Resultado

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NanNam


Antes
O telefone toca e eu olho o horário, já são nove horas e eu estou na quinta noite seguida sem conseguir dormir um segundo sequer. Eu fico esperando ele aparecer toda noite enquanto rezo para ele não vir, até agora ele não veio e isso está acabando comigo, não saber como ele está, não poder ir até ele...

O telefone continua tocando e eu atendo.

- Oi, NanFah!

- Oi, Nam.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não, eu só liguei pra contar, acho que vou ficar por aqui mais alguns dias.

Eu passo a mão pelo rosto e tento acordar, estou quase caindo de sono.

- Quanto tempo mais?

- Não sei, porque você não aproveita que se formou e vem passar um tempo aqui comigo?

- Eu não sei, Fah, eu vou pensar. Você está bem?

Ele fica em silêncio e isso me preocupa.

- Fah?

- Eu estou bem, mas semana que vem...

Eu faço as contas de cabeça e lembro, é aniversário de morte da nossa mãe.

- Eu vou estar aí com você, Fah, eu prometo!

- Obrigado, Nam. Eu tenho que desligar agora, te ligo amanhã.

- Tudo bem, até amanhã, não de mete em nenhum problema, Tigrinho!

- Eu sei, eu sei.

Ele desliga, eu deito e tento dormir, meia hora depois eu desisto e levanto, faço café e tomo, tento ler o jornal e tem um anúncio de uma celebração do sétimo dia do falecimento do avô do Kong. Como será que ele está? Fico olhando para o anúncio por um longo tempo, vejo o horário mais uma vez, vou para o quarto, me visto e saio.

Chego no campus e vou até o prédio dele, mas não o encontro em lugar nenhum, vou andando até o refeitório e vejo ele encostado na árvore com fones no ouvido e olhos fechados. Eu me aproximo devagar e sento ao seu lado, fico ouvindo a música tentando lembrar onde eu já ouvi, é muito triste. Ela acaba recomeça e recomeça, eu acabo me lembrando é Adagio for Strings. Quando a música começa mais uma vez eu olho em volta e todos já se foram, mesmo assim ele não se mexe, mais ou menos uma hora depois o seu telefone toca, eu levanto rápido e me afasto, vou para trás de outra árvore e fico observando, ele manda uma mensagem, levanta e sai, está tão distraído que passa por mim e não me vê, mas eu o vejo, o seu olhar cansado, as olheiras, eu posso jurar que ele perdeu peso.

Mais uma vez quero correr até ele e o abraçar, mas apenas vou embora.



Agora
O telefone dele toca, mas ele não acorda.

- Lobinho?

Ele se mexe, vira e me abraça.

- Lobinho, o seu telefone.

Ele pega o telefone, atende e coloca no ouvido.

- Alô? O que?

Ele senta rápido e eu sento também, ele me olha e sorri.

- Tudo bem, obrigado!

Ele desliga e continua sorrindo.

- O que aconteceu?

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