Amigos

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Já era de manhã quando o sol iluminava as grandes lavouras de nova Primavera, as mães preparavam suas crianças pra escola e todos se apontavam pra ir pro trabalho.

Com Ramiro não era diferente, por mais que quisesse continuar em seu casebre dormindo sobre seu colchão duro seu relógio biológico não lhe permitia, já estava de pé desde o primeiro raiar do sol.

Fez um café preto e lavou bem o rosto tentando disfarçar os olhos inchados pelo choro contínuo do dia anterior.

Acima de toda sua vida pessoal estava Antônio La Selva, que com certeza não estava nem um pouco feliz pelo peão ter faltado ao trabalho no dia anterior.

Do outro lado da cidade Kelvin não estava muito melhor, derrotado, não tinha conseguido dormir nem por cinco minutos seguidos.

Seus olhos estavam doloridos e sua boca seca, sua alma parecia ter se corrido de seu corpo.

Toc toc*

- Kelvin cê tá melhor? - Luana pergunta do outro lado da porta, ela tentou entrar mas Kelvin sempre trancava.

-Tô! me deixa em paz...- O loiro falou de forma arrastada como se fosse uma criança fazendo birra.

- Só vim te avisar que você tem visita, pode deixar entrar?

- É o Ramiro?

- Não!

- Então eu não quero saber.

Nesse momento outra voz é ouvida, uma voz masculina que chamou a atenção de Kelvin mesmo não sendo aquela que ele tanto almejava ouvir.

- Kelvin... sou eu Jorge...eu te liguei ontem mas você não atendeu o dia todo, fiquei preocupado. - O homem fala encostado na porta, ele se sentia triste com a tristeza daquele baixinho.

Quando Jorge entrou no bar e perguntou por Kelvin Luana se apressou em contar os últimos acontecimentos, então, por saber como Kelvin devia estar sofrendo, decidiu ir consolá-lo.

-O que você quer aqui?! Você não fez estrago o suficiente na minha vida? - Kelvin fala alto o suficiente pra ele ouvir, mesmo sabendo que no fundo, não é culpa de Jorge, ele só quer feri-lo pra o fazer se afastar.

- Ótima tentativa de usar palavras duras mas você sabe que eu não vou sair daqui enquanto você não abrir né?- Jorge permaneceu firme em sua decisão, oque arrancou uma risadinha de Luana ao seu lado, que se despediu com um toque amigável no ombro e voltou ao bar.

Som de chave, maçaneta girando e porta abrindo.

Quando Kelvin vê Jorge em sua frente ele faz sua melhor cara degosto em uma tentativa fútil de fazer o outro desistir de tal visita.

- Caramba quando aquela moça...a Luana, me disse que você tava mal eu não imaginei que você tava só o caco nesse nível. - O maior entra e segue em direção da cama para se sentar enquanto Kelvin tranca a porta atrás de si novamente.

- Quer o que aqui? - O loiro pergunta sem a mínima paciência no momento, ainda permanecendo de pé e de braços cruzados.

- Grosso... bom você foi o único amigo que eu fiz aqui até agora, e já que você não me respondeu... cá estou.

- Bom... como você pode ver eu não tô legal, nossa brincadeirinha daquela noite me custou mais caro do que eu estava disposto a pagar. - Kelvin finalmente se cansa de fingir que está bravo e volta a sua nova tristeza habitual.

Ele caminha até a cama e se joga nela de bruços com Jorge à sua frente.

- Seu agroboy não gostou?

- Pior... ele odiou tanto que me beijou pela primeira vez, tudo bem que não foi um beijo foi só um selinho mas eu queria tanto...

- Gente... essa parte não me contaram, eu tô chocado, mas o que deu de tão errado pra você tá aqui destruído de tristeza e não destruído por ter transado a noite toda com o agroboy musculoso? - Jorge pergunta realmente incrédulo enquanto tira os sapatos e sobe em cima da cama pra se sentar de frente pra Kelvin.

