Desalento

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NanFah

Fico olhando para o celular pensando se eu falo ou não para o NanNam sobre o meu sonho, mas é melhor não dizer nada, ele já tem muita coisa na cabeça, então desligo e guardo o celular, olho para o bar e o Hunter está limpando, ele esta sempre limpando.

Quando a minha cerveja acaba eu peço outra e os Jungles chegam, o Hunter trás mais uma cerveja e eu fico olhando as pessoas dançando enquanto tento não prestar atenção na conversa.

- NanFah?

Eu olho para o Nathee e ele aponta, olho para o bar e um mulher está parada olhando na minha direção, quando vê que estou olhando ela sorri e coloca o cabelo atrás da orelha, eu bebo a minha cerveja, levanto e coloco a garrafa na mesa.

- Estou indo embora, até amanhã.

Eles me olham sem acreditar, mas eu não estou com cabeça pra isso mesmo, aceno para o Hunter e saio, entro no carro e começo a dirigir sem rumo, quando percebo estou na região do clube de tiros, vejo o horário e são 19:15, ainda está cedo e eu não tenho o que fazer, então vou para lá pela primeira vez em dias. Depois que o Pakorn resolveu sumir eu não tinha porque ficar indo lá, mas hoje eu preciso de algo para me distrair e treinar vai ajudar com isso.

Chego no clube e vou entrando como sempre, mas uma mulher me para antes de chegar no corredor.

- Com licença, quem é você?

- NanFah?

Eu olho para o Win e aceno.

- Ele é um cliente, Li.

- Ah, me desculpe, eu nunca te vi por aqui.

- Eu estou ocupado esses dias.

Ela sorri e o Win faz um sinal para eu entrar, me dá o equipamento e uma arma carregada.

- Eu quero uma caixa de balas hoje, Win.

- Tem certeza?

- Tenho.

Ele vai no estoque e volta com a caixa, eu pego tudo e vou para o estande mais distante, não quero falar com ninguém hoje.

Atiro sem parar, por minutos, horas provavelmente, algumas pessoas tentam falar comigo, mas eu ignoro, o Win também vem, mas eu não falo com ele também.

Cada vez que eu atiro os meus braços doem e eu foco na dor, isso faz eu esquecer de todo o resto. Dou um tiro e a dor começa na minha mão, se espalhando por cada músculo, fecho os olhos, espero e atiro mais uma vez, quando as balas do pente acabam eu recarrego com as últimas cinco balas da caixa. Atiro uma, duas, três, quatro, cinco vezes, as balas acabam, mas eu continuo apertando o gatilho.

Uma mão segura as minhas e abaixa, eu olho para o Pakorn que está sério. Ele tira a arma da minha mão, coloca no balcão, me puxa para ele e me abraça, eu não sei o que fazer por um momento, então eu o abraço também, não sabia que precisava disso até esse momento, mas eu realmente precisava.

De repente todo aquele peso que estava no meu peito desde a hora que eu acordei me atinge, sonhar com a morte da minha mãe, lembrar de tudo o que passamos, o dia de hoje... Como eu queria que esse dia não existisse, odeio o aniversário dela mais do que odeio a data da sua morte! E tem o NanNam, ele está cada vez mais distante de mim, tenho medo de perder ele de verdade dessa vez. Tudo me atinge de uma vez, eu não aguento mais segurar tudo isso dentro de mim, então choro.

O Pakorn me aperta mais ainda e me deixa chorar, não pede para eu me acalmar, não fala que vai ficar tudo bem, não pergunta o que está acontecendo, ele apenas me abraça e me deixa chorar

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