cartinha de amor

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Aquelas foram duas longas semanas.

Sempre que conseguia um tempinho Ramiro ia visitar Kelvin no hospital, mesmo que por poucos minutos, as vezes quando conseguia uma folga maior ia pra ter aulas já que Kelvin emburrado vivia reclamando de não ter nada pra fazer então obrigou Ramiro a aprender a ler e escrever enquanto estivesse ali.

E o maior sabia que aquilo também era bom pra ele, não só por que ler e escrever são habilidade essenciais pra qualquer ser humano, mas também por que seu coração chegava a errar uma batida sempre que seus olhos se cruzavam com os daquele loirinho durante as aulas.

Entre uma troca de sorrisos ou outra, eles davam selinhos apaixonados e riam das tentativas falhas de Ramiro escrever palavras com sua letra que mais pareciam rabiscos desconexos.

Kelvin finalmente recebe alta mas o médico lhe recomenda repouso e que continue fazendo terapia, desde que ele havia começado já se notava melhoras em seu humor, não estava mais sempre estressado ou chorando por qualquer mínima coisa como Ramiro se atrasar pra ir visita-lo.

Jorge e Mel, que haviam prolongado sua estadia na cidade por tempo indeterminado apenas pra cuidar de Kelvin, o pegam no hospital e levam até a pousada onde ele ficaria instalado num quarto ao lado deles pra facilitar os cuidados.

Uma semana se passou assim, Kelvin se sentia cansado com frequência pois os remédios pra dor prescritos pelo médico afetavam seu sono, então quando Ramiro chegava para visita-lo depois de um longo dia de trabalho quase sempre o loiro estava dormindo, e quando não estava pegava no sono logo em seguida.

- Ramiro eu tava aqui pensando numa coisa- Kelvin fala enquanto eles assistiam a um filme em sua cama.

Eles aproveitaram a folga de Ramiro pra tentar fazer coisas que eram de casal.

Mas embora Ramiro tivesse parado de esconder para a cidade inteira que eles estavam juntos, Kelvin considerava um absurdo eles nunca terem conversado sobre qual o nível de relacionamento deles.

- Que coisa Kevin?

- A gente é oque? - O loiro que antes estava deitado com as costas no peito do outro, se ajeita para olha-lo nos olhos.- Eu sei que você não gosta muito de rótulos, mas eu queria saber se agente tá ou não namorando sabe...

- Kevin...eu...

- você ainda tem dúvidas sobre nós?

- Não Kevin, é que... Eu tenho inté vergonha mai...

- Você tem vergonha da gente? - O loiro se levanta num pulo e para em pé no chão de frente pra cama.

- Não Kevin, ocê tá entendendo tudo errado, eu tinha vergonha antes, agora eu acho que num tenho mais, eu já te beijei na frente dum monte de gente num foi? Mai é que eu fiz uma coisa que num sei se ocê vai gostar muito não...

- Fala logo antes que eu perda a paciência ou morra de curiosidade. - Ele anda até a cama e se senta.

Ramiro bufa e se dá por vencido, Kelvin ia continuar interpretando suas palavras da maneira que bem entendesse enquanto ele não explicasse com clareza logo.

Então o peão tira do bolso um envelope, era pequeno e estava bem amassado, mas mesmo assim ele o entrega nas mãos do loiro que o observa confuso.

- Naquele dia ocê escreveu aquela carta de disculpa pra mim, então eu escrevi essa aqui procê, eu num sô bom nisso não, eu só escrevi umas palavra e tá tudo torto então num repara, mai...

Kelvin abre o envelope e para de prestar atenção em qualquer coisa que o homem estivesse falando naquele momento, afinal seu coração saltava em seu peito só de saber que aquele um metro e oitenta de pura fofura havia escrito uma cartinha de amor pra ele.

Our Feelings-KelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora