Ataque

139 28 4
                                    

NanFah

Saio do estacionamento e atravesso a rua, me assusto com uma buzina muito perto de mim e um carro para a poucos centímetros da minha perna, o motorista buzina mais uma vez, eu mostro o dedo do meio pra ele e volto a andar.

- NanFah!

Eu ignoro e continuo andando, chego do outro lado da rua olho para os dois lados, mas não sei para onde ir, não conheço bem essa região.

- NanFah?

Vou para a esquerda e ando rápido, viro a direita, mas entro em um beco, quando viro para sair do beco ele está na minha frente.

- Fah, para, vamos conversar!

- Não tem nada pra conversar, Pakorn, você já tomou todas as decisões sozinho, já decidiu onde é o seu lugar, então não temos o que conversar.

Eu ando para sair do beco, ele entra na minha frente e segura os meus braços.

- Fala comigo, NanFah, eu estou perdido aqui, o que está acontecendo?

- Vai se foder, Pakorn!

Eu empurro ele, que me olha assustado e dá dois passos para trás, derrepente ele cambaleia para o lado caindo no chão, eu corro até ele e me ajoelho ao seu lado.

- Peguem os dois!

O Pakorn que tenta levantar, mas não consegue, ele coloca a mão na cabeça, quando tira tem sangue na mão, ele tenta levantar mais uma vez e uma mão segura o braço dele, sem muito tempo pra pensar eu levanto, empurro o cara e dou um soco nele, eles estão em três, se aproximam e eu fico na frente do Pakorn, não posso deixar ninguém chegar perto dele.

Pego as adagas do meu pingente, duas delas se encaixam formando uma maior de duas pontas, seguro a dupla na mão direita e a outra na mão esquerda, dois deles estão com pedaços de madeira, mas o terceiro pega uma faca. Antes que me ataquem eu vou para cima deles e acerto os dois que estão com os pedaços de madeira, um na barriga e outro na coxa, isso vai deixar eles mais lentos. O cara da faca se aproxima rápido, quando me ataca eu desvio e acerto o seu braço, ele me ataca mais uma vez e dessa vez eu atinjo a perna, vejo um movimento atrás de mim e me pulo para o lado, o cara que eu acertei a barriga passa direto acertando uma lata de lixo com o pedaço de madeira, o da faca vem pra cima mais uma vez, eu seguro a mão dele e dobro o mindinho, quando ele solta a faca eu jogo ela no cara da lixeira, o outro grita e eu viro colocando o cara da faca na minha frente, ele leva a pancada no ombro e cai, eu aproveito que o outro está olhando para o amigo, pulo em cima dele e acerto com a adaga três vezes, braço, ombro e perna. Eu me afasto e volto para a frente do Pakorn, dois deles que ainda conseguem andar pegam o que está com a faca na perna e saem do beco, eu ajudo o Pakorn se levantar e saio com ele antes que mais deles apareçam. Coloco o braço dele no meu ombro e levanto.

- Fala comigo, Pakorn, você está bem?

Ele dá uma risada fraca.

- Agora você quer conversar, Tigrão?

Depois que fala isso o seu corpo amolece e ele fica muito pesado.

- Pakorn? Pakorn? Merda!

Eu ando praticamente arrastando ele para fora do beco e volto para o tribunal, é o lugar mais seguro agora, quando vêem eu me aproximando dois seguranças correm na minha direção.

- Eu preciso de ajuda! Preciso de um médico!

Eu deles para e fala no rádio, o outro pega o braço do Pakorn e me ajuda a carregar ele, em menos de dois minutos uma ambulância chega e nos leva ao hospital que fica cinco quadras depois do tribunal.

Eles atendem ele no pronto socorro e levam ele para fazer raio x e tomografia, eu quero ligar para alguém, mas deixei o meu celular no carro do Pakorn quando sai. Eles voltam com o Pakorn e eu peço um quarto particular, preencho a papelada e entro com ele.

Fico ao seu lado esperando por quase meia hora até o médico aparecer.

- Boa tarde! Senhor...

- NanFah.

- O senhor e parente próximo?

Eu olho para ao Pakorn.

- Nós moramos juntos, ele é meu companheiro.

Ele olha pra mim e para o Pakorn desconfiado, mas acena, pega algumas imagens de raio x e olha contra a luz.

- Não tem nenhuma fratura e não encontramos nada na tomografia, vamos esperar ele acordar para avaliar a situação novamente. Como o incidente aconteceu no tribunal quando chamaram a ambulância os seguranças também notificaram a polícia, eles vão esperar ele acordar para pegar o depoimento.

- Tudo bem.

- Quando ele acordar eu volto para reavaliar.

- Será que demora? Quer dizer, pra ele acordar?

- Não tem como saber se extensão dos danos, então é difícil saber, eu sinto muito.

Ele sai e eu sento ao lado do Pakorn, depois de alguns minutos eu tenho uma ideia, pego a embalagem que trouxeram com as coisas que tiraram dele para fazer os exames pego o seu celular, vou até ele e desbloqueio com a sua digital, procuro o meu irmão na lista e ligo pra ele.

- Pakorn?

- Nam, sou eu...

- Fah? Aconteceu alguma coisa?

Eu olho para o Pakorn.

- Nós fomos atacados perto do tribunal, eles acertaram a cabeça do Pakorn antes de vermos eles chegando... Enfim, eu preciso de roupas limpas, a minha está cheia de sangue, pode trazer pra mim?

- Você se machucou?

- Não.

- E o Pakorn? Onde vocês estão?

- Nós estamos no hospital perto do tribunal.

Antes que eu consiga me controlar eu soluço e começo a chorar.

- Ele não acorda, Nam...

Ele fica em Silêncio, então eu começo a ouvir barulhos a sua volta, ele está se movendo.

- Eu já estou indo, Tigrinho, fica calmo!

- Ok.

Ele desliga e eu seguro a mão do Pakorn, mas isso não é suficiente, então arrumo ele na cama, me deito ao seu lado e choro sem parar.

Kong

- Nam, o que está acontecendo?

Ele anda pegando as roupas do chão e veste com pressa.

- Se arruma, Lobinho, nós temos que ir.

- O que aconteceu?

- Eles foram atacados, estão no hospital. —Ele para, me olha e suspira. — O Pakorn está internado e não está acordando, foi tudo que o NanFah contou.

Eu pego as minhas roupas e me visto rápido, quando vejo ele está na minha frente parado, ele segura o meu rosto e limpa as lágrimas, nem percebi que estava chorando.

- Ele vai ficar bem, Lobinho.

- É minha culpa, Nam, é tudo minha culpa!

- Não é sua culpa, Lobinho.

- É sim, ele estava bem até eu o conhecer, agora vive em perigo! Se acontecer alguma coisa com ele...

- Ele vai ficar bem, Kong, eu prometo!

Ele me abraça e eu não consigo parar de chorar.

Selvagem Onde histórias criam vida. Descubra agora