Experiência

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NanFah

Entro na loja e vou direto para o estande de tiros, esse já está se tornando um lugar familiar para mim, e muitas mulheres gostosas frequentam o lugar, isso é um bônus.

Uma mulher com um corpo lindo passa por mim e não posso deixar olhar, ela revira os olhos e apenas vai embora, são mulheres bonitas, mas são muito raivosas. Eu dou risada e continuo seguindo.

Entro e já vejo o Pakorn no balcão, sorrio para ele e aceno para o irmão, ele pega os equipamentos e vem na minha direção.

— Boa tarde, NanNam! Vamos?

Nós vamos para o estande, eu coloco os fones, desmonto e monto a arma e começo a atirar, ele trás o alvo para perto, estou chegando cada vez mais próximo do centro.

— Você é bom, aprende tudo muito rápido, NanNam.

Eu sorrio, ele troca o alvo e manda para trás.

— De novo. Se precisar me chama.

Eu concordo e ele vai para os outros alunos. Quando dá o meu horário eu sei que tenho que ir embora, mas ultimamente esse é o único lugar que eu fico a vontade, já que eu ainda não posso voltar para o Rendezvous e sempre me confundem com o NanNam nos outros lugares.

Eu vou para o balcão e devolvo os equipamentos e me despeço do Pakorn e do irmão.

— Vai fazer o que agora, NanNam?

— Vou pra casa provavelmente.

— Eu vou olhar um terreno que quero comprar para um novo campo de tiros, tá afim de ir junto?

Eu concordo e ele faz um sinal para o irmão, pega as coisas dele e saímos, vamos para o estacionamento, entramos no carro e partimos.

Fico observando ele dirigindo, com o tempo acabei notando várias diferenças entre ele e o Kong. O Pakorn é bem mais magro e um pouco mais alto, o cabelo é mais cumprido e mais escuro, a pele dele é mais escura também. Ele está sempre animado, parece que nada negativo o afeta, ele é muito paciente e parece carregar o peso do mundo nas costas, mesmo ao lado do irmão ele parece solitário, somos muito parecidos nisso, por mais que eu e o meu irmão nos amemos muito, as vezes eu me sinto solitário.

— Você tem amigos, Pakorn?

— Poucos. Digamos que as pessoas não gostam muito de estar perto de mim.

— Porque?

Ele me olha e sorri.

— Quando eu nasci os meus pais perderam tudo que tinham, as pessoas começaram a dizer que era por minha culpa, porque eu nasci com azar, muita gente acredita nisso ainda.

Eu dou risada, mas ele não.

— É sério isso?

Ele acena confirmando.

— O meu pai acreditou nisso por anos, ele achava que tudo que dava errado nas nossas vidas era minha culpa, então ele me castigava muito, as vezes por bobagens, ele não gostava que eu chegasse perto do Win ou da Li... Enfim, acho que um cachorro de rua era tratado melhor do que eu.

— Por isso você disse que queria ser outra pessoa?

Ele dá um meio sorriso e não fala mais nada, eu não falo nada também, encosto a cabeça na janela e olho para a estrada, sei como é difícil falar sobre uma vida ferrada.

— O seu irmão ainda está com problemas?

Eu olho para ele sem entender.

— É seu irmão, não é? O NanNam das notícias, ele está bem?

— Não tenho certeza, não tenho contato com ele.

— Que droga!

Seguimos o resto da viagem em silêncio, mas é um silêncio confortável e isso me deixa preocupado, com toda essa confusão com o meu irmão eu estou perdendo o foco, eu não estou aqui para me sentir confortável, eu estou procurando um jeito para usar o Pakorn para afastar o Kong do meu irmão. O NanNam não tem outros amigos além dos Jungles e eles não sabem aonde ele está, o que faz eu ter quase certeza de que ele está com o Kong.

Eu olho para o Pakorn e sei que o jeito mais fácil seria se o meu irmão pegasse a gente se  beijando ou fazendo algo mais, já funcionou outras vezes, ele odeia pessoas que nos confundem, odeia mais ainda as mulheres que dormem comigo pensando que eu sou ele, mas será que eu conseguiria ir tão longe com o Pakorn?

O carro para e ele sorri pra mim.

— Vamos?

Eu aceno e tiro o cinto. Nós andamos pelo campo, não sei o que ele está procurando, mas ele anda por todos os lados, quando voltamos para o carro ele parece satisfeito.

— Já terminei aqui, vamos embora?

— Podemos beber alguma coisa? Estou com sede.

— Ok, fica aqui.

Ele sai correndo e eu me encosto no carro, uns dez minutos depois ele volta com algumas latas de cerveja para no meio do campo, senta no chão e eu vou até ele, pego uma lata abro e sento também.

— Você vai comprar?

— O campo é bom, mas nós vamos ter que fazer uma avaliação de mercado, pesquisar clientes em potencial.

— Entendi.

Ele termina a lata de cerveja dele, mas não pega outra.

— Não vai beber mais?

— Não, eu tenho que dirigir, mas pode beber.

Pego outra lata, abro e fico olhando para o nada, ele deita no chão e fecha os olhos. Eu bebo a minha cerveja e viro um pouco para observar ele, será que eu vou conseguir ir tão longe? Beijar ele, transar com ele...

Eu me inclino na sua direção, o Pakorn abre os olhos, mas não se mexe, eu me aproximo um pouco mais e o beijo. É muito estranho fazer isso, mas eu tenho que fazer, é apenas uma experiência, tenho que descobrir até onde eu posso ir. Ele não evita , apenas deixa eu beijar, quando me afasto ele senta.

— Se sente melhor?

Eu olho para ele sem entender.

— Você parecia precisar disso. Você se sente melhor?

— Não muito.

— Ok, então não fazer isso de novo, NanNam.

Eu fico realmente confuso, se ele não queria porque me deixou fazer?

— NanFah, esse é o meu nome, NanFah.

Ele sorri e estende a mão.

— Muito prazer, NanFah.

Kong

A luz bate no meu rosto e eu acordo, nunca lembro de fechar as cortinas, viro para o lado e tento dormir, mas não consigo, então levanto, fecho as cortinas e vou para a cozinha beber um copo de água. Quando entro na cozinha dou de cara com o NanNam, esqueci completamente que ele estava aqui, em sempre esqueço!

Ele vira e me olha de cima a baixo sem disfarçar, eu estou apenas de cueca, não tem muito escondido, mas não faz diferença, ele conhece cada parte do meu corpo.

Ele joga a água na pia, lava o copo, vem na minha direção, quando passa por mim sinto as cargas elétricas que sempre passam entre nós, mas não me mexo, não respiro, nem olho na sua direção, quando ele fecha a porta do quarto eu finalmente consigo respirar.

— Definitivamente uma péssima ideia!

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