Our Feelings-Kelmiro

A viagem

Ainda no quarto de Kelvin chegava a hora da despedida, o sol raiou enquanto estavam no banho e o relógio marcava seis e meia, quando Ramiro se preparava pra ir embora ouve seu celular tocando.

- Kevin pega meu celular.- Ele estica a mão para que o loiro o entregasse o aparelho que estava ao seu lado na cama.

- Ihh quem é esse tal de Zeca aqui? Tô de olho viu Ramiro...- Kelvin brinca sabendo que Ramiro jamais cogitaria a ideia de traí-lo.

- Que tá de olho oque, é meu primo que mora na minha cidade, deve ser minha mãezinha querendo falar comigo. - Ele atende a chamada e coloca o telefone no ouvido.

- Zeca, bão?- Ele cumprimenta o homem porém não recebe o cumprimento de volta.- O que? Tá tá bom eu chego aí amanhã de noite, vô falar cum patrão e de tarde eu já saio daqui. - Ramiro desliga o telefone com choque estampado em seu rosto.

- Ramis... O que foi? Pra onde cê vai?

Ramiro caminha até Kelvin e senta ao seu lado na cama.

- É minha mãezinha Kevin... ela tá doente, eu preciso ir vê ela.- Ele abraça o homem à sua frente sem conseguir conter sua tristeza.

O peão não podia imaginar uma vida se Deus levasse sua mãezinha embora, ela era seu tudo, e tudo que ele fazia era por ela...

- Oh Ramis...vai ficar tudo bem, tenho certeza que cê vai cuidar muito bem dela viu...ela vai ficar boa e viver muito pra brincar com os netos e cozinhar almoço de família no domingo pra gente.- Kelvin o abraça de volta e esfrega suas costas o confortando, ele também não queria que sua sogra partisse sem ter a chance de conhecê-la.

Quando Ramiro se acalma já passam das oito da manhã, à essa altura todos do bar já haviam acordado e descido pra tomar café da manhã, Kelvin se oferece pra descer e pegar algo pra ele comer mas Ramiro nega, ele precisa ir logo pra pedir permissão ao doutor Antônio La Selva, para viajar até sua mãe.

Os dois descem enquanto Kelvin ainda tenta fazê-lo se sentir melhor e convence-lo comer pelo menos alguma coisa.

- O Ramiro dormiu aqui? - Berê é a primeira que nota a presença do homem no local.

- É e-eu...- Ele gagueja lembrando que não pensou em nenhuma desculpa boa o suficiente que justificasse aquilo.

- Pois é, o Ramiro tava reclamando que o Jorge quebrou ele todinho e que ele não conseguiria dirigir, então eu humildemente deixei ele dormir no chão do meu quarto. - Kelvin dá de ombros e caminha até o balcão do bar onde Zezinho lhe serve um copo de café preto.

- No chão? - Luana pergunta confusa afinal Kelvin só queria um desculpa pra colocar Ramiro em sua cama.

- É Luana, no chão, eu já falei que se quiser dormir na minha caminha tem que primeiro querer alguma coisa comigo, tá pensando que eu sou qualquer um?

Kelvin definitivamente era ótimo em inventar desculpas de última hora, pensa Ramiro, mas ele guarda essa informação pra si.

- Então eu já vô.

- Se você quiser companhia na viajem é só passar aqui que eu vou com você viu. - Kelvin sugere a possibilidade.

-Você vai viajar Ramiro? - Luana indaga.

- Vô, tenho que visitar minha mãe noutra cidade.

A ideia de levar Kelvin junto até passa pela cabeça de Ramiro, afinal que mal teria em dois amigos viajando juntos, seriam longas horas e seria bom ter companhia.

Mas Nice logo se pronúncia contra, afinal Kelvin ainda era funcionário do local e não podia se dar ao luxo de fazer viagens e largar o trabalho assim do nada.