditar em nada que eu fale, Rhysand também não... Para eles e para qualquer um, Amarantha sempre será a vilã, nada pode mudar isso. Eu sou a vilã dessa história.

Tentei tirar o anel mais vezes do que poderia contar nessas últimas semanas, mas ele não sai de jeito algum, agora já não me importava de ter ele me encarando.

Sem realmente estar disposta a conversar me concentrei em meu luto, a maior perda, minha razão de existir.

_ Porque ele a tirou de mim? - Questionei ao olhar para Rhys novamente.

Bonito como sempre, usando um conjunto chique e espalhafatoso de roupas pretas, o cabelo bagunçado e seu lindo sorriso de deboche. Ele era bom em esconder seus sentimentos.

Quando falei ele pareceu confuso mas logo percorreu os olhos do meu rosto até o olho preso ao anel e de volta para mim. Deve acreditar que estava falando de Jurian o assassino da irmã de Amarantha, mas na realidade eu falava de Frank o responsável por tirar a vida de Hope, a minha irmã.

_ Sabe, ela era boa... Como um raio de Sol num dia sombrio, Porque ele a tirou de mim? Se queria uma vida eu teria oferecido a minha com prazer. - Falei num tom frio que pareceu assustador até para mim.

Corte de Renascimento e RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora