Tensão

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NanNam


Antes
O Pine me cutuca com o pé e aponta com a cabeça para fora, olho naquela direção e vejo ele.

- Finalmente ele está sozinho, vai atrás da sua presa, NanNam!

Eu suspiro e levanto, não sei porque fui aceitar essa aposta. Na verdade eu sei, 20 mil dólares, foi por isso que eu aceitei.

Saio do refeitório e vou na sua direção, ele está de olhos fechados com fones de ouvido, sentado no chão encostado em uma árvore. Ele não vê eu me aproximando, sento ao seu lado, encosto na árvore e fico em silêncio ouvindo a música que está em um volume muito alto, me surpreende ele gostar de Chopin, principalmente uma peça tão melancólica como Noturno n⁰20. Quando a música acaba ele suspira e tira os fones de ouvido.

- Onde está a sua alcatéia, Lobinho?

Ele se vira e me olha surpreso.

- Não tinha te visto ai, Phi.

Eu olho para ele sorrindo e percebo que ele fica olhando para os meus lábios .

- Então, onde estão os seus amigos, Lobinho?

- Em algum shopping, bar, ou qualquer outro lugar, não sei realmente, Phi.

Eu estendo a mão para ele.

- Não precisa ficar me chamando de Phi, Lobinho, meu nome é NanNam.

Ele sorri e pega na minha mão, sinto uma descarga elétrica a partir das nossas mãos que percorre o meu corpo, ele olha nos meus olhos e expira, eu solto a sua mão e levanto.

- Não anda por aí sozinho, Lobinho, pode ser perigoso.

Agora
Acordo ouvindo o Noturno N⁰20 de Chopin e automaticamente eu penso nele, é inevitável, sempre me lembro dele quando escuto essa peça. Olho para o relógio e são 3h da manhã, fecho os olhos e fico ouvindo a música, ela acaba e recomeça várias vezes, acho que o Kong dormiu ouvindo ela, mas eu não vou conseguir dormir assim.

Vou até a sala e vejo ele sentado em uma poltrona, me aproximo, ele está de olhos fechados e o controle do som está do seu lado, quando eu pego o controle ele segura o meu pulso, sinto uma descarga elétrica percorrendo o meu corpo, olho para ele que ainda está de olhos fechados, ele abre levemente os lábios e expira, eu sei que ele também sente isso.

Ele ainda está segurando o meu pulso quando abre os olhos e fica me encarando, a música recomeça e nós não nos movemos. Quando chega naquela parte que escutei com ele há muito tempo atrás eu começo a me aproximar, os nossos lábios de tocam e ele vira o rosto, beijo o seu rosto e vou descendo beijando o seu pescoço, ele aperta mais ainda o meu pulso, mas continua com o rosto virado.

- Vamos jogar, Lobinho?

Ele inspira e expira, então olha para mim.

- Não!

Ele solta a minha mão e eu me afasto, vou para cozinha pego um copo de água e bebo, preciso me controlar! Coloco o copo balcão, fecho os olhos e me concentro, essa tensão entre nós sempre me desestabiliza.

Sinto a energia vindo do seu corpo quando ele se aproxima e me abraça, ele beija o meu pescoço enquanto abaixa a minha calça.

- Sem jogos hoje, Nam, eu só quero você.

Eu não digo nada e ele não espera resposta, apenas me penetra devagar, ele entra e sai lentamente enquanto eu me masturbo, sempre foi assim, ele não gosta de foder, ele gosta de sentir cada partícula de prazer que o sexo pode proporcionar. Quando gozamos ele me vira e me beija, se afasta e alguns segundos depois ouço a porta do seu quarto de fechando. Vou para o meu quarto também, olho para a cama, mas não quero dormir, decido tomar um banho para tentar relaxar e esquecer a merda que estou me metendo, a minha vida já está uma confusão, estou deixando ficar pior ainda.

Levanto e vou para a cozinha, esse horário o Kong está na universidade então eu fico sozinho no apartamento, claro que ultimamente eu fico praticamente o dia todo sozinho no apartamento, não sei se ele está me evitando ou se nunca fica em casa mesmo, mas não me importo, as coisas já estão confusas demais do jeito que estão, a convivência só pioraria tudo, provavelmente matariamos um ao outro se ficassemos mais de meia hora juntos.

Vou até a mesa e pego a sacola que ele deixou ali, abro e olho o que é, acho curioso ele nunca comprar macarrão, fico aliviado com isso também, mas não deixo de me perguntar o porquê disso. Ao lado tem outra sacola, abro ela e tem uma caixa com um bilhete por cima.

Achei que precisava de um.

Tiro a caixa e é um celular, realmente estava precisando de um já que não quero correr o risco de ligar o meu antigo.

Coloco a comida para esquentar, sento no balcão e começo a mexer no celular. A primeira coisa que faço é procurar notícias sobre mim, ainda estão me procurando, mas a última vez que divulgaram sobre o caso foi há cinco dias atrás, então as pessoas quase não estão falando sobre isso. Não tem nenhuma atualização sobre o caso do meu cliente, o processo está correndo em sigilo. Fecho o navegador e tento ligar para o NanFah.

- Alô?

-Oi, Fah, sou eu.

- Nam!

- Sim, como você está?

- Eu estou bem, Nam. Onde você está?

- Eu disse que estou com um amigo, é seguro aqui.

- Vamos embora, Nam, vamos deixar tudo para trás, a gente dá um jeito de te tirar do país, os Jungles podem te ajudar, eu posso te manter seguro!

- Não, eu vou resolver isso, logo tudo voltará ao normal. Esse é o meu novo número, não passa para ninguém, vamos manter contato, ok?

- Nam...

- Vai ficar tudo bem, Fah.

- Ok.

Eu desligo e ligo para o Hack.

- Hack, NanNam. Está acompanhando o meu caso?

- E aí cara, a situação não está nada boa.

- Você conseguiu encontrar ela?

- Não, nem ela nem a mãe, as duas sumiram, mas eu estou tentando agendar uma reunião com o seu cliente para fazer um acordo pra ele falar a verdade, vai ser o jeito mais fácil de te livrar dessa. Onde você está?

- Em um lugar seguro, esse é o meu novo número, se tiver novidades me avisa.

- Tudo bem, nós vamos dar um jeito, NanNam.

- Obrigado!

Adiciono os dois números na agenda e percebo que tem um terceiro número salvo, apago nome dele e escrevo Lobinho no lugar, então mando uma mensagem para ele.

N: Obrigado.

Pakorn

Olho para o NanFah encostado no estande de tiros conversando com a Jena, esse cara não existe, enquanto ele não apanhar das meninas ele não vai parar. Ele olha na minha direção e sorri, ele tem que parar de fazer isso, por isso o Win fica enchendo o saco.

A Jena coloca os abafadores e ele vem na minha direção.

- Você tem que parar de dar em cima das minhas alunas, NanFah.

- Porque, está com ciúmes? Eu posso dar em cima de você também, podemos repetir aquele beijo se você quiser.

Ele é muito estranho, queria entender porque dessa fixação por beijos.

- Nós não vamos fazer isso, se vai ficar por aqui vem me ajudar com o estoque.

Ele sorri e vem atrás de mim.

- Você gosta de homens, Pakorn?

- Não.

Ele suspira, então sorri.

- Você não precisa gostar de homens, pode só gostar de mim.

Eu só ignoro, acho que ele faz isso só para provocar.

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