- Primeiro, por favor não fala do físico do Ramiro por que eu tenho ciúme...- Depois de receber um olhar julgador de Jorge ele continua.- Segundo que senti mais desespero do que amor no beijo dele sabe...tipo era como se eu pudesse ouvir em meus ouvidos ele dizendo um " tô te beijando por que não quero te perder" eu gosto de saber que ele não quer me perder mas é sempre assim, ele me abandona e no dia seguinte volta...sou eu quem sempre perde ele.

- Nossa ele faz isso mesmo com você?tipo eu entendo a parte da aceitação e tal, nós dois também passamos por isso inclusive, mas brincar com seus sentimentos sabendo que sempre que ele volta você perdoa...é cruel demais né?

- É... acho que sim...ele sabe que não vai me perder, eu já disse a ele um milhão de vezes, por isso eu queria que pelo menos nosso primeiro beijo fosse sobre amor e não sobre medo...

- Você deve tá cansado de lutar por ele né?

- Tô...tô sim, eu digo a mim mesmo o quanto eu mereço algo melhor, ou pelo menos voltar a não sentir nada por ninguém seria melhor que isso... mas toda hora ele volta pros meus pensamentos e isso me destrói de novo e de novo, já virou círculo vicioso, ele não é uma má pessoa...ele só não recebeu afeto o suficiente na vida.

Kelvin que agora já se encontrava sentado de frente pra Jorge sente seu corpo ser puxado na direção do outro, ele sente um abraço fraterno e uma carícia em suas costas.

- pensa positivo pelo menos você ganhou um amigo incrível que vai estar aqui pra te apoiar por duas semanas inteirinhas...

- obrigado de verdade.- Kelvin o abraça de volta.

Já é hora do almoço quando Jorge decide que quer que Kelvin o leve pra conhecer algum bom restaurante pra eles almoçarem.

O loiro, que estava relutante no começo, acabou comprando a ideia e se arrumou minimamente pro passeio.

Passear de carro o fez bem, o vento batendo em seu rosto enquanto eles passavam pela vegetação e estrada de terra era uma sensação muito boa.

Ambos param no restaurante que fica quase no final de nova Primavera, onde Kelvin nunca foi pois o lugar era caro, mas Jorge insistiu que esse almoço era por sua conta.

Os dois comeram e a todo tempo Jorge tentava fazer Kelvin se sentir melhor, fosse com alguma palavra de apoio, piada ou até mesmo concelhos.

No fim da tarde quando voltaram ao bar Kelvin estava melhor, não perfeitamente bem, mas visivelmente melhor do que estava pela manhã.

- Vai vir no bar hoje à noite? - Kelvin pergunta pela janela já do lado de fora do carro.

- Depende, vai ter oque de bom?

- Bom... as meninas deram a ideia de fazer um karaokê, a Nice não implicou com a ideia já que não envolve hum...- finge uma tosse pra imitar a voz da serva de Deus.- Promiscuidade e bebidas.

Ambos caem na gargalhada com a imitação nada fiel do loiro.

- Conte com a minha presença, eu vou cantar e você vai gravar, quero mandar indireta pro meu ex.

- Você tem o que 15 anos? Alguém tão bem resolvido assim ainda tá vivendo na internet em 2015?

- Faça o que eu digo não faça o que eu faço, até a noite baby. - Ele dá partida no carro e sai deixando Kelvin estático e rindo da situação.

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Hi, se você tá lendo esse capítulo é porque já tem a continuação dele postada então pode continuar

Ele tá no tamanho médio dos outros capítulos mas acho que vai parecer menor por que eu escolhi fazer um capítulo mais levinho pra aliviar a tristeza dos outros dois.

Ah eu queria dizer q tô muito feliz pelos 1.5k De views, obrigada de verdade, também tô amando o carinho que recebi nos comentários aqui e do Twitter beijinhos ❤

Our Feelings-KelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora